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27/03/2020
Este post é assinado por Cláudio Roberto de Souza
Gálatas 5:16-26
16 Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.
17 Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis.
18 Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.
19 Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia,
20 idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,
21 invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus.
22 Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
23 Contra essas coisas não há lei.
24 E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.
25 Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.
26 Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros. (ARC)
Mateus 12:33
33 Ou dizeis que a árvore é boa e o seu fruto, bom, ou dizeis que a árvore é má e o seu fruto, mau; porque pelo fruto se conhece a árvore. (ARC)
Paz seja convosco nobres companheiros(as) do ministério do Ensino.
Chegamos ao final de mais uma sequência de estudos bíblicos sobre o Espírito Santo. Neste último capítulo, abordaremos sobre o fruto do Espírito Santo na vida do cristão.
Tudo que tem vida deve produzir fruto. Este é o princípio da normalidade. Se está vivo, mas não frutifica, algo está errado.
No que tange a vida espiritual, ela segue este princípio – a produção de fruto.
Para que haja abundância na geração de fruto que nos torne semelhantes a Cristo e glorifique a Deus, precisamos ser cheios do Espírito. A relação é a seguinte: quanto mais plenos do Espírito Santo sermos, maior será o nosso desenvolvimento espiritual e por conseguinte, maior será a formação do fruto em nossas vidas.
Paulo disse aos Efésios:
Efésios 5:18
18 E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito, (ARC)
Warren W. Wiersbe afirma que a expressão: “enchei-vos do Espírito” é uma ordem divina em que se espera que obedeçamos. O verbo “encher” aparece no plural subentendo que se aplica a todos os cristãos (Paulo fala a igreja) e não para alguns poucos que foram escolhidos. O verbo também se apresenta no tempo presente cujo significado pode ser entendido como: “continuem enchendo-vos”. Portanto, trata-se de uma experiência que devemos provar constantemente e não apenas em determinadas ocasiões. O verbo também é passivo. Não enchemos a nós mesmos; antes, permitimos que o Espírito nos encha.
Na Bíblia, encher significa “ser controlado por”. “Todos na sinagoga, ouvindo estas coisas, se encheram de ira” (Lc 4:28), ou seja, “se deixaram controlar pela ira” e, por isso, tentaram matar Jesus. “Mas os judeus, vendo as multidões, tomaram-se de inveja” (At 13:45), isto é, controlados pela inveja, os judeus opuseram-se ao ministério de Paulo e Barnabé.
Portanto, ser “cheio do Espírito” é ser controlado todo o tempo pelo Espírito em nossa mente, em nossas emoções e em nossos desejos (intenções). Desta forma estaremos aptos a testemunharmos de Cristo para todos ao nosso redor, pois a eficácia do testemunho não será própria, mas especificamente do Espírito que em nós habita e por Ele somos governados.
Mas neste ponto alguém poderia perguntar: como uma pessoa pode saber se está cheia ou não do Espírito? Paulo afirma que há três evidências da plenitude do Espírito na vida do cristão:
Paulo não menciona milagres, línguas ou manifestações especiais como muitos equivocadamente pensa ser características de alguém cheio do Espírito Santo.
As manifestações desta plenitude espiritual se encontram interiorizada no cristão, moldando o seu caráter e aperfeiçoando o seu relacionamento com Deus, com o próximo e consigo mesmo.
Veremos adiante como se desenvolve tais relações utilizando o texto de Gálatas 5.22 que retrata o fruto espiritual.
Gálatas 5:22
22 Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. (ARC)
A premissa para que o cristão possa produzir o fruto do Espírito Santo é que ele esteja conectado a Cristo. É simplesmente impossível alguém frutificar separado de Cristo. O fruto do Espírito Santo exige vínculo com Jesus.
Para exemplificar esta união, Jesus contou uma importante parábola, leiamos:
João 15:1-8
1 Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.
2 Toda vara em mim que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.
3 Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.
4 Estai em mim, e eu, em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim.
5 Eu sou a videira, vós, as varas; quem está em mim, e eu nele, este dá muito fruto, porque sem mim nada podereis fazer.
6 Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.
7 Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.
