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Betel Adultos – 2º Trim. 2025 – 08-06-2025 – L10 – Contribuições: investindo na expansão do Reino de Deus

08/06/2025

Evangelista Cláudio Roberto de Souza

TEXTO ÁUREO

Filipenses 4.19 

19 O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus.

TEXTOS DE REFERÊNCIA

Filipenses 4.14-18 

14 Todavia, fizestes bem em tomar parte na minha aflição.

15 E bem sabeis também vós, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente.

16 Porque também uma e outra vez me mandastes o necessário à Tessalônica.

17 Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que abunde a vossa conta.

18 Mas bastante tenho recebido e tenho abundância; cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus.

OBJETIVOS DA LIÇÃO

  • Identificar o socorro de Deus;
  • Saber que apoiar os missionários faz parte da vida cristã;
  • Reconhecer que investirem missões é investir no Reino.

INTRODUÇÃO

Nesta oportunidade, estudaremos sobre o tema: “Contribuições: investindo na expansão do Reino de Deus”.

Nesta lição, investigaremos como a Bíblia sustenta a missão da Igreja e a forma como cada membro deve colaborar para que os missionários enviados pela comunidade local possam levar o evangelho ao mundo.

Em Lucas 10:7, Jesus ensina que aqueles que são enviados a uma cidade devem aceitar a hospedagem e o alimento oferecidos, mostrando que, desde o início, a missão cristã depende de relações de ajuda mútua e de generosidade cultural, já que, na sociedade judaico-romana do primeiro século, receber hóspedes era uma obrigação de honra (Francois, The Gospel of Luke for Everyone, SPCK, 2006). Em 1 Coríntios 9:1-14, Paulo defende o direito dos pregadores de receber apoio material, usando exemplos do cotidiano – como soldados, agricultores e sacerdotes que não trabalham sem receber sustento –, para demonstrar que aqueles que pregam o evangelho devem poder dedicar-se de corpo e alma ao ministério, em vez de precisarem trabalhar para viver (Fee, The First Epistle to the Corinthians, Eerdmans, 1987). Já em 2 Coríntios 11:8-9, Paulo recorda como as igrejas da Macedônia compartilharam seus bens para sustentar seu trabalho, ressaltando que a prática de contribuir financeiramente pelos irmãos missionários é um testemunho prático do amor cristão e fortalece a unidade do Corpo de Cristo (Wenham, 2 Corinthians, IVP, 2000). Esses textos, juntos, nos mostram que a missão não é privilégio de poucos, mas um chamado coletivo: cada cristão faz parte de um corpo vivo, onde enviar e sustentar mensageiros de Cristo é tão essencial quanto orar por eles ou pregar pessoalmente. Com isso, os professores poderão mostrar aos alunos que o texto bíblico não apenas autoriza a atividade missionária, mas também estabelece uma rede de compromisso mútuo, cultura de hospitalidade e solidariedade financeira que refletia valores da época e continua vital para a expansão do Reino de Deus hoje.

1 – O APOIO DA IGREJA AOS MISSIONÁRIOS

Entender que todo crente tem a responsabilidade de anunciar o Evangelho começa em Romanos 10, onde Paulo nos lembra que a fé brota ao “ouvir” a mensagem de salvação (Rm 10.17), o que nos leva a perceber, em primeiro lugar, que não se pode crer em algo que não foi ouvido; historicamente, num contexto em que as pessoas dependiam de ouvintes e pregadores itinerantes, a única forma de alguém receber a pregação era ter alguém disposto a repassar a mensagem oralmente, pois livros e manuscritos eram caros e raros no império romano (Lenski, The Interpretation of St. Paul’s Epistle to the Romans, Baker Book House, 1961).

Em seguida, Paulo pergunta: “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão se não houver quem pregue?” (Rm 10.14-15), ressaltando que é imprescindível haver missionários — pessoas treinadas e enviadas — para comunicar a Palavra; esse envio não era entendido apenas como um ato burocrático, mas sim como uma transferência de autoridade apostólica fundada na tradição judaica de mensageiros escolhidos, refletida também no Antigo Testamento (Edersheim, Sketches of Jewish Social Life, Wipf & Stock, 1998).

