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24/05/2024
Marcos 11:25
25 E, quando estiveremdes orando, perdoei, se tende alguma coisa contra alguém, para que seu Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas. (ARCO)
1 João 1:7-10
7 Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado.
8 Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.
9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.
10 Se dissermos que não pecamos, fazemos-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós. (ARCO)
Olá, irmãos(ãs), paz do Senhor.
Em nossa jornada de fé, encontramos ensinamentos que moldam nossa relação com Deus e com o próximo. Entre eles, a ordenança de confessar pecados e perdoar ofensas se destaca como um pilar fundamental para o crescimento espiritual e a construção de relacionamentos saudáveis.
Neste estudo, exploraremos a riqueza dessa ordenança, registrando-a como um reflexo da misericórdia infinita de Deus, manifestada em Jesus Cristo. Através do perdão, não apenas experimentamos a libertação dos fardos do pecado, mas também nos tornamos instrumentos da graça divina, promovendo a cura e a restauração em nossas relações.
A ordenança do perdão encontra sua raiz na misericórdia incondicional de Deus. Em Jesus Cristo, experimentamos o perdão pleno e restaurador, que nos livra das consequências do pecado e nos reconcilia com o Pai. Essa graça imerecida nos convida a refletir a misericórdia divina em nossas próprias vidas, exercendo o perdão em nossas relações interpessoais.
Mateus 6.14-15 nos apresenta a conexão entre o perdão que recebemos de Deus e o que convidamos a oferecer aos outros. Leiamos:
Mateus 6:14-15
14 Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós.
15 Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas. (ARCO)
Nesta passagem, Jesus ensina que o perdão que recebemos de Deus está diretamente relacionado ao perdão que concedemos aos outros. Ele estabelece uma conexão clara e direta: nosso ato de perdoar é um reflexo do perdão divino. A incapacidade de perdoar, portanto, não afeta apenas nossos relacionamentos humanos, mas também nossa própria relação com Deus.
Ao aplicar este ensinamento, somos chamados a refletir sobre nossas atitudes e a prática do perdão em nossa vida cotidiana. Devemos buscar um coração misericordioso, lembrando que todos somos necessitados da graça de Deus. Este versículo nos desafia a exercitar a compaixão e a não guardar ressentimentos, reconhecendo que o ato de perdoar é tanto um ato de obediência quanto uma expressão da misericórdia divina em nossas vidas.
Mateus 18.35, por sua vez, aprofunda a importância do perdão, utilizando uma parábola para ilustrar as consequências de recusá-lo. Leiamos:
Mateus 18:35
35 Assim vos fará também meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas. (ARC)
Nesta passagem (iremos estudá-la mais minuciosamente adiante), Jesus ensina que a recusa em perdoar impede que experimentemos o perdão de Deus. O perdão se torna, portanto, uma via de mão dupla, um ato de amor e compaixão que nos liberta e restaura.
Ao considerar este versículo, somos levados a entender que o perdão deve ser genuíno e profundo, não meramente superficial ou formal. Perdoar “de coração” implica em uma libertação interior do ressentimento e da amargura. Devemos pedir a Deus que nos ajude a perdoar sinceramente, reconhecendo que todos falhamos e necessitamos do perdão. Este ensinamento nos encoraja a criar um ambiente de graça e reconciliação em nossos relacionamentos, refletindo o amor e a misericórdia de Deus em nossas ações diárias.
A ordenança de perdoar as ofensas é um reflexo da própria natureza do evangelho, que é centrado na graça e no perdão que Deus nos oferece através de Jesus Cristo. Ao abraçar esta prática, estamos não apenas obedecendo a um mandamento divino, mas também permitindo que a luz da misericórdia de Deus brilhe através de nós em um mundo que muitas vezes é marcado por mágoas e ressentimentos. Que possamos sempre lembrar que somos recipientes da misericórdia divina e chamados a ser instrumentos dessa mesma misericórdia em todos os nossos relacionamentos.