8 Nisto é glorificado meu Pai: que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos. (ARC – grifo meu)
O termo “fruto” aparece cinco vezes nestes versículos expostos acima, mas sempre sob uma condição: “estar em Cristo”, mas a palavra-chave é “permanecer”, usada onze vezes em João 15:1-11 (“permaneça” em João 15:11).
“Permanecer” significa manter a comunhão com Cristo de modo que trabalhe em nossa vida e por meio dela, a fim de produzir frutos.
O ramo ligado em Cristo frutifica e o lavrador (o Pai), limpa, isto é, apara o ramo para que este venha produzir ainda mais (este processo simples é realizado por qualquer agricultor), no entanto, o ramo infrutífero, é retirado, isto é, desconectado da videira e lançado fora.
O ramo não é capaz de gerar a própria vida; antes, deve retirá-la da videira. É nossa comunhão com Cristo, por meio do Espírito, que nos permite dar frutos. Como ramos, temos o privilégio de compartilhar a vida de Jesus e a responsabilidade de permanecer nele.
Warren W. Wiersbe apresenta importante conceito sobre o fato de os ramos produzirem frutos. Leiamos:
“É preciso lembrar que os frutos não são consumidos pelos ramos, mas sim aproveitados por outros. Não se deve produzir frutos para agradar a si mesmos, mas para servir aos outros. Devemos ser o tipo de pessoa que “alimenta” os semelhantes com nossas palavras e com nossas obras. “Os lábios do justo apascentam a muitos” (Pv 10:21a).”
Jesus havia falado sobre a paz (Jo 14.27); agora, menciona o amor e a alegria (Jo 15.9-11). O amor, a alegria e a paz são os três primeiros “frutos” do Espírito citados em Gálatas 5.22. Neste estudo iremos abordar os demais.
Não ao acaso, o amor aparece elencado como o primeiro fruto do conjunto de virtudes que deva ser achado no crente em Jesus Cristo. Isto acontece porque este fruto deve nortear todos os demais. Trata-se de ser o principal. Todas as atitudes ou ações, isto é, tudo quanto fizermos deve ser regado e temperado com o amor, pois caso contrário, não terá nenhum valor (1Co 13).
Gálatas 5:22
22 Mas o fruto do Espírito é: amor, […] (ARC)
Este fruto é também traduzido por caridade em algumas traduções e vejamos o significado do termo “amor” no texto acima: oriundo do grego “ágape” que quer dizer: “amor fraterno, de irmão, afeição, boa vontade, amor, benevolência.
Por certo, este é o amor do próprio Deus que foi “derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5.5).
Trata-se de um amor pleno de sinceridade, de contribuição com o próximo. Um amor completamente despojado de qualquer interesse, abnegado, humanitário, bondoso, semelhante ao que Jesus, o bom pastor, fez por nós quando deu a sua própria vida para o nosso resgate da perdição eterna (Jo 10.11).
Quem ama oferece a outra face, entrega a sua capa e caminha a segunda milha (Mt 5.40-41), mesmo que o outro seja o seu algoz, seu perseguidor ou o seu inimigo mais cruel; o amor prevalecerá para que seja manifesto o amor do próprio Deus em nossas vidas.
Há alguns anos, li em algum lugar como o amor dos cristãos fez grande diferença quando a peste negra dizimou um terço da população mundial no século 13. Esta foi considerada a pior pandemia da história!
Naqueles dias, pessoas infectadas dentro de seus lares eram postas para fora e abandonadas nas ruas das cidades. Pais desamparavam os filhos; filhos desamparavam os pais. Amigos não se importavam uns com os outros. O medo de morrer era muito mais forte que qualquer laço de afeto. A morte era de fato um perigo eminente. Mas em meio a este caos, a falta de amor mesmo entre familiares e chegados, eis que surgem os cristãos andando pelas ruas infectadas pela peste negra, socorrendo, abraçando e retirando das sarjetas aqueles que foram deixados a míngua para morrerem solitárias. Os parentes assistiam pelas janelas de suas casas as ações voluntariosas dos cristãos e se emocionavam. Perguntavam entre si: como podem ter um gesto como este sem medo de contaminar-se? Alguns deles foram compelidos pelo amor de Cristo na vida daqueles humildes servos a saírem de seus redutos e aceitarem a Cristo como o seu Salvador. Que amor é este que não teme a morte?