Ao considerarmos o verbo “enviar” (πεμπεῖν) em grego, vemos que Paulo ecoa o modelo de mensageiros divinos do Judaísmo, mostrando que o anúncio do Evangelho carrega um chamado sagrado, não sendo tarefa de um indivíduo isolado, mas de um Corpo com função bem definida (Carson, The Gospel according to Romans, Eerdmans, 1991). Por fim, ao apontar Filipenses 4.16 “…e em Tessalônica me ajudastes duas vezes para as minhas necessidades…”, Paulo evidencia que a colaboração financeira e material dos crentes para com quem se dedica ao ministério é tão essencial quanto a oração, pois, no primeiro século, sustentar o missionário significava prover hospedagem, refeições e recursos para que esse mensageiro pudesse focar-se exclusivamente na pregação, sem distrações com trabalhos diários (Mounce, A Theology of Philippians, Zondervan, 1997).

Assim, somos lembrados de que anunciar as Boas Novas a todas as pessoas exige não só o desejo de compartilhar a fé, mas também a prática concreta de apoiar aqueles que dedicam suas vidas a esse serviço, refletindo tanto a cultura de hospitalidade vigente na época de Jesus quanto o princípio de amor mútuo que sustenta o Corpo de Cristo ainda hoje.

1.1 – Amando a obra missionária

Cultivando o amor pela obra missionária 

Quando falamos que ter afeição pelo trabalho de levar o Evangelho aos outros é parte central da vida cristã, queremos dizer que esse sentimento precisa nascer no coração de cada discípulo de Jesus e permanecer ativo dia após dia. Em Marcos 16:15, Jesus ordena aos Seus seguidores: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”. Para entendermos o peso dessa palavra, vale lembrar que, na Palestina do primeiro século, um rabino atraía discípulos principalmente pelo poder de ensinar a Lei e as Escrituras, mas Jesus foi além: Ele designou seus seguidores não apenas para ouvir, mas para sair e anunciar boa notícia. Conforme William Larkin explica em Mark: An Expository Commentary (Baker Academic, 2007), a expressão grega εἰς πᾶσαν κτίσιν revela um alcance universal que contrasta com o enfoque religioso localista da época. Portanto, ensinar aos alunos que a devoção missionária não é um “extra” na caminhada cristã, mas sim algo que precisa ser nutrido desde o momento em que aceitamos Jesus, ajuda a situar o “Ide” não como um comando eventual, mas como um traço constante de amor que reflete a compaixão de Cristo por todas as pessoas, sem distinção de raça, classe social ou barreiras culturais.

Cumprindo o “Ide” e agradando a Cristo 

Dizer que atender à ordem de “ ir” agrada a Cristo significa reconhecer que Ele mesmo viveu um ministério de envio, espelhado no relacionamento perfeito entre o Pai e o Filho. Em Mateus 22:9, Jesus usa uma parábola para mostrar que aqueles que são chamados precisam responder ao convite — não só misteriosamente, mas de forma concreta; o enviado deve atender ao chamado. Já em João 20:21, depois da ressurreição, Jesus declara a Seus discípulos: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.” Essa linguagem ecoa antigos costumes judaicos, em que enviadores e enviados tinham um selo de autoridade: uma carta ou missão só era válida se viesse diretamente da pessoa que ordenava (Edersheim, Sketches of Jewish Social Life, Wipf & Stock, 1998). Conforme R. T. France observa em The Gospel of Matthew (Eerdmans, 2007), essa ideia de “enviar” insere o discípulo num projeto divino maior, fazendo-o participar do próprio vínculo filial entre Jesus e o Pai. É importante ressaltar que, na cultura greco-romana, o ato de enviar um mensageiro ou embaixador envolvia treinamentos especiais, instruções detalhadas sobre a rota e provisões para o caminho. Assim, obedecer ao “Ide” não era só uma palavra de ordem espiritual, mas envolvia planejamento, compromisso e confiança naquele que envia.

