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06/05/2021
Este post é assinado por Leonardo Novais de Oliveira
“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim.” Lamentações de Jeremias 3.22
LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS 3.21-26
21 Disto me recordarei no meu coração; por isso, tenho esperança.
22 As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim.
23 Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade.
24 A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nele.
25 Bom é o Senhor para os que se atêm a ele, para a alma que o busca.
26 Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do Senhor.
Olá, irmãos e irmãs, Paz do Senhor.
Nesta aula, abordaremos um tema de extrema importância para a vida cristã, a misericórdia do Senhor.
O pastor Valdir Alves de Oliveira utiliza o texto escrito pelo profeta Jeremias, em seu livro de lamentações para abordar este tema, pois, ele nos mostra que, mesmo diante de tudo o que havia acontecido com os judeus no tocante ao cativeiro, o Senhor ainda tinha misericórdia para distribuir.
Parece impensável falar em misericórdia diante da destruição do templo e da cidade de Jerusalém e da prisão e deportação de milhares de judeus, porém, após compreender que eles poderiam ter sido dizimados, o profeta Jeremias aprende que deve trazer à sua memória, o que lhe podia dar esperança e então escreve o mais famoso versículo deste livro.
“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim”.
De acordo com o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, a palavra misericórdia tem os seguintes significados:
Tanto no A.T. como no N.T. esta palavra aparece dezenas de vezes demonstrando algo que faz parte dos atributos comunicáveis de Deus e, por várias vezes foi “derramado” sobre a vida dos judeus.
O conceito secular; este que apresentamos; é um pouco diferente do conceito bíblico; pois este é muito mais abrangente e está ligado à ação de Deus para com os seres humanos.
Apesar de algumas pessoas afirmarem que a palavra latina para misericórdia ser formada através da junção das expressões: “miseratio”, ligada à palavra “compaixão”; e “cordis”, ligada à palavra “coração”, sendo, portanto, traduzida como “compaixão do coração”, misericórdia vem do latim “merces, mercedis”, que quer dizer «pagamento», «recompensa», e veio a ser associada às recompensas divinas, ou seja, aos atos de compaixão celeste.
Existe um ditado no meio teológico que diz o seguinte:
“Misericórdia é quando Deus não nos dá o que merecemos”.
Este ditado está correto, porque, em se tratando de justiça, o Senhor é perfeito, sendo que a Bíblia nos mostra que nossa justiça; em comparação com a do Senhor; é como trapo de imundícia (Is 64.6), ou seja, como o pano que era utilizado pelas mulheres para conter o sangue durante o período menstrual, conhecido hoje como absorvente íntimo.
De forma prática, não merecemos nada, mas, pela misericórdia e graça do Senhor, além de sermos abençoados nesta vida, viveremos a eternidade com Ele.
É importante mencionar para os (as) alunos (as) que a palavra correta é VIVEREMOS e não passaremos, pois, a eternidade não tem fim. Pode parecer exagero gramatical, mas o sentido é totalmente diferente e deve ser ensinado em sala de aula.
O Senhor foi misericordioso com Adão e Eva, mesmo após a desobediência, pois já havia traçado o plano da redenção através de seu descendente chamado Sete.
Se observássemos o nosso comportamento como seres humanos, no tocante às coisas de Deus, será que teríamos misericórdia de nós?
Se observássemos o nosso comportamento como cristãos, demonstraríamos misericórdia por nós mesmos?
Isto é algo que pode ser comentado e discutido.
Conforme mencionamos, a misericórdia é um atributo de Deus, que foi comunicado aos seres humanos, porém, poucos conseguem exercê-lo.
Em se tratando dos cristãos, o Espírito Santo de Deus nos capacita a agir de forma misericordiosa com o próximo e isto deve ser exercitado diariamente.
Para compreendermos com profundidade o que esta palavra realmente significa, precisamos conhecer as palavras que foram utilizadas no hebraico e grego e, como existem 3 palavras no hebraico e 3 no grego, utilizaremos o comentário do renomado teólogo americano, Norman Champlim.