O perdão, tema central em diversas religiões e filosofias, transcende a mera condescendência ou esquecimento de um erro. Na esfera teológica, assume um significado profundo e transformador, permeando a relação entre Deus e a humanidade. Ou seja, teologicamente, o perdão é um ato divino de graça pelo qual Deus, por meio do sacrifício de Jesus Cristo, apaga os nossos pecados e nos reconcilia consigo mesmo. O perdão de Deus não é apenas um simples esquecimento das transgressões, mas uma restauração completa do relacionamento entre o pecador e Deus. É um ato de misericórdia que não apenas remove a culpa, mas também a mancha do pecado, permitindo que o indivíduo viva em comunhão plena com Deus. Esse perdão é central para a mensagem do evangelho, pois sem ele, a reconciliação com Deus seria impossível.
Etimologicamente, a palavra “perdão” deriva do latim “perdonare”, que significa “dar completamente” ou “renunciar a uma dívida”. A raiz “per-” sugere intensidade ou completude, e “donare” significa “dar”. Portanto, perdão implica uma doação total, um renunciar pleno ao direito de punir ou exigir reparação por uma ofensa ou dívida. Esse conceito de renúncia total ressoa com a ideia de que Deus, ao perdoar, cancela completamente a dívida do pecado, não exigindo mais qualquer reparação por parte do pecador.
De acordo com o dicionário, “perdão” é definido como a ação de perdoar, ou seja, conceder absolvição de uma falta, delito ou dívida. Também pode ser entendido como a dispensa de uma pena merecida, uma remissão. No contexto relacional, envolve a cessação de sentimentos de ressentimento ou vingança contra alguém que cometeu uma ofensa.
A doutrina bíblica do perdão enfatiza que o perdão oferecido por Deus remove os delitos praticados e apaga as transgressões, restabelecendo a comunhão com Deus que antes fora perdida por causa do pecado. Este perdão é possível graças ao sacrifício de Jesus Cristo, que pagou a pena completa pelos nossos pecados, permitindo que sejamos justificados diante de Deus.
Na Bíblia, o perdão de Deus é frequentemente descrito como um ato de remover ou afastar os pecados. Em Salmos 103.12, por exemplo, lemos que “assim como o Oriente está longe do Ocidente, assim ele afasta para longe de nós as nossas transgressões”. Este afastamento indica que os pecados não são apenas cobertos, mas completamente removidos, de modo que não nos condenam mais.
Em Isaías 43.25, Deus declara: “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro”. O uso do termo “apagar” sugere a eliminação completa do registro dos pecados, significando que eles não são mais considerados contra nós. Esta é uma imagem poderosa da graça de Deus que não mantém um registro das nossas falhas, mas as elimina totalmente.
O perdão de Deus não apenas remove o pecado, mas também restaura a comunhão que foi quebrada por ele. 2 Coríntios 5.18-19 explica que Deus, em Cristo, estava reconciliando o mundo consigo mesmo, não imputando aos homens os seus pecados. Esta reconciliação significa que, através do perdão, somos trazidos de volta à comunhão com Deus, tendo a barreira do pecado removida.
A compreensão do perdão na teologia cristã é essencial para a vida espiritual, pois revela a profundidade da misericórdia de Deus e a restauração completa que Ele oferece. O perdão é tanto um dom de Deus para nós quanto um chamado para refletirmos esse mesmo espírito de graça em nossos relacionamentos com os outros. Ao perdoarmos, participamos da natureza divina, estendendo a mesma compaixão e misericórdia que recebemos de nosso Pai celestial.
O arrependimento genuíno e sincero se configura como um passo fundamental na jornada do pecador em busca da redenção e do perdão divino.
O homem pecador necessita se arrepender dos seus pecados diante de Deus por várias razões teológicas fundamentais:
Reconhecimento da Santidade de Deus: Deus é absolutamente santo e justo. O pecado, portanto, é uma ofensa contra Sua natureza. Sem arrependimento, o pecador permanece em estado de rebelião contra Deus.
