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CPAD Adultos – 4º Trimestre de 2017 – 12/11/2017 – Lição 7: A salvação pela graça

07/11/2017

Este post é assinado por: Pastor Eliel Goulart

Texto Áureo

  • “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida.” – Romanos 5.18

Verdade Prática

  • A nossa salvação é fruto único e exclusivo da graça de Deus.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

  • Romanos 5.6 a 10, 15, 17, 18, 20; 11.6
    5.6 Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.
    7 Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer.
    8 Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.
    9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.
    10 Porque, se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.
    15 Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos.
    17 Porque, se, pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça e do dom da justiça reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.
    18 Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida.
    20 Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça;
  • 11. 6 Mas, se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça.

INTRODUÇÃO
Comentário do Blog

Paz do Senhor!

O tema central da Reforma foi sola gratia ( no latim, o ´t´ tem som de ´c´). A Reforma propôs cinco solas, sintetizando a rejeição aos ensinamentos da igreja católica: Sola fide  – somente a fé; Sola scriptura – somente a Escritura; Solus Christus – somente Cristo; Sola gratia – somente a graça; Soli Deo gloria – glória somente a Deus).

Esta expressão latina com seu significado de “Somente graça” ou “Graça somente”, contrapõe-se à doutrina do catolicismo romano de que as práticas de boas obras são necessárias à salvação dos homens.

Confiar nos méritos humanos próprios e, ao mesmo tempo, confiar na graça de Deus, é inconciliável. Porém, esta é a doutrina católica, denominada como sinergismo. Ao contrário disso, a Reforma prega que o pecador é salvo pela graça de Deus somente. Nada que o pecador fizer pode trazer-lhe merecimento para obter a salvação. Toda contribuição que alguém pode dar para sua própria salvação é recebê-la pela fé.

A concessão da lei a Israel mostrou a graça de Deus. Romanos 9. 4 e 5 – “Que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas; dos quais são os pais, e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém!”

Mais do que ser uma simples lista de obrigações legais oferecendo salvação ao israelita, em troca de seu cumprimento perfeito, a lei expressa o caminho para o judeu manter elevado relacionamento com Deus.

Os sacerdócios, os sacrifícios, as festas, o ritual todo que a Lei de Deus impôs sobre Israel tinha o objetivo de demonstrar a santidade do Senhor e a imperfeição do homem. Por isso que os pecados de Israel no deserto estão registrados e incluídos na Lei de Moisés ( os cinco primeiros livros ).

Observemos o Salmo 51, de Davi.

Davi está arrependido e lamentando os seus pecados horríveis: adultério e homicídio. Pela Lei, conforme Levítico 20.10 – “Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera.” – Davi deveria ser condenado à morte. Tal sentença foi desviada dele. Deus lhe mostrou favor imerecido, ilustrando assim a lei e a graça operando no Antigo Testamento.

Davi arrependeu-se, após reconhecer os seus pecados – II Reis capítulo 11. A atitude de mente e de coração que mais guerreia contra o arrependimento são a justiça própria e a excessiva boa opinião que temos de nós mesmos.

No Salmo 51 Davi reconhece que nem sacrifícios de animais poderiam cobrir sua culpa – “Porque não te comprazes em sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos.” – versículo 16. Ele expressa sua plena dependência de Deus e de Sua misericórdia e perdão gracioso – Versículos 1 a 3 – “Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias. Lava-me completamente da minha iniquidade e purifica-me do meu pecado. Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim.”

Davi compreendia que nenhuma obra feita por ele mudaria o fato da comunhão perdida.

Ora, perdão e restauração são ações de Deus. A Lei não oferece reconciliação aos arrependidos. E nem salvação. Tão somente limita-se a orientações sobre a vontade de Deus. Davi reconheceu que somente Deus o poderia purificar e esta purificação somente Deus a poderia aplicar – versículo 2 – “Lava-me completamente da minha iniquidade e purifica-me do meu pecado.” – versículo 7 – “Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve.” – versículo 9 – “Esconde a tua face dos meus pecados e apaga todas as minhas transgressões.”

Mas, Davi não teria reconhecido a culpa de seu pecado, se o profeta Natã, com sua autoridade profética, não o revelasse – II Samuel capítulo 12.1 a 15. Sua confissão se deu após a revelação profética. Da mesma forma age a Lei, revelando a vontade de Deus e apontando as ofensas.

