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16/07/2020
Este post é assinado por Cláudio Roberto de Souza
Joel 2:1,13,15-17,28-31
1 Tocai a buzina em Sião e clamai em alta voz no monte da minha santidade; perturbem-se todos os moradores da terra, porque o dia do SENHOR vem, ele está perto;
13 E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR, vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em beneficência e se arrepende do mal.
15 Tocai a buzina em Sião, santificai um jejum, proclamai um dia de proibição.
16 Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai os filhinhos e os que mamam; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva, do seu tálamo.
17 Chorem os sacerdotes, ministros do SENHOR, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa o teu povo, ó SENHOR, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que as nações façam escárnio dele; porque diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?
28 E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões.
29 E também sobre os servos e sobre as servas, naqueles dias, derramarei o meu Espírito.
30 E mostrarei prodígios no céu e na terra, sangue, e fogo, e colunas de fumaça.
31 O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR. (ARC)
Joel 2:32
32 E há de ser que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como o SENHOR tem dito, e nos restantes que o SENHOR chamar. (ARC)
Paz seja convosco nobres companheiros(as) do ministério do Ensino.
O segundo livro disposto na divisão dos Profetas Menores é o livro do profeta Joel, filho de Petuel (Jl 1.1). Joel significa “O Senhor é Deus”. Seu nome é uma confissão de fé que expressa duas verdades benditas. A primeira delas é a singularidade da pessoa de Deus. Não há vários deuses!
Estudiosos acreditam que muito provavelmente, Joel tenha feito parte da casta sacerdotal, haja vista que em seu livro, há muitas citações referentes a anciãos (Jl 1.2,14; 2.16) e sacerdotes que ministravam no templo (Jl 1.9,13; 2.17).
Joel é o profeta que anteviu o derramamento do Espírito Santo no Dia de Pentecoste, e por essa razão tornou-se o mais familiar para os cristãos da Nova Aliança.
O ponto de partida da mensagem do profeta Joel é a terrível praga de gafanhotos e a seca que arrasaram a terra de Judá. Para o profeta, essas desgraças são sinais do dia em que Deus julgará os povos de todas as nações e castigará os pecadores.
O profeta apela aos israelitas para que se arrependam e voltem para Deus, que assim os abençoará e lhes dará de novo tudo o que os gafanhotos e a seca destruíram. Mais uma vez o povo será próspero e feliz, e em Jerusalém Deus habitará com eles.
Norman Russell Champlin destaca que Joel escreveu uma obra-prima poética, falando sobre a devastadora praga de gafanhotos que havia assolado a Palestina. Todavia, seu poema profético envolve quatro mensagens centrais. Além da espantosa devastação produzida pelos gafanhotos (símbolo da ira divina, além de poder predizer outros juízos divinos), Joel também falou sobre a frutificação renovada da terra, sob a condição de arrependimento; O dom do Espírito, nos últimos dias; e o julgamento final das nações que tinham perseguido ou causado danos à nação de Israel.
A datação do livro não possui unanimidade entre os eruditos. As datas atribuídas ao livro de Joel variam muito. Alguns o situam pouco depois da divisão de Israel em dois reinos: Israel e Judá, ou seja, algum tempo depois de 932 a.C. Outros pensam que Joel escreveu no tempo de Malaquias, em cerca de 400 a.C., ou mesmo mais tarde. Se a praga de gafanhotos teve por intuito advertir, metaforicamente, sobre as invasões assíria e babilônica, com os subsequentes dois cativeiros, então o livro é de origem pré-exílica, talvez nos dias de Joás, rei de Judá, que reinou em cerca de 835—832 a.C.
Os estudiosos conservadores veem sentidos escatológicos ainda mais profundos em seus escritos, afirmando que eles se aplicam ao final da nossa dispensação. De fato, o esquema profético de Joel é o mais completo do Antigo Testamento, embora o autor nos apresente esse esquema em largas pinceladas. Só o Novo Testamento vai mais longe na abrangência de sua visão.
Champlin conclui dizendo que naturalmente, em um livro pequeno como o de Joel, não há detalhes, que os demais livros proféticos se encarregam de preencher. Não foi à toa que Pedro, no primeiro sermão da igreja cristã, tenha citado diretamente somente Joel e Davi (At 2.14-36)!
Recentemente (junho de 2020) fomos alertados sobre uma praga de gafanhotos que se aproxima do Brasil. Leiamos:
“Segundo o pesquisador da Embrapa Adeney Bueno, a nuvem de gafanhotos pode gerar danos severos ao Brasil. Segundo a Embrapa, estes insetos migratórios que estão em grande quantidade podem causar desfolhas nas plantas e, dependendo da quantidade, podem gerar 100% de perdas em lavouras. “O que tiver verde na frente eles comem. Mato, lavoura, milho, pastagem, o que tiver a frente.”
