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14/11/2017
Este post é assinado por: Cláudio Roberto
TEXTO ÁUREO
TEXTO DE REFERÊNCIA
INTRODUÇÃO
Vimos na lição anterior que o batismo em águas se caracteriza por ser uma ordenança do Senhor. Nesta, abordaremos a outra ordenança – a Ceia do Senhor.
Enquanto a primeira, o ato de descer ás águas simboliza a nossa morte e sepultamento com Cristo e o sair delas, simboliza a nossa ressurreição com Ele para uma nova vida; a Ceia do Senhor por sua vez, é a ordenança que se caracteriza pelo memorial da paixão e morte de Jesus e a perpetuidade da nossa aliança com Ele firmada no batismo.
1 – A CEIA DO SENHOR E SEU SIGNIFICADO
A Ceia do Senhor, excede o simbolismo da comunhão com Deus e revela uma das verdades centrais da nossa fé.
Ela é uma celebração de que estamos unidos a Cristo e foi prescrita para ser realizada como um memorial, ou seja, o ato da Ceia do Senhor, deve ser feito observando a obra de Cristo no Calvário em nosso favor.
Ela possui em si mesma, triplo significado que foram expressos por Jesus na noite em que foi traído. São eles:
O pastor Antônio Gilberto explica que a Ceia do Senhor é conhecida pelos evangélicos como ordenança, por constituir-se numa ordem dada por Cristo aos santos apóstolos. Os católicos romanos e certas alas do protestantismo costumam denominá-la de sacramento.
Celebrada entre os primeiros irmãos e conhecida como a festa do amor (ágape); Se reuniam para banquetearem juntos, adorando a Deus e trazendo a memória o sacrifício de Jesus.
1.2 – O contexto da instituição da Ceia
O Senhor Jesus Cristo, na mesma noite que foi traído por Judas Iscariotes, convocou os seus doze discípulos para uma última refeição cheia de significados e simbolismos para os judeus, pois tratava-se da principal festa deste povo – A Páscoa ou ‘pesach’.
A cerimônia da Páscoa era sistemática e cheia de detalhes, pois trazia a memória de cada judeu um dos momentos mais importantes da sua história revelada na Antiga Aliança – a sua libertação da escravidão egípcia. Era uma festa comemorada anualmente com sentimentos de extrema alegria.
Para a melhor compreensão da Ceia do Senhor, precisamos demandar tempo no entendimento da Páscoa judaica.
O pastor José Gonçalves esclarece que a festa da Páscoa era uma das celebrações que ocorria na primavera. A palavra é derivada do verbo hebraico ‘pasah’, com o sentido de ‘passar por cima’. Essa festa tem sua origem nos dias que antecedem o êxodo dos israelitas do Egito, conforme narrado em Êxodo 12.
Até esse momento, Faraó relutava em deixar os israelitas partirem conforme a determinação do Senhor. A consequência dessa obstinação do governante egípcio foi o julgamento divino que veio na forma de uma grande mortandade nos lares egípcios. Somente os primogênitos das famílias egípcias seriam atingidos, pois os hebreus estavam protegidos com o sangue do cordeiro pascal (Ex 12.13). O sangue do cordeiro era um tipo do sangue de Cristo, o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29; 1 Co 5.7).
A páscoa judaica obedecia a um ritual detalhado (Dt 16.1-4). Todavia, de acordo com Êxodo 12.3-12, os preparativos teriam início aos dez do mês com a escolha de um cordeiro, ou cabrito, para cada família. A família, sendo pequena poderia então convidar o vizinho. O cordeiro, que seria guardado até ao décimo quarto dia, deveria ser de um ano e sem defeito. No final do décimo quarto dia era imolado. O sangue era posto sobre as ombreiras e vergas das portas das casas judaicas. O cordeiro deveria ser comido assado e com pães asmos e ervas amargas. O resto que sobrasse deveria ser queimado. Os participantes da Páscoa deveriam ter os lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão. Era a Páscoa do Senhor.
