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02/09/2022
“Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.” Mateus 6.34
MATEUS 6.25-27
25- Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestido?
26- Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?
27- E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?
A palavra solicitude vem do Latim “sollocitudo” e, de acordo com o site https://dicio.com.br/solicitude tem os seguintes significados:
Desta forma, se nos empenharmos a associar as possíveis traduções desta palavra ao substantivo vida proposto no título desta lição, teremos a seguinte frase.
Demonstração de interesse e atenção ao cumprir da melhor forma possível as questões que a vida nos propõe.
A vida que temos é um presente de Deus e nos foi dada para que façamos o nosso melhor enquanto vivermos.
Salomão, considerado o homem mais sábio que já existiu, dedicou todo os seus esforços para encontrar o sentido da vida e descobriu alguns pontos bem interessantes.
Ele escreveu 3 importantes livros da Bíblia e fez inúmeros cânticos.
O livro de Provérbios nos traz explicações e conselhos úteis sobre a brevidade da vida e como devemos proceder diante dos desafios que nos são propostos.
“Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel. Para se conhecer a sabedoria e a instrução; para se entenderem as palavras da prudência; para se receber a instrução do entendimento, a justiça, o juízo e a equidade; para dar aos simples prudência, e aos jovens conhecimento e bom siso; para o sábio ouvir e crescer em sabedoria, e o instruído adquirir sábios conselhos; para entender provérbios e sua interpretação, como também as palavras dos sábios e suas adivinhações. O temor do SENHOR é o princípio da ciência; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução”. (Pv 1.1-7 – ARC)
O livro foi escrito para que compreendamos que o Senhor é a essência da sabedoria e que Ele a dá para quem buscar (Tg 1.5,6).
A sabedoria é a forma correta de utilizar o conhecimento que adquirimos ao longo da vida para vivermos uma vida próspera e Salomão descobriu que o princípio desta sabedoria é encontrar ao Senhor e temê-lo, ou seja, viver de forma a agradá-lo, reverenciá-lo e glorificá-lo.
A grande questão que envolve TODOS os cristãos é que nem sempre agimos de acordo com os mandamentos ensinados na Palavra de Deus, pois, de certa forma, a Bíblia é um livro de regras e um manual de conduta que nos mostra o que acontece se decidirmos segui-los à risca.
O Salmo 1 deixa isto bem claro.
“Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, tem o seu prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas folhas não caem, e tudo quanto fizer prosperará”. (Sl 1.1-3 – ARC)
Jesus nos ensinou que não devemos viver uma vida baseada em incertezas e preocupados em demasia com o que nos acontecerá, haja vista, o Senhor saber o que precisamos e ter prazer em nos abençoar.
Aqueles que se esquecem desta importante lição, passam a viver uma vida com um nível prejudicial de ansiedade e isto é a porta para vários problemas espirituais, emocionais e físicos.
O Dicionário Priberam da Língua Portuguesa conceitua a palavra ansiedade da seguinte forma:
A Revista Brasileira de Terapia Cognitivo Comportamental traz um rico comentário sobre este assunto.
“Ansiedade é uma palavra originária do latim anxia, cuja raiz, ou operante de primeira ordem, ‘ang’ significa estreito. Como lembrou Skinner (1989/2006), sentimentos sinônimos incluem aflição, angústia ou sufocamento. Fixado após o radical ‘ang’ está o sufixo –(i)dade. A linguística classifica o radical ‘ang’ como pertencente à mesma família que originou as palavras angia (que derivou angina, a dor constritiva ou o aperto atrás do osso externo), anseio e ansiar. Já o sufixo –(i)dade, que é vernáculo, ou seja, é termo próprio da Língua Portuguesa, está sob controle daquilo que indica: a qualidade própria do acontecimento com a propriedade tateada como estreito. Portanto, na estrutura da palavra ansiedade combinam-se operantes de ambas as ordens: primária e secundária”.
No grego, a palavra ansiedade é “anshein” que significa apertar ou sufocar e está intimamente ligada ao conceito latino.
De forma simplificada, ansiedade é um fenômeno emotivo, ou seja, ligado às emoções que nos mostra que alguma coisa precisa ser feita.
Ela se torna patológica ou prejudicial a partir do momento que nos tira a beleza da vida, ou seja, que nos tira a paz de forma a prejudicar nosso sono ou nossa rotina diária.
As diversas ciências que estudam o comportamento humano sabem que a presença de um certo nível de ansiedade é benéfica, haja vista, nos tirar da zona de conforto e nos proteger.
Isto acontece, por exemplo, quando estamos na presença de um perigo iminente, como um ladrão ou um possível acidente.
É de suma importância compreendermos que existem transtornos que causam um aumento da ansiedade e isto pode ser patológico, ou seja, uma doença.