A Lei apresentou duas verdades:

1 – confrontou ao povo de Israel;

2 – chamou o povo de Israel para ter paz com Deus.

  • Miquéias 7.9 – “Tornará a apiedar-se de nós, subjugará as nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar.”
  • Jeremias 31.34 – “Porque perdoarei a sua maldade e nunca mais me lembrarei dos seus pecados.”
  • Isaías 44.22 – “Desfaço as tuas transgressões como a névoa, e os teus pecados, como a nuvem; torna-te para mim, porque eu te remi.”

Porém, como bem escreveu Jonathan Edwards em seu comentário sobre a justiça do castigo eterno dos pecadores –  “A Justiça de Deus na Condenação dos Pecadores” –

“Nossa obrigação de amar, honrar e obedecer a qualquer ser é proporcional a seu amor, honra e autoridade. Mas Deus é um Ser infinitamente amoroso, infinitamente excelente e belo… Assim, o pecado contra Deus, sendo uma violação de obrigações infinitas, é um crime infinitamente culpável e, por isso, merecedor de castigo infinito…”

I Pedro 5.10 – “O Deus de toda a graça” derramou para nós a graça divina e inesgotável por Cristo Jesus. Esta é a grande mensagem de esperança para todos. A graça de Deus é a resposta Dele à nossa miserável necessidade.

I – LEI E GRAÇA

1. O propósito da Lei
Comentário do Blog

Uma das finalidades da Lei é revelar o pecado, fazer-nos sabedores de que somos pecadores, e conscientizar-nos de que necessitamos de salvação. Embora a Lei não tenha o poder de salvar, ela aponta-nos para o Salvador, que é Cristo, o Senhor. O poder de salvar é de Jesus Cristo. Além de apontar-nos o Salvador, a Lei tem também a finalidade de deter a ação pecaminosa e motivar-nos à busca da santidade.

A Lei é guia para conduzir-nos a Cristo, assim, portanto, “a lei é boa” – Iª Timóteo 1.8. Em Romanos 10.4 Paulo ensina: “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê.”

A expressão “o fim da lei” não está afirmando que, em Cristo, a Lei termina. A palavra “fim” é tradução do grego telos, definida como “finalidade”, “objetivo final”, “o propósito final”. Cristo é o que termina com as funções da Lei, substituindo-a.

“A Lei persegue um homem até este se refugiar em Cristo; então, a Lei diz: Descobriu o seu asilo. Não te incomodarei mais, agora és sábio e estás seguro.” ( Bengel).

Os propósitos da Lei podem ser resumidos no que segue:

  • 1 – Convencer-nos de que somos pecadores. Para tal, é necessário ter conhecimento do que seja pecado. Romanos 3.20 – “…pela lei vem o conhecimento do pecado”. Ela, então, revela-nos o tipo de pessoa que somos. A Lei expõe nossas faltas. Revela nossa condição espiritual diante de Deus. Romanos 7.7 – “…Mas eu não conheci o pecado senão pela lei.”  I João 3.4 – Almeida Revista e Atualizada – “…porque o pecado é a transgressão da lei.”
  • 2 – Manifesta o caráter santo de Deus. E ao conhecer a nossa condição miserável, contrapondo-se ao caráter santo de Deus, descobrimos também que Deus é amor, e a essência da lei de Deus é o amor. Deus não nos quer submissos à Sua santidade motivados pelo medo, mas atraídos pelo amor.
  • 3 – De induzir-nos à busca da santificação. Romanos 7.12 – “Assim, a lei é santa; e o mandamento, santo, justo e bom.” Ao concluir que a Lei é santa, Paulo responde à pergunta que começou a discussão no versículo 7. A Lei pertence a Deus e corresponde ao Seu caráter. A Lei é santa em seus objetivos. “A Lei brota e participa da santa natureza de Deus; tende apenas a promover a santidade e a conformidade com Deus e prescreve nosso dever para com Deus: adoração e serviço.” ( Comentário Bíblico de Benson ).
  • 4 – De conduzir-nos a Cristo. Este é o propósito principal. Gálatas 3.24 – “De maneira que a lei nos serviu de aio ( pedagogo, guia – anotação nossa ), para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos justificados.” A lei, ao conscientizar-nos de nossos pecados, mostrar-nos nossa condição miserável e de perdição, conduz-nos a buscar o perdão, reconciliação e comunhão com Cristo. A lei não salva. Não justifica a ninguém. Mas aponta-nos o Salvador e a Sua justiça. A lei nos conduz a Cristo. A fé nos justifica em Cristo.