Portanto, quando Jesus instituiu a Ceia, por ocasião da celebração da última Páscoa, tanto Ele como os participantes, tinham em mente esses fatos. Sabedor de que a Páscoa era apenas um tipo do qual Ele era o antítipo (ou uma figura da qual Ele era o cumprimento), Ele demostrou alegria e satisfação por poder celebrá-la na companhia de seus discípulos. Apenas algumas horas depois, o Filho do Homem estaria libertando o seu povo, não mais de um cativeiro humano, mas do cativeiro do pecado!
Assim como a Páscoa judaica era celebrada tendo em mente:
a Ceia do Senhor do mesmo modo, é celebrada com propósitos semelhantes:
Da mesma forma que o sangue dos cordeiros salvou os hebreus da destruição no Egito, o sangue de Jesus, o Cordeiro pascal, salvou-nos do poder do pecado e da morte.
1.2 – A primeira celebração da Ceia do Senhor
A Ceia do Senhor não deveria ser uma opção para o crente em Jesus Cristo, pois assim como Ele foi batizado por João Batista, mesmo sem ter do que se arrepender, mas para que se cumprisse toda a justiça (Mt 3.15); a Ceia do Senhor também teve a Sua participação e o Seu protagonismo, pois Ele mesmo quem a instituiu e a ordenou (note o grifo no versículo) – “E, tomando o pão e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isso em memória de mim” (Lc 22.19).
João Batista, na ocasião do batismo de Jesus, de forma escatológica, anunciou o sacrifício do mesmo, tendo como pano de fundo o significado da Ceia, quando disse: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Ele usa o verbo ‘tirar’ no presente, mas a ação estava no futuro, indicando que Jesus, era uma realidade e que o seu sacrifício em favor da humanidade era irrevogável, isto é, nada na história, poderia impedir a Sua chegada até a cruz e assim se fazer a nossa Páscoa (I Co 5.7b)!
O pastor José Gonçalves afirma que na ocasião da celebração da Ceia, Jesus possuía consciência de que a sua morte na cruz se aproximava e que Ele era o Cordeiro de Deus do qual o cordeiro da Páscoa era apenas um tipo (Jo 1.29). Com certeza milhares de cordeiros foram sacrificados em Jerusalém nessa data, mas somente Jesus era o “Cordeiro de Deus que tiraria o pecado do mundo” (Jo 1.29).
Se a Páscoa judaica marcou a libertação do sofrimento do cativeiro egípcio, agora Jesus, através do seu sofrimento, libertaria a humanidade da escravidão do pecado. Pedro e João fazem os preparativos exigidos sobre a última Páscoa (Lc 22.7-20) e é durante a celebração da última Páscoa que Jesus instituiu a Ceia do Senhor (Lc 22.19,20).
No contexto da Nova Aliança a Ceia do Senhor substituiu a Páscoa judaica (1 Co 11.20,23).
Toda a Páscoa era considerada um “memorial” (hebraico ‘zikkaron’, Ex 12.14).
Interessante ressaltar o destaque dado pelo Bispo Abner quanto ao termo utilizado por Jesus em Lucas 22.19 – “em memória”, cujo significado no grego é ‘anamnesis’ e excede a simples lembrança de se recordar de algo, mas indo além, quer dizer:
Jesus ao terminar a celebração da Ceia se dirigiu ao jardim do Getsêmani, onde ali daria início a sua paixão que culminaria em sua morte por crucificação, desta maneira, se cumpriria o que Ele mesmo dissera antes – A Sua morte e a Nova Aliança estavam preanunciadas:
1.3 – Os elementos da Ceia do Senhor
Como toda cerimônia ritualística que necessariamente possui elementos em sua constituição para ser realizada, a Ceia do Senhor como ordenança com características rituais, possui o pão e o vinho como elementos que simbolizam o corpo e o sangue de Jesus, respectivamente.