Restabelecimento da Comunhão: O pecado rompe a comunhão entre Deus e o homem. O arrependimento é o caminho para restaurar essa relação.
Recebimento do Perdão: O perdão de Deus está condicionado ao arrependimento sincero do pecador. Sem arrependimento, não há remissão dos pecados (Atos 3.19).
Na primeira pregação de Pedro após o Pentecostes, os ouvintes, ao serem confrontados com a verdade do Evangelho, sentiram uma profunda inquietação. Atos 2.37 diz: “E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos?“
A frase “Que faremos?” em grego é “τί ποιήσωμεν” (ti poiēsōmen), que expressa uma angustiante e urgente busca por direção, orientação e ação. Os ouvintes estavam convictos de sua culpa em face da realidade do pecado e da necessidade de redenção, portanto, buscavam um meio de se reconciliar com Deus.
Pedro, em sua resposta contundente, apresenta o arrependimento como o caminho para o perdão e a salvação: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38).
No texto, a palavra “arrependei-vos” em grego é “μετανοήσατε” (metanoēsate), que significa uma mudança de mente, um redirecionamento completo de vida. Pedro destaca que o arrependimento é o primeiro passo para receber o perdão dos pecados. A frase “para remissão dos vossos pecados” é no grego “eis aphesin ton hamartion hymon” destaca o objetivo do arrependimento: a remissão, o perdão completo dos pecados, concedido por Deus através da fé em Jesus Cristo.
O perdão dos pecados está intrinsicamente ligado ao arrependimento. Sem um arrependimento genuíno, que implica em uma mudança de atitude e comportamento, o perdão não pode ser concedido. A falta de arrependimento indica uma continuidade na rebelião contra Deus, tornando impossível a restauração da comunhão com Ele.
Romanos 2:4 diz: “Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus te leva ao arrependimento?” Este versículo ensina que é a bondade de Deus que nos conduz ao arrependimento. Deus, em Sua misericórdia e paciência, nos dá oportunidades para nos voltarmos para Ele. O reconhecimento da bondade de Deus deve levar-nos a uma resposta de gratidão e mudança de coração, resultando em arrependimento.
Porém, o homem por si mesmo é incapaz de arrepender-se. O Espírito Santo tem um papel crucial em convencer o pecador do pecado, da justiça e do juízo, conforme João 16:8. O Espírito Santo, através da pregação do Evangelho, ilumina a mente do pecador, fazendo-o ver a gravidade do seu pecado e a necessidade de arrependimento. Neste caso, “convencer” significa persuadir profundamente, gerando um senso de urgência e necessidade de mudança. Sem essa obra do Espírito Santo, o pecador não reconheceria plenamente sua condição e não buscaria o perdão. Assim, o pecador é confrontado com a realidade do pecado e a necessidade de redenção, conduzindo-o ao arrependimento e à busca pelo perdão divino.
O arrependimento genuíno se configura como um requisito fundamental para o pecador que busca o perdão e a salvação em Deus. Através do arrependimento, reconhecemos nossa falha e nos submetemos à misericórdia divina, abrindo caminho para a redenção e a vida eterna em Cristo Jesus. A justiça própria do homem não pode absolvê-lo diante de Deus. Isaías 64:6 diz que todas as nossas justiças são como trapo de imundícia, portanto, a justiça humana falha em nos absolver, mas a justiça de Deus, manifestada em Jesus Cristo, nos oferece o perdão e a reconciliação, tornando-nos justos aos Seus olhos.
A confissão dos pecados é ato fundamental na jornada de fé do cristão, transcende a mera admissão de erros. É um processo profundo e transformador que nos aproxima de Deus e restaura nossa comunhão com Ele. Através da confissão, reconhecemos nossa falha, buscamos perdão e experimentamos a misericórdia divina em nossas vidas.