Ele enfatiza ainda que caso o surto realmente chegue em lavouras do Brasil, é esperado que os danos sejam severos já que a praga possui difícil controle. “Por se moverem rapidamente e em grande quantidade, não se permite uma resposta rápido do produtos, o controle químico é geralmente difícil porque o produtor nem tem tempo.””
O profeta Joel relatou a praga devastadora de gafanhotos que assolou as terras do povo de Deus por volta de 2800 anos atrás!
Grandes pragas de gafanhotos ocorriam periodicamente, no Oriente Próximo, até onde a história é capaz de registrar, pelo que é impossível identificar qualquer praga particular, como aquela mencionada por Joel.
Para tentar entender e explicar a praga de gafanhotos registrada por Joel, a maioria dos livros e comentários recorre à praga de gafanhotos de 1915, ocorrida em Jerusalém, e assim são capazes de fazer uma descrição vivida do que deve ter acontecido nos dias de Joel.
“Antes de os gafanhotos chegarem, as pessoas ouviram um barulho alto produzido pelo agitar de miríades de asas, semelhante ao ribombo distante das ondas (Ap 9.9). De repente, o sol escureceu. Os seus excrementos, semelhantes aos dos ratos, caíam como chuva grossa e forte. Às vezes, eles se elevavam a dezenas de metros; outras vezes, voavam bastante baixo, alguns dos quais pousavam.
“Pelo menos em Jerusalém”, disse o Sr. Whiting, “eles vinham sempre do nordeste e iam em direção sudoeste, a fim de estabelecer a precisão do relato de Joel em 2.20.” Toneladas de gafanhotos foram capturados e enterrados vivos; muitos foram lançados em poços ou no mar Mediterrâneo, e quando as ondas os traziam à praia, eram juntados, secos e usados como combustível em banhos turcos. […]
O Sr. Aaronsohn, outra testemunha da praga de 1915, afirma que em menos de dois meses depois que apareceram, os gafanhotos tinham devorado toda folha verde e descascado os troncos das árvores, os quais ficaram brancos e sem vida, como esqueletos. Os campos, diz ele, foram pelados até ao solo. Até os bebês árabes deixados por suas mães à sombra de alguma árvore, tiveram o rosto devorado antes que os gritos fossem ouvidos. Os nativos aceitaram a praga como julgamento justo por causa de sua maldade.”
Os dedicados estudiosos das profecias bíblicas acreditam que o primeiro período do livro de Joel, que traz a narrativa da invasão assoladora dos gafanhotos, descreve o retrato exato das invasões ocorridas nos termos de Israel pelos quatro impérios que se levantaram no mundo em sua ordem: Assíria (722 a.C.); Babilônia (596 a.C.); Grego (333 a.C.) e Romano (165 a.C.).
Champlin esclarece que os eruditos têm procurado combinar as interpretações literal e apocalíptica sobre os gafanhotos. O livro de Joel, de conformidade com Bewer, descrevia gafanhotos literais, mas um editor posterior os interpretou como exércitos escatológicos e agentes do julgamento. R. H. Pfeiffer vê insetos literais neste primeiro capítulo do livro, mas como criaturas apocalípticas em alguns elementos do capítulo 2.
John A. Thompson na Introdução ao livro de Joel afirma que é verdade que algumas frases escatológicas são usadas para apontar os julgamentos infligidos pelos gafanhotos, mas os próprio gafanhotos, no capítulo 2, podem ser interpretados como insetos literais, pintados com vívidas comparações e exageros poéticos. Mas note o leitor que bem no trecho de Joel 1.6 temos a ideia projetada de que uma nação invasora é retratada pelos gafanhotos invasores. Alguns estudiosos, entretanto, insistem que a palavra “povo” ali empregada significa os gafanhotos, e não um exército de homens.
O pastor Walter Brunelli observa que a praga dos gafanhotos narrada por Joel trouxe:
1 – Destruição da lavoura e consequentemente a miséria entre o povo, pois faltaria alimento – Joel faz questão de enfatizar que o que estava por vir seria algo inédito, inacreditável e terrível (Jl 1.2) – A falta dos grãos, cereais e afins significa a falta do sustento a vida!
2 – Aqueles que tinham por hábito se embriagar, não teria o vinho para tal (Jl 1.9) – A falta do vinho significa a falta de alegria!
3 – Até mesmo o pasto para os animais do campo seria devorado pelos gafanhotos (Jl 1.10-12,20) – A falta do pasto para os animais significa a falta da força para o trabalho!
4 – Os sacerdotes ficariam privados de ofertar ao Senhor nos cultos (Jl 1.9) – A falta da oferta para os sacrifício significa a falta da verdadeira espiritualidade!
Os gafanhotos destruíram as figueiras e videiras, e deixaram somente os troncos descascados e as trepadeiras. Até as cascas das árvores foram retalhadas, de forma que o dano não ficou limitado a um único ano.
A praga representaria, portanto, a justiça divina em ação contra os sucessivos e persistentes pecados do povo.