2 – A Lei nos conduziu a Cristo
Comentário do Blog

  • Gálatas 3.24 – “De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos justificados.”

Aio – Paidagógos é o substantivo masculino grego definido como “pedagogo”, “guardião”, “guia”. ( Strong ).

R. N. Champlin – “A palavra aio no original grego é “pedagogo”, que significa “guia”, “auxiliar”. Essa palavra não significa aqui “mestre escola”, “tutor”, aquele que tinha a incumbência de educar uma criança. Pelo contrário, está em foco a ideia de um “auxiliar” ou “guardião”. Usualmente se tratava de um escravo, que cuidava da criança desde os seis aos dezesseis anos de idade. Tinha por tarefa disciplinar a criança, podendo corrigir as suas faltas por meios apropriados para a ocasião. Um dos seus deveres era o de acompanhar a criança para a escola, cuidando para que nenhum perigo a ameaçasse. Mas quando a criança atingia a idade apropriada, cessava a autoridade do “guardião”, e a criança não mais era responsável perante ele, e nem mais estava sujeita às suas exigências.”

A ideia, portanto, é de disciplina moral e não intelectual. É de formação de caráter da criança. Gálatas 4.3 – “Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo.” O propósito da lei era nos conduzir a Cristo. E isto a lei fez, tanto por seus preceitos, que nos mostrou a necessidade que temos da expiação, quanto por seus sacrifícios, oblações, purificações e outras cerimônias que nos apontaram para Ele.

E é através da fé que obtemos o benefício da promessa: “…para que, pela fé, fôssemos justificados.”

Gálatas 4.25 – “Mas, depois que a fé veio, já não estamos debaixo de aio.” A dispensação do Evangelho sendo plenamente revelada traz-nos a promulgação da lei da fé.

C. H. Spurgeon: “Atualmente, um professor de escola não é como a personagem que Paulo pretendia descrever. Paulo fala de um pedagogo, um ofício raramente visto entre os homens. Não era uma pessoa que oficiava como mestre numa escola e dava instruções na própria escola. Mas um escravo preparado para conduzir os meninos à escola, e cuidar deles, e ser uma espécie de supervisor geral deles. Tanto na escola quanto fora dela e em todos os momentos. Era costume que os filhos da nobreza grega e romana designassem sobre os meninos um escravo de confiança que os comandasse. Os meninos estavam inteiramente sujeitos a esses escravos. Assim o espírito era quebrado e a vivacidade restringida. Como regra, tais pedagogos eram muito severos e rigorosos. Eles usavam a vara livremente, para não dizer cruelmente, e a condição dos meninos, às vezes, não era melhor do que a escravidão. Os meninos – porque era suposto isso para o próprio bem deles – eram mantidos em contínuo medo. As suas recreações eram restritas. Seus passeios eram sob vigilância de pedagogos sombrios. Eles eram severamente mantidos em vigilância em todos os pontos, e disciplinados para as batalhas da vida. Agora, Paulo, tomando este pensamento, diz que a lei era nosso pedagogo, nosso guardião, nosso governante, nosso tutor, governando nossa vida, até Cristo chegar!”

Enfim, o ofício da lei, como nosso guardião e guia foi o de:

  • 1 – ensinar-nos nossas obrigações.
  • 2 – mostrar-nos nossos pecados.
  • 3 – desfazer nossas desculpas.
  • 4 – castigar nossas faltas.
  • 5 – acompanhar-nos em todas as atividades.

O ofício da lei terminou quando cremos em Jesus. Aí o pedagogo não nos incomoda mais. Alcançamos a maioridade em Cristo e o ofício da lei cessa:

  • 1 – porque Cristo cumpriu toda a lei.
  • 2 – porque a lei está escrita em nosso coração.
  • 3 – e tomamos posse de nossa herança em Cristo.

