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08/06/2022
“Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso”. – Lucas 6.36
Quando julgamos as pessoas, nos colocamos em uma posição que não compete a nós, seres imperfeitos e falhos.
Mateus 7.1-6
1 – Não julgueis, para que não sejais julgados.
2 – porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.
3 – E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu olho?
4 – Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu?
5 – Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão.
6 – Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas; para que não as pisem e, voltando-se, vos despedacem.
A paz do Senhor!
Todos os versículos citados são da Almeida Revista e Corrigida. Quando de outra versão, a mesma é mencionada.
Na continuidade das lições do Sermão do Monte, aprenderemos, na quarta seção deste Sermão, ou seja, no capítulo 7 do Evangelho de Mateus, sobre o juízo que o discípulo de Jesus faz em relação ao próximo.
Ainda que participando pela fé de tantas bênçãos que seguem a salvação em Cristo Jesus, o mandamento do Senhor Jesus é simples: a fé que uma vez nos foi dada, a bondade de Deus que nos conduz ao arrependimento, o perdão dos pecados, a segurança da salvação, a alegria de ter o nome escrito no Livro da Vida e a esperança da vida eterna. Ainda assim, participando de tão ricas bênçãos, a verdade é que estamos no processo gradual da santificação. Ainda que vivendo na esfera da perfeição, nós não a alcançamos.
Diante disso, portanto, o mandamento do Senhor Jesus é simples: Lucas 6.36 – “Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso”.
Esta misericórdia tem sua sede no coração do crente. É uma qualidade que nos relaciona com o Pai Celeste: “…como também vosso Pai é misericordioso”. A misericórdia se manifesta para o mais fraco e em miséria espiritual. Inclusive para com os nossos inimigos. Em que se fundamenta esta ordem do Senhor Jesus de que sejamos misericordiosos? O fundamento é inabalável porque é uma ordem divina. Porque nós temos necessidade diária das misericórdias divinas. Porque Cristo é o modelo perfeito de misericórdia e, se somos seus discípulos, andaremos como Ele andou. E relembramos, ao final, que ser misericordioso que é a condição para obtermos misericórdia – Mateus 5.7: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia”.
Mateus 7.1: “Não julgueis, para que não sejais julgados”.
Afinal, o crente não deve julgar a ninguém? Não se pode, então, ter a disciplina eclesiástica, a disciplina na vida da Igreja?
Sim, o crente pode julgar.
O Senhor Jesus não se contradisse quando, em várias ocasiões, emitiu julgamentos:
“Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Vocês fecham o Reino dos céus diante dos homens! Vocês mesmos não entram, nem deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo” – Mateus 23.13.
“Guias cegos! Vocês coam um mosquito e engolem um camelo” – Mateus 23.24.
“Não dêem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos; caso contrário, estes as pisarão e, aqueles, voltando-se contra vocês, os despedaçarão” – Mateus 7.6.
Estes versículos são apenas uma amostra de vários juízos proferidos por Jesus. Além destes, podemos citar outros, como os ais pronunciados contra Corazim, Betsaida e Cafarnaum – Lucas 10.13-15 – e a declaração de Cristo a vários judeus que haviam crido nele, dizendo que eles eram filhos do diabo – João 8.44.
Portanto, observe que é falso o argumento de que, baseado no ensino e modelo de vida do Senhor Jesus, o cristão não pode julgar a ninguém.
Porém, há o argumento de que o Senhor Jesus, por ser verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus, seria o único com o direito de julgar aos outros, haja vista que nunca julgaria erradamente, equivocado ou com imprecisão.
Mas, apesar de nossas limitações e finitude humanas, o ensino dos apóstolos nos diz claramente que devemos emitir juízos em algumas situações. Vejamos o apóstolo Paulo julgando:
“Eu, na verdade, ainda que ausente no corpo, mas presente no espírito, já determinei, como se estivesse presente, que o que tal ato praticou, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, juntos vós e o meu espírito, pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo, seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no Dia do Senhor” – I Coríntios 5.3 a 5.
E em Iª Coríntios 5.11, Paulo orientou que não devemos nos associar e nem mesmo comer junto com qualquer que cristão diz ser e seja imoral, avarento, idólatra, caluniador, alcoólatra ou ladrão. Paulo julgou a obreiros desleais, chamando-os de fraudulentos, falsos, enganadores e fingidos – II Coríntios 11.13. Ouça o que o apóstolo Pedro escreveu em II Pedro 2.13 e 14, quando chamou alguns mestres de falsos e insensatos: “São uma vergonha e uma mancha no meio de vocês, e os enganam, vivendo em pecado repugnante por um lado, enquanto pelo outro juntam-se a vocês em suas festas fraternais, como se fossem homens sinceros. Mulher nenhuma pode escapar aos seus olhares pecaminosos e eles nunca se fartam do adultério”. E termina o versículo dizendo que são gananciosos, condenados e malditos.
Ainda citemos o julgamento que o apóstolo João escreveu – II João versículos 7, 9 a 11:
“Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo. Todo aquele que prevarica e não persevera na doutrina de Cristo não tem a Deus […] Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras”.
Paulo, Pedro e João, estes três apóstolos, julgaram as pessoas em seu tempo. Até porque é impossível cumprir alguns mandamentos sem que algumas pessoas sejam avaliadas. Paulo disse para não nos associarmos com quem se diz cristão, mas é imoral, por exemplo. Para o crente obedecer a este mandamento, precisa julgar a conduta e o testemunho daquele que cristão diz ser. Quando convidamos obreiro para pregar em nossos púlpitos, examinamos a vida e a doutrina que ele prega, pois, para proteção da igreja, dar oportunidade a um escandaloso ou que prega heresias, resultará em muitas perturbações à congregação.
Então, a questão essencial é como julgar! Vamos ao próximo subtópico, para responder esta pergunta.
Mateus 7.1: “Não julgueis, para que não sejais julgados”.
Este mandamento refere-se ao julgamento precipitado, repreensível e injusto. Cristo não condenou o julgamento do magistrado, pois isto, quando segundo o Direito, é legal, lícito e necessário na sociedade. Nem, por outro lado, o Senhor Jesus não condenou o ´ter opinião´ sobre a conduta do próximo. Até porque é impossível não formar uma opinião sobre uma conduta que sabemos ser má. O que o Senhor Jesus condena é o julgamento apressado, duro e sem critério, motivado por sentimentos inferiores, por exemplo, por implicância. Condenou aquela precipitação de expressarmos opinião duríssima sobre alguém.
O admirável comentarista bíblico, Matthew Henry (1662-1714) ensina-nos sobre este versículo de Mateus 7.1, que devemos julgar a nós mesmos e julgar nossos próprios atos, mas não fazer da nossa palavra uma lei para todos. Ou seja, não devemos julgar sem fundamento. E, sobretudo, que o fundamento de nosso julgamento seja bíblico.
Antes de pronunciar julgamentos, é prudente e a sabedoria clama a darmos oportunidade de ouvir o outro lado, não julgar a um de tal maneira mais dura, porque não gostamos de alguma coisa dele e julgar a outro de outra maneira, porque é nosso parente, ou somos simpáticos a ele, ou pior ainda, por interesse egoísta. Nem tampouco, conforme manda Êxodo 23.1, não devemos espalhar falsos rumores, espalhar boatos ou cooperar com alguém, sendo falsa testemunha. Levítico 19.16 manda: “Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo”.
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Equipe EBD Comentada
Postado por ebd-comentada
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