Por vários anos, muitos cristãos teceram críticas severas às pessoas que são tomadas por crises de ansiedade, afirmando que estas estavam distanciadas do Senhor, pois deixaram de acreditar que Ele estava cuidando de todas as áreas de sua vida.
Porém, sabemos que isto nem sempre é verdade e que existem pessoas com transtornos que provocam quadros de ansiedade.
Os transtornos de ansiedade são doenças relacionadas ao funcionamento do corpo e às experiências de vida. Pode-se sentir ansioso a maior parte do tempo sem nenhuma razão aparente; pode-se ter ansiedade às vezes, mas tão intensamente que a pessoa se sentirá imobilizada. A sensação de ansiedade pode ser tão desconfortável que, para evitá-la, as pessoas deixam de fazer coisas simples (como usar o elevador) por causa do desconforto que sentem.
Os transtornos da ansiedade têm sintomas muito mais intensos do que aquela ansiedade normal do dia a dia. Eles aparecem como:
Ainda que Jesus seja poderoso para curar TODOS os tipos de doenças, males ou problemas, o texto em questão não está relacionado aos transtornos neurológicos ou psiquiátricos, mas à ansiedade produzida pelo excesso de preocupações com o futuro, que é comum às pessoas apegadas ao dinheiro.
Desta forma, precisamos elucidar que o texto não está falando a respeito dos transtornos de ansiedade e sim, de uma preocupação excessiva com o futuro que é comum às pessoas que não conseguem confiar no Senhor.
Vejamos outras traduções.
“Portanto, meu conselho é: Não fiquem preocupados a respeito de coisas: O que comer, o que beber e o que vestir. Porque vocês já têm a vida e o corpo – e ele são muito mais importantes do que o comer ou o que vestir”. (Mt 6.25 – BV)
“Portanto, vos afirmo: não andeis preocupados com a vossa própria vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que as roupas?” (KJA)
“Por isso eu digo a vocês: não se preocupem com a comida e com a bebida que precisam para viver nem com a roupa que precisam para se vestir. Afinal, será que a vida não é mais importante do que a comida? E será que o corpo não é mais importante do que as roupas?” (NTLH)
O que Jesus nos ensina neste texto é que Ele é cuidadoso e sempre deseja o melhor para nós e que não precisamos de muitas coisas para vivermos de maneira próspera.
Se não precisamos de muito para sermos felizes e temos um Deus que SEMPRE cuida de nós, a partir do momento que nos preocupamos demasiadamente com o que será do nosso futuro e passamos a colocar a solução nos bens materiais, deixamos de atender ao conselho de Jesus e isto demonstra que não estamos firmes na fé.
A palavra vida é ampla e existem vários termos que a expressam, porém, neste texto, o sentido está relacionado ao transcorrer da nossa história neste mundo e àquilo que acontecerá.
O teólogo americano Norman Champlim nos traz um rico comentário sobre este assunto.
“Provavelmente Jesus falou, neste ponto, da vida do homem em seu sentido total, a vida física, mas também incluiu a idéia que o homem é mais do que um corpo. A expressão desse ser (fisico-espirituaí) nesta vida deve incluir desejos e interesses que não abranjam apenas as coisas físicas. Esta «vida» deve ser orientada pelos princípios espirituais do reino de Deus, e deve levar em conta o verdadeiro destino, e utilização da vida humana. A personalidade humana merece mais consideração do que a simples satisfação dos desejos físicos. O homem é mais do que um mero animal (Mat. 12:12). Os animais, até mesmo os mais inferiores, como as aves, não são vencidos pela ansiedade. A criatura muito maior que elas, que é o homem, tem a obrigação de aprender a confiar em Deus, que o criou, como também criou os animais inferiores”.
É importante relembrarmos quais devem ser as prioridades da vida do cristão.
“E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. (Mt 22.37-40 – ARC)
Em primeiro lugar, devemos buscar a Deus, em segundo, devemos cuidar de nós mesmos e em terceiro, devemos nos preocupar com os outros.
TODAS as vezes que invertemos esta ordem, a gestão da nossa vida é prejudicada.
O texto áureo para a gestão das prioridades está em conexão com o texto acima e deixa claro que devemos nos esforçar para dar importância às prioridades corretas.
“Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas”. (Mt 6.33 – ARC)
Em outra tradução:
“Portanto, ponham em primeiro lugar na sua vida o Reino de Deus e aquilo que Deus quer, e ele lhes dará todas essas coisas”. (NTLH)
Parafraseando o texto acima, teremos:
Portanto, coloquem como prioridade o seu relacionamento com o Senhor, amando-o como tudo o que vocês são e desejando aquilo que Ele quer e Ele se responsabilizará por lhes proporcionar aquilo que precisam.