3 –  A graça revela que a Lei é imperfeita
Comentário do Blog

A graça é superior a lei.

C. I. Scofield escreveu sobre o contraste entre a lei e a graça:

4TCA2017L7a

4TCA2017L7b

4TCA2017L7c

(http://solascriptura-tt.org/SoteriologiaESantificacao/LeiEGracaContrastadas-Scofield.htm – às 23 : 19´ de 04 de novembro de 2017).

II – O FAVOR IMERECIDO DE DEUS

1. Superabundante graça
Comentário do Blog

  • Romanos 5.20 – “Mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça.”

Há duas forças poderosas que conflitam: o pecado e a graça.

As dores da humanidade vieram do pecado. A morte veio pelo pecado, e após a morte vem o juízo de condenação para os ímpios. Pelo pecado vieram as doenças, as tristezas, a morte e o inferno. O esforço humano nunca é a força para combater o pecado. O homem não tem armas próprias para eliminar seus pecados. O único poder contra o pecado é a graça: o favor livre de Deus, a generosidade imerecida do Criador a quem ofendemos, o bondoso perdão espontâneo de Deus a quem provocamos pelos nossos pecados.

Podemos até não ter conhecimento teológico sobre a Graça de Deus, mas devemos sentir, provar e experimentar as operações da Graça de Deus em nossa vida.

A superabundância da graça de Deus traz-nos pelo menos três bênçãos:

1 – Perdão – Efésios 1.7 – “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça.” Remissão – grego, aphesis – perdão completo, liberando alguém de uma obrigação ou dívida.  

Na Nova Versão Internacional – “Nele, temos a redenção através do seu sangue, o perdão dos pecados, de acordo com as riquezas da sua graça.”

O perdão pela graça está ilustrado perfeitamente com o filho pródigo diante de seu pai – Lucas 15. 11 a 32. Quem buscar a reconciliação, encontra a graça de Deus disposta a perdoar e ter paz com o pecador.

2 – Justificação – Romanos 3.24 – “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.”

Não há ouro ou prata suficientes neste mundo para quitar os nossos pecados. Como bem descreveu certo pregador: “Excessiva era a nossa culpa, demasiada a nossa dívida e intolerável a nossa transgressão.” E diante deste quadro desolador, o Senhor quis nos perdoar e justificar. Pôr-nos na posição de um justo, como um que nunca cometeu pecados. Como isso se deus? Pela graça!

3 – Salvação – Efésios 2.8 – “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.”

A maior manifestação da graça de Deus na nossa vida se dá pela salvação de nossa alma. A graça superabundou em nós e por nós, e assim nos foi provido a riqueza da salvação.

2. A fé e graça
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A fé não é um salto no escuro, um ato de risco. Fé é a plena confiança em Deus, firmada e confirmada pela Sua Palavra. Fé é crer que o que Deus falou é verdade! E por ela nós somos salvos.

A definição bíblica de fé é a melhor e superior a quaisquer outras – Hebreus 11.1 – “Ora, a fé é a certeza de cousas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem.” Em I Timóteo 3.9, o apóstolo Paulo a chama de ‘mistério´ – “Conservando o mistério da fé com a consciência limpa.” Mistério é algo não revelado. Em termos de significado bíblico, mistério é algo privativo de Deus, que Ele revela sob Sua soberania, no tempo Dele e a quem Ele quer. A palavra mistério ocorre vinte e sete vezes no texto sagrado.

A fé se manifesta como:

1 – dom do Espírito Santo – I Coríntios 12.9 – “E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé.” Esta é aquela que opera sinais, milagres e várias maravilhas – Hebreus 2.4.

Sinais – grego semeion – marca, prova. São milagres didáticos com a finalidade de ensinar lições.

Milagres – grego dunamis – é a palavra geral e trata-se de atos e obras além da capacidade humana.

Maravilhas – grego tera – também traduzida por prodígios, entende-se como algo estranho que assombra o observador.

2 – fruto do Espírito Santo – Gálatas 5.22 – “Mas o fruto do Espírito é: …fé…” Esta é a fé que cresce – II Coríntios 10.15 – “crescendo a vossa fé” – e tem o sentido de fidelidade perseverante.  Em português são palavras distintas. Mas no grego pistis, traduzida normalmente por fé, define-se com a ideia de alguém persuadido a confiar continuamente e com perseverança.