“No Antigo Testamento temos três palavras que devem ser consideradas:1. Hesed, que aponta para a ideia da sede física da compaixão, e que leva o indivíduo a sentir e exprimir compaixão. Ver Sal. 23:5; Jos. 2:12-14; Jer. 3:13, para exemplificar. Essa sede da compaixão eram as entranhas (modernamente atribuímos isso ao «coração») ou o ventre (ver Gên. 43:30; I Reis 3:26). É daí que se originam o amor e a misericórdia naturais, que se podem achar nos membros de uma mesma família, uns pelos outros, e que o homem espiritual é capaz de ampliar, envolvendo seus parentes distantes e outras pessoas. Deus estende a sua misericórdia a todas as criaturas vivas, sendo esse o alvo mesmo da espiritualidade, no tocante a esse aspecto. Uma mãe sente compaixão por seu bebê (ver Isa. 49:15); um pai por seu filho (ver Jer. 31:20); um amante por seu objeto amado (ver Osé. 2:19); um irmão por seu irmão (ver Amós 1:11). 2. Rhm, uma raiz hebraica que descreve as atitudes de Deus em relação à miséria e desgraça de seu povo, ou seja, a compaixão que isso provoca nele. O vínculo que une Deus às suas criaturas, leva-o a expressar compaixão para com todos os seres vivos. Até mesmo aqueles que nada merecem da parte dele recebem misericórdia (ver Isa. 13:18; Jer. 6:23; 21:7; 42:12; I Reis 8:50). Um aumentativo plural dessa raiz, rachamim, fala sobre a piedade, a compaixão, o amor e as emoções associadas (ver Sal. 103:4). Na verdade, hesed e rachamim são sinônimos virtuais. 3. A raiz hebraica chnn é usada para indicar a exibição de favor e misericórdia, de alguém mostrar-se gracioso para com outrem. Ver Deu. 7:2; Sal. 57:1; 123:2,3. A forma substantivada dessa raiz é chen, «favor», «sucesso», «aceitação», «fortuna». Essa palavra também aponta para a ideia de sentir compaixão, de poupar à pessoa favorecida, de não aplicar nenhum castigo a ela. O trecho de Deu. 7:2 diz que Israel não deveria poupar seus adversários; não obstante, Deus poupa a todos nós, pois os resultados da aplicação de sua justiça seriam desastrosos para com todos nós. Ver Lam, 3:22. No Novo Testamento também precisamos considerar três vocábulos, a saber:1. Éleos, «misericórdia», «compaixão», essa palavra grega ocorre por vinte e sete vezes: Mat, 9:13 (citando Osé. 6:6); 12:7; 28:23; Luc. 1:50,54,58,72,78; 10:37; Rom. 9:23; 11:31; 15:9; Gál. 6:16; Efé. 2:4; I Tim. 1:2; II Tim. 1:2,16,18; Tito 3:5; Heb, 4:16; Tia. 2:13; 3.17; I Ped. 1:3; II João 3; Jud. 2,21. A forma eieemosúne aparece por treze vezes: Mat. 6:2-4; Luc. 11:41; 12:33; Atos 3:2,3,10; 9:36; 10:2,4,31; 24:17, O verbo, eleéo, figura por vinte e nove vezes: Mat. 5:7; 9:27; 15:22; 17:15; 18:33; 20:30,31; Mar. 5:19; 10:47,48; Luc. 16:24; 17:13; 18:38,39; Rom. 9:15 (citando Êxo. 33:19); 9:16,18; 11:30-32; 12:8; I Cor. 7:25; II Cor. 4:1; Fil. 2:27; I Tim. 1:13,16; I Ped. 2:10; Jud. 22,23.O adjetivo eleémon ocorre por duas vezes: Mat. 5:7 e Heb, 2:17, A ideia de misericórdia está sempre relacionada à ideia de «graça» (no grego, cháris). 2. Oiktirmós, «simpatia», «compaixão». Essa palavra grega, que se refere às simpatias e interesses coletivos de Deus pelos homens, aparece por cinco vezes: Rom. 12:1; II Cor. 1:3, Fil. 2:1; Col. 3:12 Heb. 10:28. Sua forma adjetivada, oiktírmon, foi usada por duas vezes: Luc. 6:36 e Tia. 5:11. O verbo, oikeiro, aparece só por duas vezes: Rom. 9:15 (citando Êxo. 33:19). 3. Splágchna,«entranhas», está metaforicamente envolvida à ideia de misericórdia. Essa palavra grega aparece por onze vezes: Luc. 1:78; Atos 1:18; II Cor. 6:12; 7:15; Fil. 1:8; 2:1; Col. 3:12; File. 7,12,20;I João 3:17. O verbo, splagchnízomai, aparece por doze vezes: Mat. 9:36; 14:14; 15:32; 18:27; 20:34; Mar. 1:41; 6:34; 8:2; 9:22; Luc. 7:13; 10:33; 15:20.