A última mensagem de Jesus e apoio aos missionários 

Quando refletimos sobre as últimas instruções de Jesus antes de Sua ascensão, encontramos em Atos 1:8 que Ele prometeu autoridade e poder pelo Espírito Santo para sermos Suas testemunhas “até os confins da terra”. Isso vai além de simplesmente narrar um discurso: era uma convocação para que toda a Igreja, não apenas os doze apóstolos, participasse de um movimento global, numa época em que viajar por longas distâncias significava enfrentar estradas perigosas, piratas e falta de alimentos. F. F. Bruce destaca em The Book of Acts (Eerdmans, 1954) que a expressão “confins da terra” refletia o conhecimento geográfico limitado daquele tempo, mas também apontava para a totalidade do mundo civilizado, incluindo Ásia Menor, Grécia, Roma e além. Depois disso, em Atos 13:47, vemos Paulo e Barnabé citando Isaías 49:6 para fundamentar o envio ao campo missionário: “Eu te pus para luz dos gentios, a fim de que sejas para a salvação até aos confins da terra.” I. Howard Marshall, em The Acts of the Apostles: An Introduction and Commentary (Eerdmans, 1980), ressalta que a missão não era privilégio dos líderes religiosos em Jerusalém, mas sim um chamado para a igreja nascente em Antioquia estender o cuidado espiritual além de suas fronteiras. Isso mostra que amar a obra missionária implica, de forma prática, oferecer suporte — orando, hospedando e, sobretudo, contribuindo financeiramente — para que homens e mulheres preparados possam levar a mensagem de salvação a regiões desconhecidas, até onde a voz humana dificilmente chegaria sozinha.

O Bispo Abner Ferreira aponta corretamente que há três formas de colaborar com a missão: indo, orando e dando recursos. Essa mesma ênfase podemos encontrar em John Piper, que, em Let the Nations Be Glad: The Supremacy of God in Missions (Baker Books, 1993), argumenta que “a igreja expressa o amor de Cristo aos povos ao enviar seus filhos ao campo missionário, ao sustentar via intercessão e ao prover meios materiais para que o evangelho alcance corações distantes.” Piper ressalta que, no primeiro século, sustentar um missionário ou um apóstolo significava oferecer abrigo, alimentos e até segurança em travessias marítimas, pois navios mercantes frequentemente cobravam altas taxas para passageiros. Assim como Abner, Piper entende que sem nossa oferta sincera o avanço do Reino encontra obstáculos. No entanto, orar e contribuir, não substitui o Ide. Todos recebemos a ordem de ir!

Aplicação: Para que esse ensino faça sentido em nossos dias, imagine o seguinte exemplo: uma professora de uma escola primária descobre que uma colega, missionária em outro país, precisa de recursos para abrir uma creche em uma aldeia indígena remota. Ela poderia apoiar essa causa de três formas: aprendendo a língua local e planejando viagens de curta duração para ensinar educadores, incluindo lições bíblicas; dedicando um tempo semanal para orar por essa creche e por sua equipe; e colaborando com parte de seu salário ou organizando eventos beneficentes na paróquia para arrecadar fundos. Assim como a cultura do deserto de Judá valorizava o sítio de águas e o oásis como pontos de sustento para viajantes, hoje precisamos criar “oásis” de apoio financeiro, emocional e espiritual para os missionários modernos, garantindo que o evangelho continue fluindo sem barreiras.

Pergunta para Reflexão: Se cada cristão entendesse que apoiar missionários é tão urgente quanto cuidar de um viajante sedento no deserto, qual seria o impacto de nossa igreja no mundo?