3 – para a salvação – é a que nos interessa deter e comentar neste tópico. Efésios 2.8 – “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.” Ela abrange conhecimento da Palavra de Deus e confiança em Deus. Conhecimento que vem de ouvir, ler, estudar, aprender, conhecer a Palavra de Deus. E quanto mais conhecemos e nos aprofundamos em conhecer a Palavra de Deus, mais a fé aumenta. E ao aumentar a fé, o desejo de conhecer mais desta qual mina de riquezas preciosas que é a Palavra de Deus, aumenta também. É um ciclo que se processa por toda a vida do crente fiel. Confiança que se entrega plenamente à pessoa bendita do Senhor Jesus. Confiança que se entrega cada vez mais e deseja mais Dele para nossa vida.

A graça de Deus é que opera esta bênção mediante a fé do pecador. A fé opera para a aproximação de pecador com o Seu Salvador. Consciente de sua situação de perdição, arrependido e feita a confissão de que é um pecador, o homem crê e aceita a graça salvadora de Jesus Cristo.

Geziel Gomes: “Esta fé deve acompanhar o crente por toda a sua vida. Ela é indispensável, pois a salvação não para no momento em que a pessoa recebe o perdão. A salvação é um processo contínuo que se desenvolve à medida em que caminhamos rumo ao céu.”

3. A graça não é salvo conduto para pecar
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Figurativamente, salvo conduto é privilégio, isenção.

  • Gálatas 5.13 – “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis, então, da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pela caridade ( amor – anotação nossa ).”

Paulo escrevia desde a cidade de Corinto. Onde haviam irmãos com excessos sensuais. E então alerta que em nome da liberdade, não se dê ocasião à carnalidade, nutrindo e satisfazendo quaisquer princípios corruptos em nós mesmos.

Paulo está a dizer que os irmãos foram chamados à liberdade pelo Evangelho. Da escravidão das cerimônias mosaicas, e também do pecado e da miséria deste mundo, das quais estavam agora livres, mas então usassem da liberdade para melhor manifestar o seu amor ao próximo.

Para ilustrar o quão frutífero é o testemunho da graça de Deus na nossa vida, insiro aqui esta história de David Livingstone ( 1813 – 1873 ). Este missionário escocês foi o único menino batizado nas águas por todo um ano de sua pequena congregação. E ainda que o pastor dirigente tenha sido censurado pelo ministério, que o avaliou como improdutivo, aquele menino tornou-se missionário e o primeiro explorador europeu a adentrar o interior da África, empreendendo diversas expedições missionárias e catalogando as regiões geográficas que ele visitava e conhecia, como o primeiro homem branco a fazê-lo. Ele estudou Teologia e Medicina e tornou-se um missionário médico. Foi ele quem descobriu as Cataratas Vitória. Ele faleceu de disenteria e malária numa aldeia do interior da África, e os nativos o encontraram morto na posição ajoelhado, orando.

Ilustração – O pastor missionário David Livingstone queria, desde o centro da África, alcançar o litoral, anotando geograficamente o caminho do interior até o mar. Os nativos combinaram de levá-lo se ele prometesse que voltaria com eles para dentro do grande território africano. Ele se comprometeu nisso e, então, os nativos o acompanharam e empreenderam o longo caminho até o litoral. Tendo chegado, certo dia avistaram um navio inglês, que desembarcou na praia, e o capitão do navio, ao constatar tratar-se do missionário e explorador David Livingstone, propôs a ele que embarcasse consigo para a Inglaterra, pois já nesta altura, sua fama era divulgada por todo o Reino Unido. Mas, David Livingstone fizera o compromisso de voltar com os nativos para o interior da África. Avalie que ele estava a anos sem ir ao seu país natal. Seria oportunidade excelente seguir com o navio britânico. Mas, ele declinou da oferta, e voltou à aldeia, cumprindo assim a sua palavra. E ali veio a falecer, conforme registramos acima. Anos depois, outros missionários chegaram novamente à mesma aldeia. E pregaram a Cristo. E tentando expor a pessoa de Cristo numa linguagem que os africanos pudessem compreender melhor, descreveram a Cristo em Sua simplicidade, e bondoso, amoroso, sofredor, que compreendia os nossos sofrimentos e outras virtudes. Os mais idosos da aldeia logo disseram: “Este homem morou aqui!” Claro que os missionários se surpreenderam, e se esforçaram a explicar-lhes que isso era impossível. Porém, os idosos da aldeia insistiram: “Este homem morou aqui!” Investigando cuidadosamente, entenderam: eles se referiam a David Livingstone! Viveu a graça de Deus de maneira tão frutífera entre eles, que os idosos que o conheceram, testemunharam que viram Cristo nele! Aleluia – João 20.21 – “Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós.”