No seu ministério, Jesus adiantou aos seus ouvintes ser Ele o pão da vida descido do céu:
Tal declaração causou escândalo entre os judeus, pois as palavras que Jesus proferiu ainda em vida e ministério terreno (Jo 6.51) soavam incompreensíveis aos que ouviam e exigia fé.
Pode ser que os judeus tenham suspeitado até de canibalismo! No entanto, após a sua morte sacrificial, as mesmas palavras ganharam contornos elucidativos.
A sua morte e ressurreição inaugurou o novo tempo, o tempo da graça de Deus, o novo concerto firmado no seu próprio sangue, desta forma, comer a sua carne e beber o seu sangue é uma alusão a Ceia do Senhor que retrata a nossa comunhão com o Cristo morto e ressuscitado.
O Pão
Por ser este alimento o símbolo da vida, Jesus assim identificou-se aos seus discípulos ao dizer: “Eu sou o pão da vida” (Jo 6.48).
José Gonçalves faz relevante observação sobre este símbolo da Ceia do Senhor ao afirmar que após Jesus tomar o pão, dar graças e partir, disse: “Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isso em memória de mim” (Lc 22.19). Jesus usa a expressão: “isto é o meu corpo” com sentido metafórico, da mesma forma que Ele disse: “Eu sou a porta” (Jo 10.9). O pão era um símbolo do corpo de Jesus da mesma forma que o vinho era do seu sangue. A palavra ‘oferecido’ traduz o verbo grego ‘didomi’, que também possui o sentido de entregar. Esse mesmo verbo é usado nos textos de Isaías 53.6,10,12, onde há uma clara referência a um sacrifício (cf. Ex 30.14; Lv 22.14). O corpo de Jesus seria oferecido vicariamente em favor dos pecadores.
Por conseguinte, quando o pão é partido, na celebração da Ceia, vem-nos a memória o Seu sacrifício vicário, através do qual Ele entregou a Si mesmo em resgate da humanidade caída e escravizada pelo pecado.
O Vinho
É identificado na Bíblia como o ‘fruto da vide’ e ‘cálice do Senhor’ (Mt 26.29; I Co 11.27).
Dentre as simbologias do vinho na Escritura, no contexto que estamos a estudar, ele se encaixa como símbolo do sangue de Jesus Cristo que foi derramado em seu sofrimento e morte pelos pecadores.
Para o pastor Antônio Gilberto, o vinho na Ceia, lembra-nos o sangue de Cristo vertido na cruz para redimir todos os filhos de Adão.
O sentido é que o vinho é um símbolo da Nova Aliança que foi selada com o sangue de Jesus o Cordeiro de Deus (Ex 12.6,7,13; 24.8; Zc 9.11; Is 53.12).
Portanto, segundo Antônio Gilberto, o pão e o vinho são biblicamente:
2 – A IMPORTÂNCIA DO DISCERNIMENTO
Discernimento nos fala de conhecimento e consciência juntos! No caso da Ceia do Senhor, o apóstolo Paulo traz importante exortação ao afirmar: “Porque o que come e bebe indignamente come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor” (I Co 11.29).
O dicionário Vine nos traz o significado da palavra ‘discernir’ que no grego é ‘diakrino’ e quer dizer: ‘distinguir ou separar completamente como para investigar (krinõ) olhando ao longo de objetos ou pormenores’, por conseguinte, significa ‘examinar, escrutar, questionar, manter um exame judicial preliminar precedente ao julgamento formal’. Isto é, antes do veredito de um julgamento, é feito toda uma análise, um exame detalhado do todo envolvido! (Grifo meu).
A Ceia do Senhor, portanto é uma cerimônia cujo significado deve ser muito bem compreendido por todos aqueles que participam dela. A ignorância quanto a esta compreensão não é permitida aqui e participar sem o prévio discernimento é incorrer no risco de sofrer duras penalidades (I Co 11.29-30).