Parece estranho afirmarmos que existem coisas mais importantes que nossas necessidades básicas, porém, Jesus nos ensina que nosso relacionamento com Ele deve alcançar este nível de intimidade e prioridade.
Podemos e devemos desejar e trabalhar para ter o melhor que esta terra pode nos dar, porém, quando se este desejo e as horas de trabalho que dedicamos para realizá-los se tornarem a causa de nos distanciarmos do Senhor, as consequências não serão boas.
A ansiedade mencionada por Jesus neste texto é causada exatamente por este descontrole.
Quando o Senhor resgatou os hebreus da escravidão egípcia, mais de 3 milhões de pessoas saíram em direção ao deserto, sem ter noção do que lhes esperaria.
Porém, o cuidado do Senhor para com eles foi surreal, protegendo-os com a nuvem de dia e a coluna de fogo de noite, fazendo com que chovesse comida (maná e codornizes) e vários outros tipos de ações sobrenaturais.
Isto nos mostra que o Senhor se preocupa conosco e deseja o melhor para nós.
Ainda que o povo houvesse murmurado e reclamado por não ter alguns tipos de alimentos, o Senhor lhes deu o que precisavam e lhes ensinou o valor de viver um dia de cada vez.
No caso do Maná, o Senhor foi claro que a porção recolhida deveria ser o suficiente para um dia e, no caso de haver alguns incrédulos, o que fosse guardado apodreceria.
“Então, disse o SENHOR a Moisés: Eis que vos farei chover pão dos céus, e o povo sairá e colherá cada dia a porção para cada dia, para que eu veja se anda em minha lei ou não. E acontecerá, ao sexto dia, que prepararão o que colherem; e será o dobro do que colhem cada dia. Então, disse Moisés e Arão a todos os filhos de Israel: À tarde sabereis que o SENHOR vos tirou da terra do Egito, e amanhã vereis a glória do SENHOR, porquanto ouviu as vossas murmurações contra o SENHOR; porque quem somos nós para que murmureis contra nós? Disse mais Moisés: Isso será quando o SENHOR, à tarde, vos der carne para comer e, pela manhã, pão a fartar, porquanto o SENHOR ouviu as vossas murmurações, com que murmurais contra ele (porque quem somos nós?). As vossas murmurações não são contra nós, mas sim contra o SENHOR”. (Ex 16.4-8 – ARC)
De certa forma, a lição aprendida pelos hebreus durante sua trajetória no deserto é a mesma ensinada por Jesus no texto escrito por Mateus onde nos é dito que o Senhor se importa conosco e deseja nos dar aquilo que precisamos.
Para isto, Ele utiliza o exemplo dos pássaros que, assim como nós, precisam se alimentar, mas, diferentemente dos seres humanos, não possuem condições de produzir ou trabalhar para obter o próprio alimento, mas, nenhum deles fica sem comer.
É importante deixarmos claros que os pássaros são atraídos pelos alimentos e eles vão onde possam alimentar-se, ou seja, fazem o que é necessário para comer, aproveitando o cuidado de Deus para com eles em relação à providência de várias possibilidades para se alimentarem.
Precisamos agir da mesma forma, confiando no Senhor e trabalhando para adquirir aquilo que necessitamos.
Champlim nos ensina algo valioso sobre este assunto.
“As aves não produzem seu alimento nem cuidam da terra, que dá tal provisão. Gratuitamente obtêm o alimento de que necessitam. Jesus não quis dizer, com isso, que podemos ou devemos eliminar o trabalho que nos traz 0 alimento. (Paulo proíbe essa atitude, em II Tes. 3:10). Jesus não encorajava a preguiça nem falava contra o esforço do trabalho. Tão-somente mostrou que a obtenção da alimentação não deve ser acompanhada pela ansiedade, porquanto a providência divina funciona neste mundo até mesmo entre os animais inferiores, como as aves. O discípulo é reputado filho do Deus dos céus. As aves, sendo criaturas de pouco valor, eram vendidas no mercado como alimentação dos pobres, mas ainda assim Deus cuidava delas; porventura esse Deus não cuidaria de seus próprios filhos? Se o discípulo negar ou duvidar dessa provisão então agirá como o pagão, que nunca considerou Deus seu Pai. E essa atitude também mostra que o discípulo ainda está seguindo o deus «mamom». Até os animais inferiores têm mais bom senso do que esse. Nunca tivemos conhecimento de um pai humano que tenha tido cuidado das aves e que, ao mesmo tempo, não tivesse cuidado de seus próprios filhos. Poderíamos pensar que o Pai celeste falharia nisso?”.
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Equipe EBD Comentada
Postado por ebd-comentada
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