De forma simples e prática, a misericórdia de Deus é o ato dele colocar seu “coração” em nossas misérias.
Precisamos deixar claro que o uso da palavra “coração” é um antropomorfismo, ou seja, o uso de uma palavra relacionado aos seres humanos para se referir a Deus, pois, Ele é Espírito, não tendo um coração.
Os judeus acreditavam que as emoções eram provenientes do coração e, por isto, vemos várias passagens relacionadas a este assunto no A.T.
Provavelmente isto acontecia por causa do aperto no peito que realmente sentimos quando tomamos um susto, sofremos alguma angústia ou passamos por um momento de euforia.
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Se observarmos o texto do livro de Lamentações de Jeremias, aprenderemos que o profeta tentou compreender os caminhos do Senhor, mas não conseguiu, pois, apesar de ter sido enviado como mensageiro para aquele povo, eles não se arrependeram, sendo levados cativos para a Babilônia, pelo rei Nabucodonossor.
Aos olhos humanos, a situação era de fracasso total, mas, mesmo diante de uma situação daquelas, a misericórdia do Senhor poderia ser experimentada, pois, como mencionamos, eles não foram mortos.
Antes dos judeus, nome dado aos povos do reino do Sul, Judá, com capital em Jerusalém, serem aprisionados, o reino do norte já havia sido levado cativo para a Assíria, mas, mesmo vendo o que havia acontecido com seus “irmãos”, os judeus continuaram pecando contra o Senhor até que a sentença foi dada.
O Senhor usou o profeta Jeremias para alertá-los, porém, estavam cegos em seus delitos e pecados.
Champlim diz que sendo Jeremias um homem espiritual teve que contemplar o que acontecera a um povo rebelde, que não quisera dar ouvidos às advertências do Senhor, e que, por isso, recebeu tão grande castigo nacional.
Existe um contraste interessante envolvendo o profeta Jeremias e o profeta Jonas, pois um falou e não foi ouvido e o outro não queria falar, pois sabia que o povo se arrependeria e Deus os perdoaria.
No caso de Jeremias, mesmo sabendo que o povo não o ouviria, profetizou e isto nos chama a atenção, pois, ele poderia ter feito como Jonas e se negado a profetizar, ainda que por motivos diferentes.
Jeremias nos traz um exemplo interessante de persistência, fé e exercício da misericórdia, pois, talvez ele pensasse que o Senhor pudesse mudar seus planos.
Será que agiríamos com mais misericórdia se soubéssemos que alguém está disposto a mudar? Será que o Senhor nos prova nesta questão? Será que o exercício da misericórdia precisa ser mais real no meio cristão?
Este é um tema que merece ser debatido em sala de aula, pois o Fruto do Espírito está intimamente ligado à misericórdia.
O Senhor é tão misericordioso que não tratou os judeus de acordo com seus pecados, pois, seria razoável matá-los, por tudo o que eles haviam feito, porém, como o Senhor utiliza o sofrimento de forma pedagógica, Ele permite que os judeus sofram, para que aprendam a lição.