1.2 – Cooperando com a obra missionária

Entendendo a contribuição financeira como cooperação divina 

Quando afirmamos que dar recursos ao trabalho de Deus através da igreja não deve gerar vergonha, mas sim ser visto como um presente, estamos ressaltando que ajudar financeiramente faz parte de nossa parceria com o Senhor. Em 3 João 1:8, João diz que deveríamos “receber de boa vontade aqueles que vêm em nome de Cristo e trabalhar por eles cooperar com a verdade”, mostrando que, no primeiro século, apoiar missionários significava assumir uma responsabilidade espiritual: não era apenas enviar dinheiro, mas tornar-se corresponsável pela proclamação da mensagem. É interessante lembrar que, naquele contexto, os crentes viviam em comunidades próximas, muitas vezes compartilhando refeições e lares, pois as estruturas públicas de assistência social eram escassas no mundo greco-romano (Lightfoot, The Epistles of St. Peter and St. Jude, Macmillan, 1876). Além disso, em Romanos 12:13, Paulo incentiva: “A cada um exerça o dom que recebeu, administrando-o aos outros, especialmente aos santos que estão em necessidade”, o que reflete a prática da igreja primitiva de olhar uns pelos outros, como numa grande família espiritual. Ao lembrarmos que não somos proprietários do que temos, mas simplesmente mordomos dos bens que Deus nos confiou, entendemos melhor por que contribuir deixa de ser um fardo e passa a ser um ato de gratidão e parceria com o plano divino, cumprindo o papel de “cooperadores de Deus” (1 Coríntios 3:9), conforme explicou Gordon D. Fee em Paul’s Letter to the Philippians (Eerdmans, 1995), enfatizando que a doação sincera provém de um coração que reconhece que tudo pertence ao Senhor.

Chamados a diferentes ministérios: envio e sustento 

Quando o texto menciona que Deus designa alguns para ir ao campo missionário e outros para dar suporte material, está mostrando que a fé cristã depende tanto do testemunho dos que vão quanto do apoio dos que ficam. Em Romanos 12:13, leremos que devemos “praticar a hospitalidade” e “auxiliar os necessitados”, o que, no primeiro século, significava abrir as portas da própria casa para viajantes e professores itinerantes, pois não existiam hotéis como conhecemos hoje. David Garland, em seu comentário 1 Corinthians (Eerdmans, 2003), aponta que essa divisão de funções remonta ao modelo israelita de sacerdotes e levitas: alguns se dedicavam ao templo, outros garantiam os recursos para que o culto fosse mantido. Quando Paulo diz em 1 Coríntios 3:9 que somos “cooperadores de Deus”, ele reforça que o trabalho do evangelho não é fruto de esforços isolados, mas sim de uma parceria em que cada membro exerce um papel específico, seja plantando igrejas, seja preparando o alimento e o abrigo que permitem que o missionário dedique-se exclusivamente à mensagem.

Alegria em contribuir para o projeto divino 

A ênfase de que o ministério missionário não nasce de inventivas humanas, mas é parte de um desígnio divino, ensina-nos que doar recursos não pode ser visto como cumprimento de uma obrigação mecânica, mas como expressão de júbilo por fazermos parte do que Deus está realizando. Em 2 Coríntios 9:7, lemos: “Cada um contribua segundo propôs no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.” Nesse versículo, Paulo se dirige aos coríntios indicando que a qualidade da oferta fala mais alto do que o valor: dar com relutância ou motivados apenas pela pressão social não agrada ao Senhor. É relevante notar que, na sociedade greco-romana, havia apoio, onde ricos frequentemente ajudavam intelectuais ou artistas para ganhar prestígio; contudo, Paulo reorienta essa lógica, ensinando que a motivação cristã não visa honra humana, mas a expansão do Reino de Deus. Jack Deere, em Surprised by the Power of the Spirit (Zondervan, 1993), comenta que a igreja em Filipos exemplificou isso ao sustentar Paulo mais de uma vez (Fp 4:16), mostrando generosidade espontânea e contínua, sem esperar nada em troca, modelo que nossas comunidades podem seguir hoje.

Mulheres sustentadoras no ministério de Jesus 

O evangelista Lucas nos apresenta duas realidades paralelas: enquanto Jesus percorria vilarejos e cidades pregando, havia um grupo de mulheres que o acompanhava e supria suas necessidades (Lucas 8:1-3). Essa passagem nos revela três pontos cruciais. Primeiro, em meio a um contexto em que a maioria dos rabinos era sustentada apenas por seguidores masculinos ou pela própria família, essas mulheres – Maria Madalena, Joana, Susana e outras – assumiram uma posição ativa, muitas vezes vendendo propriedades para custear viagens, hospedagens e até medicamentos para o grupo (Bock, Luke 1:1–9:50, Baker Academic, 1994). Em segundo lugar, é importante considerar que, culturalmente, mulheres que haviam sido curadas e libertas de espíritos malignos (como Madalena, de quem saíram sete demônios) encontraram nessa provisão um meio de expressar gratidão – algo que na Palestina retratava a transformação social gerada pela compaixão de Jesus (Knight, The Gospel of John and the Johannine Epistles, Eerdmans, 1992). Por fim, essa atitude revela que, mesmo em sociedades onde o papel feminino era limitado, Deus capacitava mulheres para desempenhar papéis essenciais no avanço da Boa Nova, mostrando que, quando dizemos que somos uma família espiritual, não podemos limitar quem serve apenas a funções secundárias; todos são responsáveis por manter o ministério vivo, seja pregando, orando ou oferecendo recursos materiais.