A palavra “confissão” vem do latim “confessio”, que significa “declaração” ou “reconhecimento”. O verbo “confessare” é composto de “con-” (junto, completamente) e “fateri” (admitir, reconhecer) ou seja, significa “dizer tudo”, “revelar completamente”, implicando um reconhecimento ou declaração plena de algo, especialmente de pecados ou faltas.
No hebraico, a palavra para confissão no Antigo Testamento é “יָדָה” (yadah), que pode significar “dar graças” ou “confessar”. Em contextos de confissão de pecados, implica reconhecer publicamente ou diante de Deus as próprias faltas (exemplo: Lv 5:5).
No grego do Novo Testamento, a palavra usada é “ὁμολογέω” (homologeō), que significa “dizer o mesmo”, “admitir” ou “confessar”. Este termo sugere concordância ou alinhamento com a verdade sobre si mesmo diante de Deus (exemplo: 1 Jo 1:9).
Romanos 3.23 nos apresenta a dura realidade da condição humana: “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Essa afirmação universal nos confronta com a nossa natureza pecaminosa e a distância que nos separa de Deus. Trata-se da condição universal de pecado de toda a humanidade. Todos os seres humanos, sem exceção, estão separados da glória de Deus devido ao pecado. Isso enfatiza a necessidade de redenção e reconciliação através de Jesus Cristo, pois ninguém pode alcançar a justiça por seus próprios méritos. Sem o perdão divino, somos incapazes de alcançar a comunhão perfeita com o Criador.
No entanto, Deus estabeleceu um caminho para que este estado universal de pecaminosidade do ser humano se resolva – a confissão dos nossos pecados tendo por fundamento, o sacrifício de Jesus Cristo!
1 João 1:9
9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. (ARC)
Esse versículo nos revela a essência da confissão: o reconhecimento do pecado, a busca pelo perdão e a promessa da purificação. O texto apresenta uma promessa clara: a confissão sincera dos pecados a Deus resulta em perdão e expurgação dos pecados. Isso implica que a confissão deve ser genuína, acompanhada de arrependimento. Deus é fiel em cumprir Suas promessas e justo em perdoar, por causa do sacrifício expiatório de Jesus. Já em Provérbios 28:13 encontramos: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”. Este provérbio destaca a necessidade de não apenas confessar, mas também abandonar os pecados. A verdadeira confissão deve ser resoluta e determinada, evidenciada pelo abandono das práticas que desagradam a Deus. A promessa é que tal atitude resultará em misericórdia e prosperidade, tanto material quanto espiritual.
Hernandes Dias Lopes elucida 1João 1.9. Leiamos:
“João fala acerca da comunhão com os irmãos (Jo 1.1.7) e da comunhão com Deus (Jo 1.1.9). Para termos comunhão uns com os outros precisamos andar na luz como Deus está na luz, e para termos comunhão com Deus precisamos reconhecer o pecado e confessá-lo.
O crente verdadeiro não é aquele que esconde seus pecados nem os justifica, mas os confessa a Deus para receber perdão e purificação. O pecado é maligno. Ele é treva e Deus é luz. O pecado faz separação entre o homem e Deus (Is 59.2). A única condição, portanto, para o homem ter comunhão com Deus é reconhecer o seu pecado e confessá-lo. Antes de termos comunhão com Deus precisamos ser perdoados e purificados. Destacamos aqui três sublimes verdades:
1 – A condição do perdão. “Se confessarmos os nossos pecados…”. Esta é a parte condicional da frase, que mostra nosso conhecimento do pecado. Encaramos o pecado aberta e honestamente sem escondê-lo ou achando desculpas para ele. Confrontamos os pecados que cometemos sem nos defendermos ou justificarmos. Confessamos nossos pecados para mostrar arrependimento.
O que é confessar os pecados? E concordar com Deus que pecamos. A palavra grega homologeo significa “homologar”, “concordar com”, “dizer a mesma coisa”. Confessar é concordar com o diagnóstico de Deus a nosso respeito, que somos pecadores e que temos cometido pecados, e assim verbalizamos essa concordância com tristeza e pesar.