Vemos a perfeição de Deus no cumprimento de seus planos, quando nos lembramos das promessas feitas a Abrão:
“Em ti serão benditas todas as famílias da Terra…”
Da descendência de Judá, nasceria o Messias, por isto, após permanecerem 70 anos no cativeiro, o remanescente volta para Jerusalém e recomeça sua vida com o Senhor.
As misericórdias do Senhor não têm fim, pois, Ele age com o intuito de ensinar o povo e não o destruir e sua misericórdia foi tão maravilhosa que providenciou para todos os que crerem em Jesus, chamado o Cristo, uma nova vida, repleta de bênçãos espirituais e materiais.
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados de Deus”. (2 Co 1.3,4 – ARC)
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Este versículo tem fácil interpretação quando nos dispomos a pensar, pois, enquanto estivermos vivemos, as misericórdias de Deus nos alcançarão, ou seja, se abrirmos os olhos após uma noite de sono, teremos sido alcançados por sua misericórdia.
De forma poética; se as trevas fazem alusão ao diabo e a luz a Deus; quando o sol nasce, o Senhor aparece nos trazendo mais um dia de esperança.
A tradição cristã ensina que devemos acordar e agradecer a Deus pelo dia e por estarmos vivos, exatamente por este motivo.
O Salmo 30 pode nos trazer uma bela comparação a respeito deste assunto.
“Cantai ao SENHOR, vós que sois seus santos, e celebrai a memória da sua santidade. Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida; o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”. (Sl 30.4,5 – ARC)
Neste texto, o salmista utiliza uma expressão comparativa, demonstrando que o tempo do sofrimento é como a noite, escura e sem vida, triste e vazia, porém, quando o sol aparece, tudo se renova.
É importante deixarmos claro em sala de aula que não existe um versículo que diz que a Palavra de Deus se renova a cada manhã.
Pode parecer brincadeira, mas existem muitas pessoas que afirmam isto.
O judaísmo não tem um cunho missionário, apesar de sabermos da existência de prosélitos, ou seja, não judeus que se converteram ao judaísmo, porém, no A.T. a promessa estava restrita a eles, como povos que descenderam de Abraão.
No N.T. tudo isto muda maravilhosamente e isto está claro em João 1.11,12, porém, o Senhor precisou falar com Pedro de uma forma anormal para que ele compreendesse que a salvação não seria uma exclusividade dos judeus.
“E disse-lhes: Vós bem sabeis que não é lícito a um varão judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros; mas Deus mostrou-me que a nenhum homem chame comum ou imundo”. (At 10.28 – ARC)
Esta questão foi tão marcante para Pedro que ele teve que se justificar perante a igreja em Jerusalém (At 11).
Se a salvação foi aberta para os que não são judeus, significa que TODAS as pessoas do mundo estão contempladas por ela e isto acontece pelo fato de TODOS os seres humanos estarem debaixo da culpa do pecado.
“Mas agora Deus já mostrou que o meio pelo qual ele aceita as pessoas não tem nada a ver com lei. A Lei de Moisés e os Profetas dão testemunho do seguinte: Deus aceita as pessoas por meio da fé que elas têm em Jesus Cristo. É assim que ele trata todos os que creem, pois não existe nenhuma diferença entre as pessoas. Todos pecaram e estão afastados da presença gloriosa de Deus.”. (Rm 3.21-24 – NTLH)
O versículo 22 nos mostra que não existe diferença entre as pessoas e, como já mencionamos, isto envolve judeus e gentios, os dois povos mencionados no N.T.
Desta forma, a salvação é para todos os que crerem em Jesus, o Cristo, não existindo preferências por parte de Deus.
Ainda que o conceito não venha de Calvino, os mais radicais acreditam que a salvação é somente para os que o Senhor predestinou, porém, de forma simples; se isto estivesse correto; o Senhor estaria fazendo acepção de pessoas, indo contra sua própria palavra.
Evangelista Leonardo Novais de Oliveira
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