N. T. Wright, em Luke for Everyone (SPCK, 2001), destaca que Lucas não menciona casualmente a presença dessas mulheres; ele quer sublinhar que o Reino de Deus transcende barreiras de gênero e classe social. Wright explica que, naquela cultura, várias delas provavelmente vinham de famílias com propriedades agrícolas ou negócios locais, e vender parte de seus bens para sustentar Jesus evidencia uma mudança radical de prioridades — de ganho pessoal para investimento no Reino. Para Wright, isso provê um modelo para as igrejas contemporâneas: identificar pessoas dispostas e capacitá-las a usar seus recursos de maneira sacrificial, rompendo paradigmas culturais que às vezes ainda limitam o envolvimento feminino no suporte prático ao evangelho.

Aplicação: Imagine uma pequena comunidade na periferia de uma grande cidade: ali, algumas famílias possuem pequenos negócios – uma quitanda, uma oficina mecânica e um salão de beleza. Quando um jovem casal da igreja local decide realizar um projeto missionário numa aldeia ribeirinha distante, essas famílias organizam-se para arrecadar fundos vendendo doces caseiros e camisetas personalizadas, enquanto outras pessoas do grupo se comprometem a orar diariamente para que a travessia fluvial seja segura e os moradores locais estejam receptivos. Além disso, algumas mulheres que trabalham como cabeleireiras oferecem cortes de cabelo gratuitos cujas doações são revertidas ao casal missionário. Assim como as mulheres no tempo de Jesus, essas pessoas usam dons e recursos correntes para que a mensagem chegue a lugares remotos. Esse gesto ensina que contribuir financeiramente não é apenas enviar dinheiro, mas mobilizar dons, talentos e tempo como expressão de gratidão pelas bênçãos recebidas, ajudando a conectar recursos locais a necessidades globais.

Pergunta para Reflexão: Se entendermos que sustentar missionários hoje pode envolver não apenas dinheiro, mas também compartilhamento de habilidades e dons, de que forma você pode usar o que já possui — seja um negócio, um talento artístico ou suas horas livres — para cooperar com o avanço do evangelho e demonstrar amor prático a quem ainda não ouviu as Boas Novas?

1.3 – A oferta missionária

A participação dos membros do Corpo de Cristo na missão 

A ideia de que cada cristão deve colaborar com o avanço das missões está em Atos 8:4, onde lemos que, depois da perseguição em Jerusalém, “todos, exceto os apóstolos, saíram pregando a Palavra”. Isso mostra que a responsabilidade de divulgar o evangelho não era dos líderes apenas, mas de toda a comunidade cristã. Em Romanos 12:4-5, Paulo explica que, assim como nosso corpo tem várias partes — cada uma com função diferente —, a igreja também é um organismo em que cada membro exerce um papel específico. Gordon D. Fee, em Paul’s Letter to the Romans (Eerdmans, 1994), comenta que nessa metáfora do corpo Paulo convida os crentes a perceberem que ninguém pode ficar “de fora” do movimento missionário: quem ora, quem acolhe estrangeiros, quem ensina ou quem ajuda financeiramente está contribuindo para o progresso do Reino, assim como quem prega diretamente nas ruas ou em terras distantes.