2.1 – Pão e vinho: diferentes interpretações
A liturgia da maioria das igrejas protestantes, no tocante a cerimônia da Ceia do Senhor é simples, pois se lê os textos de I Co 11.23.34, em especial os versículos 24 e 25 que diz:
É feita as orações de gratidão por cada um dos elementos (o pão e depois o vinho) reconhecendo o sacrifício de Cristo no Calvário, o qual teve o seu corpo ferido (Is 53.4-5) e seu sangue vertido por amor de nós.
Desta forma a igreja, isto é, o corpo de Cristo, participa primeiramente do pão (isto é o Seu corpo) e depois do vinho (isto é, o Seu sangue).
A oração apenas consagra os elementos e não os torna de fato o corpo e o sangue de Jesus como afirmam os Católicos Romanos (doutrina da transubstanciação), tão pouco Cristo se faz presente no corpo e no sangue nos elementos da Ceia, como cria Lutero (doutrina da consubstanciação).
Vamos introduzir nesta parte do estudo sobre a Ceia do Senhor outros termos acerca da Ceia e que são utilizados pela Igreja Católica. São eles:
Como foi citado acima e agora iremos pormenorizar, o Catolicismo Romano também acredita que os elementos da Ceia do Senhor (a hóstia e o vinho), após a oração de consagração, são literalmente transformados no corpo e no sangue de Jesus; ensinamento chamado de transubstanciação.
Veja abaixo a explicação sobre o que diz o Catecismo da Igreja Católica:
O que significa transubstanciação?
Transubstanciação significa a conversão de toda a substância do pão na substância do Corpo de Cristo e de toda a substância do vinho na substância do Seu Sangue. Essa conversão se realiza na oração eucarística, mediante a eficácia da Palavra de Cristo e da ação do Espírito Santo. Todavia, as características sensíveis do pão e do vinho, ou seja, as “espécies eucarísticas”, permanecem inalteradas.https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/o-que-diz-o-catecismo-da-igreja-catolica-sobre-a-eucaristia/
Tal doutrina se baseia no versículo de Mt 26.26-27 no qual Jesus diz:
Foi no 19° Concílio ecumênico realizado na cidade de Trento na Itália, entre os anos de 1545 a 1563 que se prescreveu a doutrina da transubstanciação.
Eles afirmam que a Palavra de Jesus é criadora e assim, as expressões: “Isto é o meu corpo” e “isto é o meu sangue” faz com que toda a substância do pão (hóstia) e do vinho (cálice) ceda lugar ao corpo e ao sangue de Jesus Cristo.
É um engano, pois as afirmações de Cristo, apenas demonstram o significado simbólico de cada elemento e não há um único versículo na Bíblia que apoie a tese da transubstanciação.
O pastor Raimundo F. de Oliveira traz no quadro sobre a história da paganização da Igreja Católica, que no ano de 1220 foi introduzida a adoração a hóstia (já que ela se transforma em Cristo que é digno de adoração, ela também pode ser adorada).
A cerimônia da Eucaristia praticada pelos Católicos Romanos possui algumas curiosidades:
O corpo de Cristo hoje na terra não é o pão e o vinho usados na celebração da Ceia, mas a sua igreja conforme se pode ler em:
2.2 – Examine-se a si mesmo
Segundo o Dicionário Strong, a palavra ‘examine-se’ vem do grego ‘dokimazo’ cujo significado é:
No contexto da Ceia do Senhor, o que aspira participar dela, deve inevitavelmente e indispensavelmente averiguar a sua vida por completo, sua mente, seu coração, suas intenções, suas atitudes e comportamentos tendo como crivo a Palavra de Deus e jamais tão profunda análise deve ser regida pelo achismo do entendimento humano.
Sobre este assunto, o catecismo de Westminster em sua página 18 e item 171 declara:
Os que recebem o sacramento da Ceia do Senhor, como devem preparar-se para o receber?