Como bem escreveu o comentarista pastor Claiton Pommerening, neste tópico específico: “Os que estão sob a liberdade da graça vivem a santidade que reflete a beleza de Cristo no homem interior, onde este se revela vivo para Deus, mas morto para o pecado.”

III – O ESCÂNDALO DA GRAÇA

1. Seria a graça injusta?
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  • Gálatas 2.16 – “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé de Cristo e não pelas obras da lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.”

A fé cristã não é irracional. Aspectos fundamentais da fé cristã devem ser conhecidos dos crentes. Colossenses 1.9 cita a “inteligência espiritual”. A fé cristã é uma fé inteligente. “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei”, ou seja, Paulo e Pedro sabiam disso. Paulo está citando um princípio geral. A lei requer obediência perfeita e sem pecado. A lei acusa, retém a culpa, julga e condena à morte à mínima transgressão. O Evangelho revela esta verdade claramente.

Por “obras da lei” inclui-se tanto a lei cerimonial quanto, principalmente, a moral. Pois dificilmente se cogita que os homens contra os quais o apóstolo Paulo se opõe, poderiam sonhar com a justificação pelo cumprimento dos rituais da lei cerimonial, se eles acreditassem que não poderia haver justificação por sua obediência à lei moral.

Paulo utiliza um verbo aqui – dikaioo – é característico de Paulo. Na teologia paulina, justo é o homem aprovado aos olhos de Deus. Esta é uma palavra que no grego é forense, processual. A questão discutida por Paulo é a maneira pela qual o indivíduo alcançaria uma posição de justo diante de Deus. A justificação está ligada ao meio divinamente providenciado para o homem obter livramento da condenação. E está incluída aqui a reconciliação e a restauração. A justificação é mais do que uma simples absolvição jurídica. “Obras da lei” é a tentativa de alcançar o padrão legal de Deus, com os esforços próprios. Paulo afirma categoricamente que não há justificação através da observância de qualquer código legal. Gálatas 3.16 respondeu e esclarece: “…nós temos crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé de Cristo e não pelas obras da lei.”

O crente é uma pessoa justificada pela fé em Cristo Jesus. Não depende de obras da lei: faça isso ou não faça aquilo.

  • João 6.28 e 29 – “Disseram-lhe, pois: Que faremos para executarmos as obras de Deus? Jesus respondeu e disse-lhes: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que ele enviou.”

Martinho Lutero escreveu a definição de um cristão: “Um cristão não é aquele que não tem pecado, mas aquele a quem Deus não imputa pecado, através da fé em Cristo. Esta doutrina traz grande consolo às consciências aflitas em terrores íntimos. Quando a lei acusa e o pecado aterroriza, o cristão olha para Cristo, e pela fé O aceita, pois Ele é quem é o conquistador da lei, do pecado, da morte e do diabo. É Cristo quem reina e está entronizado no cristão, para que estes não possam feri-lo. Portanto, o cristão é um homem livre de todas as leis e não está submisso a nenhuma criatura. O cristão com a consciência adornada e embelezada com esta fé, grande e inestimável tesouro… a fé, presente indescritível pois nos faz filhos e herdeiros de Deus. Por este tal presente, o cristão é maior do que o mundo inteiro; por este presente em seu coração, ainda que pareça pequeno, é maior do que o céu e a terra, pois Cristo, que é esta dádiva, é maior!”

2. A divina graça incompreendida

3. Se deixar presentear pela graça
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Há dois extremos quanto a nossa posição diante da graça de Deus:

  • ( 1 )  – libertinagem;
  • ( 2 ) – legalismo.