Em vez de negar o pecado ou escondê-lo, devemos admitir a nossa culpa e confessar o nosso pecado. Esta é a condição do perdão e o caminho da comunhão com Deus.
Vale ressaltar, igualmente, que não se trata de uma confissão genérica, inespecífica e superficial. A verdadeira confissão requer a especificação dos pecados. Chamá-los pelo mesmo nome que Deus chama: inveja, ódio, mágoa, impureza. Confessar é ser honesto com Deus e consigo mesmo. E mais do que admitir o pecado, é julgá-lo.
2 – A base do perdão. “[…] ele é fiel e justo…” A garantia e a segurança do perdão estão no caráter fiel e justo de Deus. A segurança da salvação não está edificada sobre o frágil alicerce da confiança humana, mas sobre a rocha firme da pessoa divina e suas promessas. Deus é fiel às suas promessas e é justo para não aplicar em nós o castigo dos mesmos pecados que Jesus carregou sobre o corpo no madeiro. Deus é fiel para perdoar porque ele cumpre a sua aliança e sua promessa de perdoar os nossos pecados e não se lembrar mais deles. “Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais me lembrarei” (Jr 31.34; Hb 8.12; 10.17).
3 – A posse do perdão. “[…] para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”. E justamente de nossas “injustiças” que essa “justiça de Deus” nos purifica. John Stott diz que, na primeira frase, pecado é um débito que Deus quita, e, na segunda, uma mancha que ele remove. Deus perdoa os pecados e purifica de toda injustiça. Ele lava por fora e purifica por dentro. Deus não coloca mais os nossos pecados em nossa conta, este é o lado judicial; Deus limpa e purifica, este é o lado pessoal. O primeiro verbo, perdoar, descreve o ato de cancelar uma dívida e pagar pelo devedor. E o segundo verbo, purificar, se refere ao fazer do pecador alguém santo, de modo que possa ter comunhão com Deus. Deus toma a iniciativa, pois ele nos diz: “Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã” (Is 1.18).”
A confissão dos pecados é um ato essencial na vida do cristão. Através dela, reconhecemos nossa falha, buscamos o perdão divino e experimentamos a restauração da comunhão com Deus. Uma confissão genuína nos aproxima do Senhor e abre caminho para a prosperidade em todos os aspectos da vida. Que possamos sempre buscar a Deus com sinceridade e humildade, reconhecendo nossa necessidade de Sua graça e misericórdia em nossas vidas.
A palavra “constante” refere-se a algo que é contínuo, ininterrupto, firme e inabalável. No contexto da vida cristã e do estudo que ora estamos aplicados, ser constante envolve em uma dedicação persistente e regular às práticas e princípios da fé, como oração, leitura da Bíblia, arrependimento e santificação.
À primeira vista, a necessidade de confessarmos constantemente os pecados pode parecer incompatível com promessas como a de Hebreus 8.12, que afirma que Deus não se lembrará mais dos nossos pecados, ou Miqueias 7.19, que diz que Ele lançará nossos pecados nas profundezas do mar. É importante compreender que essas passagens não negam a realidade do pecado em nossas vidas, mas sim a misericórdia infinita de Deus e a eficácia do sacrifício de Jesus Cristo na cruz. Ao confessarmos nossos pecados, reconhecemos nossa falha e buscamos o perdão divino, que nos é concedido de forma completa e irreversível. Para alguns estudiosos, esses versículos (Hebreus 8.12 e Mq 7.19) mostram a promessa divina de não mais lembrar dos nossos pecados, simbolizando o completo perdão e a remoção da culpa. No entanto, isso não significa que não precisemos confessar nossos pecados continuamente. É crucial lembrar que, enquanto corpo carnal, estamos suscetíveis ao pecado. Essa natureza pecaminosa nos torna vulneráveis às tentações e nos leva a cometer falhas ao longo da caminhada. É por isso que a confissão constante se torna um ato essencial para o cristão. A reconciliação desses conceitos está na natureza do relacionamento contínuo com Deus:
Necessidade de Confissão: Apesar do perdão total e o esquecimento divino, nossa natureza carnal nos faz suscetíveis ao pecado. Confessar regularmente mantém nossa consciência limpa e nossa comunhão com Deus intacta.