Os que recebem o sacramento da Ceia do Senhor devem preparar-se para o receber, examinando-se a si mesmos, se estão em Cristo, a respeito de seus pecados e necessidades, da verdade e medida de seu conhecimento, fé, arrependimento e amor para com Deus e para com os irmãos; da caridade para com todos os homens, perdoando aos que lhes têm feito mal; de seus desejos de ter Cristo e de sua nova obediência, renovando o exercício destas graças pela meditação séria e pela oração fervorosa. Ex 12:15; II Cr 30:18,19;Is 55:1; Sl 26:6; Mt 5:23,24;26:26; Lc 1:53; Jo 7:37; I Co 5:7,8;10:17;11:18-20,24,28,29,31; II Co 13:5 ; Hb 10:21,22,24.
Vale ressaltar ainda que o exame é pessoal e autocrítico (I Co 11.28).
A determinação é para que tal investigação seja realizada no âmbito privativo e estritamente particular e em nenhum momento tal exame deve ser direcionado ao seu próximo porque “cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Rm 14.9).
2.3 – Participação na Ceia
A Ceia do Senhor realizada e praticada pela igreja primitiva, se distinguia por ser a reunião dos santos que fraternalmente chamava a mesma de “Festa do Amor”; amor este denominado como Ágape, ou seja, a manifestação do próprio amor de Deus entre os irmãos.
Vale ressaltar que a Ceia naquela época era comemorada semanalmente, conforme Atos 20:7 “No primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e alargou a prática até à meia-noite”.
Atualmente a maioria das igrejas cristãs celebram mensalmente, porém quanto a periodicidade, não há motivo para rigidez, pois o importante é que a Ceia seja realizada, pois é uma determinação de Jesus Cristo.
Segundo o Reverendo Hernandes Dias Lopes, a Ceia era precedida pela Festa do Amor, a festa do Ágape. A Bíblia fala dessa festa em Judas 12. No dia em que a Ceia do Senhor era celebrada servia-se uma refeição completa. Os crentes comiam, bebiam, repartiam, se confraternizavam e depois, num clima de comunhão, celebravam a Ceia do Senhor. Essa foi uma prática da igreja apostólica que se perdeu na História.
A Festa do Ágape era não apenas um tempo de comunhão, mas, também, e sobretudo, um ato de amor aos membros mais pobres da igreja. Era uma oportunidade para os cristãos ricos repartirem um pouco de seus bens materiais com os pobres. Uma vez que todos traziam de casa alguma coisa para comer e faziam uma espécie de ajunta-prato, onde os pobres poderiam participar de uma boa refeição pelo menos uma vez na semana. Depois desse banquete, então, eles celebravam a Ceia.
O problema estava no fato que os ricos se isolavam e comiam à vontade as finas iguarias dos próprios banquetes que traziam de casa, e bebiam a ponto de se embriagarem. Do outro lado, porém, ficavam os pobres, que não tinham condições de trazer alimentos de casa e passavam fome. Depois de toda essa atitude odiosa de preconceito e desamor, eles se reuniam e celebravam a Ceia do Senhor.
E nesse contexto que Paulo os reprova, dizendo-lhes que estavam se reunindo para pior. Essa não é a Ceia do Senhor que eles estavam participando. A atitude deles não era compatível com a celebração da Ceia e agindo dessa forma eles estavam desprezando a Igreja de Deus.
Paulo ao observar que os princípios basilares do cristianismo estavam ausentes na vida daqueles irmãos e que o comportamento indecoroso e irreverente dos coríntios abastados predominava no ambiente, faz então uma fervorosa advertência aos irmãos e que ressoa em nosso coração até os dias de hoje para nossa atenção:
Veja abaixo alguns problemas detectados por Paulo no que tange a ocasião da Ceia celebrada pelos coríntios.
Obviamente que toda a indignação a que se refere o apóstolo Paulo está associada a atitude do coração humano, já que nenhum de nós somos capazes de nos apresentar diante de Deus completamente dignos. A nossa dignidade passa pela cruz e se banha no sangue de Jesus. Ele nos dignifica para que possamos participar de tão solene cerimônia com a reverência e o discernimento apropriados.