O apóstolo Paulo responde com a maior propriedade a essência do amor que devemos produzir:
1 Coríntios 13:4-8
4 O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece,
5 não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
6 não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
7 tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8 O amor nunca falha; (ARC)
Aleluia!
Antes de tudo, o amor deve ser direcionado a Deus, pois o primeiro e grande mandamento é:
Mateus 22:37-38
37 E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.
38 Este é o primeiro e grande mandamento. (ARC)
Gálatas 5:22
22 Mas o fruto do Espírito é: […], alegria, […] (ARC)
A expressão vem do grego “chara” e quer dizer mesmo: “alegria, satisfação de pessoas que são o prazer de alguém”.
Norman Russell Champlin, explica que o termo é também originário de “charis”, traduzido em português por “graça”, vem da mesma raiz.
Trata-se daquela qualidade de vida que é graciosa e bondosa, caracterizada pela boa vontade, generosa nas dádivas aos outros, resultante de um senso de bem-estar, sobretudo de bem-estar espiritual, por causa de uma correta relação com Deus; e o “regozijo” no Espírito Santo.
A alegria como fruto do Espírito Santo não está condicionada a ocasiões célebres ou festivas. Independe de um cenário favorável, pois mesmo enfrentando lutas e adversidades, o cristão estampa o regozijo por servir ao Senhor. Ele sabe que o seu Deus está acima de quaisquer problemas que possam afligi-lo.
O salmista bem expressou essa realidade quando disse em louvor a Deus:
Salmos 4:7
7 Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se multiplicaram o seu trigo e o seu vinho. (ARC)
Note que a alegria posta no coração é oriunda de Deus (“puseste alegria no meu coração”) e que era sem igual. Tal alegria sobrepujou outros instantes de regozijo que o salmista sentiu quando festeja a colheita dos frutos representados pelo trigo e a uva.
Havia certa grandeza na alegria de Davi. A figura da colheita foi escolhida porque esta representava o episódio mais feliz da comunidade judaica. Todavia, havia uma alegria ainda maior do que essa. Aquela que é posta no coração do servo de Deus. Uma alegria indizível, quase inexplicável e que participam dela, apenas aqueles que possuem o Espírito Santo.
A alegria proporcionada pelo Espírito de Deus, não permite que gastemos tempo com lamentações ou protestos do porque isso ou aquilo nos sobreveio, antes conservamos a sobriedade de que: “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto” (Rm 8.28).
O seu prazer está única e exclusivamente no Senhor, e ele se deleita em sua Palavra, mesmo que tudo esteja do avesso. A sua alegria expressa confiança em Deus.
Champlin acrescenta que a alegria envolve pensamentos suaves sobre Cristo, hinos e salmos melodiosos, louvores e ações de graças, com que os cristãos se instruem, inspiram e refrigeram a si mesmos.
Deus não aprecia a dúvida e o desânimo. Também abomina ele a doutrina ousada, o pensamento melancólico e tristonho. Deus gosta de corações animados. Não enviou seu Filho para encher-nos de tristeza, e, sim, a fim de alegrar os nossos corações. Por essa razão, os profetas, os apóstolos e o próprio Cristo exortam, sim, ordenam-nos que nos regozijemos e sejamos alegres…
Zacarias 9:9
9 Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e Salvador, pobre e montado sobre um jumento, sobre um asninho, filho de jumenta. (ARC)
Paulo disse: “Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos” (Fp 4.4). Cristo disse: “Regozijai-vos antes porque vossos nomes estão escritos nos céus” (Lc 10.20).
A alegria cristã, entretanto, não é uma emoção artificial. Antes, é uma ação do Espírito de Deus no espírito humano, para que este venha a conhecer que o Senhor Deus está em seu trono, e que tudo está sob seu controle neste mundo, até onde a sua experiencia pessoal está envolvida.
Essa alegria é a inspiradora da esperança e da coragem. E a confiança em Deus e a satisfação de estarmos vivos em Cristo. E essa alegria do Espírito, no coração e na expressão nossa para com nossos semelhantes que está aqui em foco.
“Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos”
Evangelista Cláudio Roberto de Souza
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