Realidade do Perdão: O esquecimento de Deus quanto aos nossos pecados reflete a eficácia do sacrifício de Cristo e a graça divina. A confissão constante nos lembra da nossa dependência contínua dessa graça.
Para os nascidos de Deus, o pecado não deve ser visto como um estilo de vida, mas sim como um “acidente no percurso”. Através da fé em Jesus Cristo e da ação do Espírito Santo, buscamos viver em santidade, resistindo às tentações e lutando contra o pecado.
Na batalha contra o pecado, o cristão conta com poderosas armas espirituais:
A Palavra de Deus: A Bíblia é a nossa fonte de força e orientação. Através da leitura e meditação das Escrituras, encontramos sabedoria, discernimento e força para vencer as tentações. Salmos 119.11 nos diz: “Em meu coração escondi a tua palavra, para não pecar contra ti”.
Jesus usou a Palavra de Deus para resistir às tentações de Satanás no deserto (Mt 4:1-11), mostrando o poder da Escritura como defesa contra o pecado.
A Oração: A comunicação constante com Deus através da oração é fundamental para nossa vida espiritual. Através da oração, buscamos a força divina para resistir ao pecado, confessamos nossas falhas e imploramos por perdão. Tiago 4.7 nos ensina: “Submetei-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós”.
Daniel orava três vezes ao dia, independentemente das circunstâncias, demonstrando a importância da oração constante (Dn 6:10).
A Vigilância: A vida cristã exige constante vigilância contra as tentações e o pecado. Devemos estar atentos aos nossos pensamentos, palavras e ações, buscando sempre seguir os ensinamentos de Deus. 1 Pedro 5.8 nos adverte: “Sede sóbrios, vigiai; porque o vosso adversário, o diabo, como leão que ruge, anda em busca de quem possa tragar”.
Jesus frequentemente alertava Seus discípulos para estarem vigilantes e orarem, especialmente em momentos críticos (Mc 14:38).
O ato contínuo de pedirmos perdão a Deus faz parte do processo de santificação do crente em Jesus Cristo. A cada falha cometida, somos alertados pelo Espírito Santo que violamos os ensinamentos de Deus e que precisamos recorrer a Ele para nos purificarmos e seguirmos na caminhada de santificação.
É importante diferenciar a justificação da santificação. A justificação é um ato instantâneo e completo, pelo qual somos declarados justos aos olhos de Deus através da fé em Jesus Cristo. Já a santificação é um processo contínuo de transformação do nosso caráter, à medida que nos aproximamos da semelhança de Cristo (é claro que na teologia, há também a santificação posicional em que Deus nos vê como santos em Cristo (Hb 10:10)).
O pecado é um obstáculo nesse processo de crescimento espiritual e deve ser tratado mediante a confissão e o arrependimento. Ao confessarmos nossos pecados e buscarmos o perdão divino, abrimos caminho para que o Espírito Santo continue a trabalhar em nossas vidas, moldando-nos à imagem de Cristo.
A vida cristã é uma jornada de constante crescimento e transformação. Através da confissão contínua dos pecados, da luta contra as tentações e da busca pela santificação, nos aproximamos cada vez mais de Deus e experimentamos a plenitude da vida em Cristo Jesus. Que possamos sempre nos manter firmes na fé, utilizando as armas espirituais que Deus nos deu para vencer o pecado e viver uma vida santa e agradável ao Senhor.
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Equipe EBD Comentada
Postado por ebd-comentada
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