3 – LIÇÕES DA CEIA DO SENHOR
A Ceia do Senhor é de grande valia para o cristão e dela podemos extrair preciosas lições para a nossa vida.
O comentarista aponta ao menos quatro termos que encontramos na Bíblia e que se referem a Ceia do Senhor, são eles:
O Pastor Antônio Gilberto enumera 11 lições extraídas da Ceia do Senhor (iremos apenas citá-las sem explicá-las devido a extensão de cada uma):
Vejamos outras três lições extraídas da Ceia do Senhor.
3.1 – A comunhão
A Ceia do Senhor também é a expressão máxima da nossa comunhão com Deus e com o próximo. Com Deus revela-se a nossa comunhão que está na vertical e com o próximo a nossa comunhão que se desenvolve na horizontal.
Ao participarmos da Ceia, estamos atestando que estamos aliançados com Deus, com Sua Palavra e com os irmãos que da mesma forma o estão.
Como vimos acima (tópico 2.3), a exortação de Paulo aos coríntios também se baseou na falta de união entre eles.
É claro que haverá divergências pontuais que classificamos como sendo diversidade de concepção, visão, ponto de vista ou opinião, no entanto tais diferenças podem conviver de forma não somente pacífica, mas principalmente harmoniosa, quando destacamos na relação, aquilo que é imperioso ou fundamental em nossa aliança com Cristo.
O rogo de Paulo, isto é, o seu pleito junto aos irmãos de Éfeso foi em favor da unidade (isto é, UM) proposta no Espírito Santo através do vínculo da paz, que se desenvolve pelo amor que devemos possuir um pelos outros, cônscios que há:
Por fim, o salmista no Salmos 133.1 declara: “Quão bom e suave é que os irmãos vivam em união“.
A unidade expressa pelo salmista resulta em bênçãos para aqueles que estão unidos e vivem em união. Quando estamos em unidade, o Senhor ordena que recebamos vida (vida espiritual) e bênçãos do Senhor (espirituais e materiais) “… porque ali o SENHOR ordena a bênção e a vida para sempre” (Sl 133.3).
3.2 – A Nova Aliança
Se estamos falando de uma Nova Aliança, é porque existia uma Velha Aliança que foi conhecida na ocasião que Deus entregou a Moisés as tábuas contendo os 10 mandamentos no Monte Sinai (Ex 24.2-12).
A Antiga Aliança rezava que os pecados do povo de Israel eram perdoados mediante o sacrifício contínuo de animais, cujo sangue lhes propiciava o perdão. Porém, o advento do Messias, proporcionou, não somente aos judeus, como a todo o mundo, o perdão dos pecados por meio de um único sacrifício – a morte de Jesus.
Para que um testamento tenha validade é necessário haver a morte do testador; desta forma, Cristo morreu e verteu o seu sangue inocente para a remissão dos pecados de todos aqueles que crerem (Jo 3.16).
Por isso a expressão “Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue”, significa que a partir do evento de sua morte, uma Nova Aliança entre Deus e o homem estava estabelecida, isto é, promulgada. A Aliança Antiga perdera o valor e a Nova assumiu o seu lugar.
Se pela Antiga Aliança, somente o sumo sacerdote, uma vez ao ano entrava no lugar Santíssimo para aspergir o sangue do animal sobre o propiciatório que estava acima da arca da aliança (Lv 16.1-15), a Nova Aliança nos proporciona “ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus” (Hb 10.19) – Aleluia!
3.3 – Os três tempos da Ceia do Senhor
Ambas as ordenanças deixadas por Cristo mencionam a sua morte. Enquanto no batismo, a Sua morte é simbolizada na descida ás águas para o sepultamento do nosso velho homem e também dos nossos pecados (Rm 6.3-5); na Ceia, participamos com os olhos fitos no Calvário, recordando também a Sua morte vicária!