A importância de uma contribuição honesta e intencional 

Ao enfatizar que colaborar de maneira transparente e sincera é essencial, o texto faz referência à partilha voluntária descrita em Atos 4:34, quando “não havia necessitados entre eles, porque todos repartiam o que possuíam”. Esse modelo de comunhão surgiu num contexto judaico-romano em que as famílias frequentemente mantinham bens próprios para garantir seu sustento, mas a comunidade cristã primitiva decidiu compartilhar não por obrigação social, e sim por convicção de que tudo vinha de Deus. Por outro lado, a tragédia de Ananias e Safira (Atos 5:1-11) demonstra que, quando alguém tenta enganar a Deus, a consequência foi a morte imediata do casal — um alerta grave de que Deus valoriza o coração mais do que o valor da doação. I. Howard Marshall, em The Acts of the Apostles: An Introduction and Commentary (Eerdmans, 1980), ressalta que esse incidente sublinha a seriedade com que a igreja primitiva tratava a co-participação na missão: não se tratava de filantropia qualquer, mas de partilhar o sustento daqueles empenhados em levar a Boa Nova a outros.

A visão de Loren Cunningham e Janice Rogers sobre a rede de contribuições 

Loren Cunningham e Janice Rogers destacam que, quando cada crente dá conforme o que Deus colocou em seu coração, a igreja não apenas envia recursos, mas cria uma teia de apoio que envolve oração, comunicação e solidariedade em todo o mundo. Eles afirmam que a motivação de Deus não está no dinheiro por si, mas no vínculo que se forma entre pessoas conectadas pelos mesmos propósitos. No primeiro século, viagens missionárias eram dispendiosas: as estradas eram perigosas e as rotas marítimas, controladas por piratas ou altos impostos portuários. Ao destinar parte de seus bens para sustentar alguém em outro país, os cristãos primitivos aprendiam a expandir seus horizontes, enxergando outros povos como parte de sua família espiritual. David Bosch, em Transforming Mission: Paradigm Shifts in Theology of Mission (Orbis Books, 1991), corrobora essa visão ao explicar que a prática de enviar e sustentar missionários não se resume à transferência de recursos, mas é a construção de uma interdependência global que reflete o mandamento de amar o próximo como a si mesmo (Mateus 22:39), fortalecendo a consciência de que o evangelho é, por natureza, colaborativo e internacional.

David Bosch, em Transforming Mission: Paradigm Shifts in Theology of Mission (Orbis Books, 1991), reforça que a contribuição financeira para missões tem um valor estratégico muito além da mera provisão de recursos. Bosch aponta que, ao investir em diferentes países, o cristão atualiza o princípio apostólico de Atos 11:29: “Cada um contribua segundo tiver prosperado” e forma uma rede que une igrejas locais a projetos ao redor do globo. Para ele, essa rede de orações e ofertas é a evidência concreta de que o evangelho não conhece fronteiras e transforma mentalidades, pois “a igreja, ao sustentar missionários, assegura que cada comunidade receba o testemunho do evangelho sem depender exclusivamente de expressões culturais locais” (p. 550).

Aplicação: Imagine que numa cidade pequena, um grupo de professores decide participar de uma conferência sobre alfabetização bíblica em uma região remota do país. Para ajudar, eles organizam uma venda de bolos e artesanatos na escola dominical, disponibilizam sala de aula para sessões de oração e convidam amigos da igreja a dedicar ao menos uma hora na semana para enviar mensagens de encorajamento por vídeo aos missionários locais. Da mesma forma, um mecânico oferece revisão gratuita em troca de doações que iriam custear moedas e alimentos para equipes missionárias vivendo em vilarejos distantes. Assim, cada ação — seja vendendo algo, cedendo espaço para reuniões de oração ou usando habilidades próprias — torna-se parte de uma corrente que amplia o alcance do evangelho, lembrando-nos que nossos recursos e talentos, por mais simples que pareçam, tornam-se poderosos quando entregues de coração ao serviço de Deus.

Pergunta para Reflexão: De que maneiras você pode transformar seus dons — desde suas habilidades profissionais até seu tempo disponível — em peças-chave de uma “rede” que impulsiona missões em lugares difíceis de alcançar, demonstrando que o verdadeiro tesouro da igreja não é apenas o dinheiro, mas o compromisso amoroso com o avanço do Reino de Deus?

2 – INVESTINDO NA EXPANSÃO DO REINO

Evangelista Cláudio Roberto de Souza

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Postado por ebd-comentada


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