Principalmente para os crentes pentecostais, a promessa do derramamento do Espírito Santo profetizada por Joel é a maior inspiração do A.T.
O ação do Espírito Santo no passado estava restringida apenas a algumas pessoas com incumbências especiais. Desta forma, somente alguns poucos privilegiados gozavam de tais manifestações para exercícios específicos da obra divina. Leiamos:
Juízes 13:25
25 E o Espírito do SENHOR o começou a impelir de quando em quando para o campo de Dã, entre Zorá e Estaol. (ARC)
1 Samuel 10:10
10 E, chegando eles ao outeiro, eis que um rancho de profetas lhes saiu ao encontro; e o Espírito de Deus se apoderou dele, e profetizou no meio deles. (ARC)
1 Samuel 16:13
13 Então, Samuel tomou o vaso do azeite e ungiu-o no meio dos seus irmãos; e, desde aquele dia em diante, o Espírito do SENHOR se apoderou de Davi. Então, Samuel se levantou e se tornou a Ramá. (ARC)
Entre outros…
Porém, na Nova Aliança, o Espírito Santo é derramado indistintamente sobre todos os que creem na promessa (Jo 7.37-39), e assim, a Mariazinha, o Zezinho, o Joãozinho, a Aninha, todos podem receber o Espírito de Deus em suas vidas porque a promessa foi cumprida e é atual (At 2.1-4) – Aleluia!
A escatologia do profeta Joel passa da promessa da efusão do Espírito do Dia de Pentecostes (Jl 2.28-29 – já cumprida) para “o grande e terrível dia do Senhor.” (a cumprir). Leiamos:
Joel 2:31
31 O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR. (ARC)
A expressão de Joel sobre este tão terrível dia é bastante peculiar ao que disse o apóstolo João em Apocalipse 6.12-17 – A grande Tribulação).
Sobre Joel 2.31, Champlin explica que esta pequena seção fala sobre os julgamentos que deverão anteceder a era do Reino de Deus e farão parte do Dia do Senhor. Haverá temíveis fenômenos apocalípticos nos céus e na terra. Talvez esses sinais estejam relacionados à guerra, onde encontramos sangue, fogo e colunas de fumaça (Jl 2.30). O mais provável, porém, é que sejam acontecimentos sobrenaturais, conforme se vê no livro de Apocalipse, no N.T.
Os versículos 30-31 também são citados em Atos 2.19-20, mas ali Pedro não tenta interpretar as declarações (Jl 2.10; 3.15). Tais fenômenos significarão a condenação dos inimigos de Deus, mas serão medidas necessárias para assegurar o livramento de Seu povo (Mt 24.29-31; Mc 13.24-27; Lc 21.25-28).
O grande e terrível dia do Senhor se comporá, pelo menos em parte, de tais acontecimentos; mais do que isso ocorrerá, entretanto, durante o julgamento dos homens, por meio do rearranjo da ordem social, e poderosas obras haverá em favor dos remidos, ou seja, coisas pertinentes ao reino de Deus e a era eterna (Ml 4.5).
Oscar F. Reed afirma que a instrução dos sacerdotes foi: “Tocai a buzina em Sião e clamai em alta voz no monte da minha santidade.” (Jl 2.1). Sião é chamada “santo monte” (SI 2.6), porque ali o Senhor está no seu santuário, o Santo dos Santos. O toque da trombeta seria retransmitido a outras cidades até que todos os moradores da terra tremessem (ARA; ECA; NVI; BV; NTLH) por causa do dia do SENHOR que está perto (Jl 2.1).
“E o SENHOR levanta a sua voz” (Jl 2.11). Somente tal demonstração de poder, conforme descrevem os versículos 4 a 10, seria condizente com o “dia do Senhor.” O versículo 11 é parafraseado graficamente: “O Senhor comanda esse exército com um grito. Este é o seu poderoso exército e todos obedecem às suas ordens. O dia do julgamento do Senhor é uma coisa espantosa, terrível. Quem pode aguentar tudo isso?” (BV – Conferir Ap 6.17).
A proclamação de Joel de “o dia do Senhor” sugere a seguinte exposição, de acordo com a descrição do julgamento vindouro:
1) O dia do Senhor será um dia de escuridão (Jl 2.2);
2) O dia do Senhor será um dia de desolação (Jl 2.3);
3) O dia do Senhor será um dia de execução da Palavra de Deus (Jl 2.11).
Oscar Reed complementa dizendo que o ensino de Joel gira em torno do “dia de Jeová”. Nesse dia, durante certa conjuntura perigosa, o Senhor manifesta seu poder e majestade na destruição dos inimigos e na libertação daqueles que nele confiam. Sua abordagem é marcada por grandes calamidades e fenômenos extraordinários na esfera da Natureza. O caráter do dia, se é de terror ou de bênção, dependerá da atitude do coração e da vida do indivíduo em relação a Jeová.
Evangelista Cláudio Roberto de Souza
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