O primeiro extremo, a libertinagem, ou seja, o abuso da graça, é inconcebível e fora de questão. O cristão, quando creu em Cristo, passa por uma experiência tão radical, chamada de novo nascimento, que põe fim na vida pecaminosa. A fé em Cristo é inconsistente com a continuidade do pecado na vida do crente. O crente morre para os seus pecados e passa a viver a santidade de Deus.

Há a “vida no pecado” e a “vida em Deus”. Até o mundano percebe a diferença, ainda que seja incapaz de entendê-la.

No livro de Ester, capítulo 3 e versículo 8, o maldoso Hamã percebeu a diferença, apesar de não ter entendido: “E Hamã disse ao rei Assuero: Existe espalhado e dividido entre os povos em todas as províncias do teu reino um povo cujas leis são diferentes das leis de todos os povos…”.

O segundo extremo – legalismo – diz que é impossível receber tão valioso presente e, portanto, o homem deve fazer algo para o merecer.

Contra este segundo extremo, vejamos a graça de Deus na vida de Gideão:

Juízes 6.1 a 24 narra-nos o chamado de Deus a Gideão para libertar o Seu povo dos exércitos dos midianitas. Por anos, Israel vinha de derrotas desoladoras. A resposta de Gideão ao chamado de Deus, no versículo 13, expõe sua incredulidade inicial:

  • “Ai, senhor meu, se o Senhor é conosco, por que tudo isto nos sucedeu? E que é feito das maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito? Porém, agora, o Senhor nos desamparou e nos deu na mão dos midianitas.”

Até mesmo após o Senhor o encorajar e prometer estar com ele, Gideão ainda respondeu – versículo 15: “Ai, Senhor meu, com que livrarei a Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu, o menor na casa de meu pai.”

Observe que foi a graça que fez a diferença!

Na salvação, não somente é revelada o favor imerecido de Deus, no fato de que recebemos o perdão, reconciliação e restauração com Ele, ainda que não o mereçamos, mas também recebemos o poder que nos dá a capacidade que vem de Deus para sermos transformados. II Coríntios 3.5 – “A nossa capacidade vem de Deus.”

  • II Coríntios 5.17 – “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.”

Esta capacidade é-nos dada sem nenhum merecimento de nossa parte.

Gideão salvou a Israel pela capacidade vinda de Deus. E apenas com um pequeno grupo de homens! Apesar de seus medos e real incapacidade humana, a graça de Deus fez a diferença!

Aleluia! Quanto à graça de Deus na nossa vida, temos uma promessa e uma certeza:

  • 1 – Promessa – “Cheguemos, pois, com confiança ao trono de graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.” – Hebreus 4.16.
  • 2 – Certeza – “E Deus é poderoso para tornar abundante em vós toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, toda suficiência, superabundeis em toda boa obra.” – II Coríntios 9.8.

CONCLUSÃO
Comentário do Blog

Ilustração – Conta-se que o pregador Dwight Lyman Moody ( 1837 – 1899 ), esforçando por ensinar à congregação reunida sobre a graça de Deus, a certa altura de sua ministração, tirou de seu pulso o relógio de ouro maciço que lhe fora presenteado, e estendendo-o diante de si, perguntou quem queria o relógio como presente gratuitamente. Ninguém se moveu de seu lugar. Muitos sorriam gentilmente e balançavam a cabeça, num sinal de que entenderam a ilustração: a graça de Deus é um presente de valor inestimável que o homem não merece. Mas… uma criança, assentada nos primeiros bancos junto a seus pais, levantou-se repentinamente indo em direção ao púlpito, pegou para si o relógio de ouro maciço e voltou ao seu lugar. Terminada a reunião, seus pais abordam ao pregador Moody, com o relógio nas mãos e tenta devolvê-lo, pedindo desculpas pelo gesto da criança, pois eles entenderam que se tratava de ilustração. Porém, Moody recusou-se a receber de volta o relógio tão precioso. Respondeu aos pais: a criança foi a única da congregação que creu na palavra dele, ou seja, que ele estava a dar de graça o valioso relógio. Portanto, o menino foi o único que entendeu a graça de Deus…

No mais Deus proverá!

Pastor Eliel Goulart

Postado por ebd-comentada


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