Bem exposto pelo Bispo Abner, que assim como a nossa salvação contempla os três tempos verbais (presente, passado e futuro) revelados como:
A Ceia do Senhor, é celebrada contemplando também os três tempos verbais:
PASSADO
Atente para as expressões grifadas nos versículos acima.
O cristão salvo em Cristo e batizado nas águas, participa da Ceia do Senhor com sua mente retrocedida até o tempo da crucificação de Jesus. Imaginamos como teria sido a Sua dor e o Seu sofrimento por amor de nós e assim:
Hernandes Dias Lopes, a este respeito diz: “Quando você participa da Ceia, você deve olhar para trás, para a cruz de Cristo (I Co 11.26). Todas as vezes que comemos o pão e bebemos o cálice, anunciamos a morte do Senhor. Quando Jesus pegou o pão e o partiu, Ele disse: “Este pão é o meu corpo, que é partido por amor de vós. Tomai e comei, fazei isto em memória de mim”. Jesus está ordenando que a igreja se lembre não dos Seus milagres, mas da Sua morte. Devemos olhar para trás e nos lembrar por que Cristo morreu, como Cristo morreu, por quem Cristo morreu. Cristo é o centro da Ceia. A Ceia é uma pregação dramatizada do calvário.”
PRESENTE
Quanto ao presente, Jesus observa que devemos participar continuamente. Aqui revela a perseverança do servo do Senhor em permanecer em Seus caminhos, atentando para a Sua Palavra, demonstrando comunhão com Ele e com a Igreja, focados na honrosa responsabilidade de sempre anunciar a Sua morte!
FUTURO
A Ceia ainda possui um teor escatológico, pois ao participarmos dela, olhamos também para o futuro, contemplando a vinda do Senhor em Sua glória para buscar a Sua Igreja; tendo em mente ainda que uma futura Ceia está para acontecer e dela participaremos – As Bodas do Cordeiro (Ap 19.7,9).
Hernandes Dias Lopes declara que desta forma, há um clima de expectativa em toda celebração da Ceia do Senhor (Lc 22.16,18). A segunda vinda de Cristo é a grande esperança do cristão num mundo onde o mal tem feito tantos estragos. Atrás, aponta para a sua morte; à frente, aponta para a sua volta.
Godett, afirma: “A Ceia do Senhor é o elo entre Suas duas vindas, o monumento de uma, a garantia de outra”.
CONCLUSÃO
Concluímos essa lição com o que disse o Pastor José Gonçalves: Participar da Ceia do Senhor é um privilégio do qual todo cristão deve se alegrar. Não se trata de um ritual vazio, mas de uma celebração carregada de significado, porque aponta para o sacrifício do calvário. A Ceia celebra a vitória de Cristo, o Cordeiro de Deus, sobre o pecado e suas consequências.
Ao participarmos da Ceia, devemos manter uma atitude de eterna gratidão ao Senhor por nos haver dado vida quando nos encontrávamos mortos em nossos delitos. Assim como os antigos judeus não deveriam celebrá-la com fermento em seus lares, da mesma forma não devemos comemorar a Ceia com o velho fermento do pecado. Celebremos a Ceia com os asmos da sinceridade (I Co 5.8).
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Bíblia Eletrônica Olive Tree – Versão Revista e Corrigida / Revista e Atualizada / NVI;
Dicionário da língua portuguesa;
Revista EBD – 2º Trimestre 2009 – Lição 9 – Antônio Gilberto – CPAD;
Revista EBD – 2º Trimestre 2015 – Lição 11 – José Gonçalves – CPAD;
Dicionário Bíblico Strong – James Strong – Sociedade Bíblica do Brasil;
Seitas e Heresias – Raimundo F. de Oliveira – CPAD;
Site da internet mencionado quando citado no texto;
Todos os direitos de imagens são de seus respectivos proprietários;
Por Cláudio Roberto
Postado por ebd-comentada
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