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24/02/2022
“E me disse: Filho do homem, poderão viver estes ossos? E eu disse: Senhor JEOVÁ, tu o sabes”. (Ez 37.3)
Ezequiel 37.1,2,4,5,10
1 Veio sobre mim a mão do SENHOR; e o SENHOR me levou em espírito, e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos,
2 e me fez andar ao redor deles; e eis que eram mui numerosos sobre a face do vale e estavam sequíssimos.
4 Então, me disse: Profetiza sobre estes ossos e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do SENHOR.
5 Assim diz o Senhor JEOVÁ a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis.
10 E profetizei como ele me deu ordem; então, o espírito entrou neles, e viveram e se puseram em pé, um exército grande em extremo.
Paz do Senhor.
Conforme estudado, o profeta Ezequiel foi um atalaia de Deus para profetizar ao povo que foi levado escravo para a Babilônia.
Sua tarefa consistia em demonstrar ao povo os motivos pelos quais o Senhor havia permitido a nação do norte pelejar e sobrepujá-los; exortá-los ao arrependimento e renovar-lhes as forças afirmando que o Senhor os restauraria no tempo certo.
A visão do vale do ossos secos é um dos textos mais conhecidos do A.T. e já foi cenário para milhões de mensagens.
Precisamos deixar claro para os alunos que o texto foi uma visão específica para os judeus que estavam no cativeiro e que o propósito era demonstrar que mesmo diante de uma aparente morte, ainda havia esperança e que o Senhor era poderoso para tornar vivo aquilo ou aqueles que estavam mortos.
Ainda que possamos utilizar este texto para falar sobre a restauração de qualquer situação, ele é específico para a nação de Judá.
Abrindo um parêntese, devemos nos lembrar que uma das regras da hermenêutica bíblica é que o texto se auto interpreta e, se lermos toda a história, veremos que o Senhor deixa claro o que a visão significava.
NÃO DEVEMOS utilizar textos isolados para criar uma mensagem, mas, utilizar o ensinamento do texto, aplicando-o a situações do nosso cotidiano.
No início do capítulo 37, o Senhor leva o profeta a um lugar onde estavam ossos sequíssimos e o pergunta se era possível que aqueles ossos tornassem a viver (Ez 37. 1-3).
Existe uma ênfase na palavra “sequíssimos” demonstrando que a situação era muito ruim.
No processo de decomposição dos ossos, a pele é consumida, os músculos e tendões e por último os ossos. Se os ossos estavam sequíssimos, o processo já estava bem avançado.
O teólogo americano Norman Champlim nos traz um comentário importante sobre este texto.
“Ezequiel fez um circuito no vale. Os ossos secos não foram empilhados, mas espalhados sobre uma área considerável. Assim, o profeta levou algum tempo para atravessar aquela área. O que ele viu foi uma coisa só: morte e destruição, inumeráveis ossos dos mortos ressecados e branqueados pelo sol. O desespero reinava naquele lugar miserável. Não havia nenhum potencial de vida. Os ataques e cativeiros da Babilônia haviam conseguido a quase extinção de Judá, e o profeta, vendo o vale, teria dito que a extinção do povo fora absoluta. Somente a obra especial da graça de Deus poderia reverter aquela situação. Afinal, a salvação provém da graça, embora exija a cooperação do homem para aceitá-la”.
A resposta do profeta à pergunta do Senhor foi definitiva, pois, ele deve ter olhado para aquela situação e concluído que humanamente falando era impossível, porém, como o profeta conhecia o poder de Deus, disse que o Senhor sabia.
Se analisarmos a história dos seres humanos desde Adão e Eva até os dias da visão de Ezequiel, verificaremos que sempre houve amor e misericórdia por parte de Deus para conosco.
O pecado de Adão e Eva poderia tê-los destruído, porém, o Senhor os perdoou e permitiu que continuassem vivos, pois, seu plano de redenção; existente desde a fundação do mundo; seria colocado em prática.
Temos inúmeros casos de restauração na Bíblia após Adão e Eva.
Isto nos mostra que o Senhor é longânimo e realmente deseja que nos arrependamos.
O apóstolo Pedro fala sobre isto em uma de suas cartas.
“O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se”. (2 Pe 3.29 – ARC)
Pedro é um exemplo clássico do poder de perdão e restauração do Senhor, pois, mesmo sendo alertado por Jesus sobre a negação, Pedro não vigiou e negou o Senhor por 3 vezes.
Quando Jesus apareceu para algumas mulheres após ressuscitar, disse:
“Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse”. (2 Pe 3.9 – ARC)
Pedro não era discípulo? Sim, mas ele deveria estar com uma culpa muito grande por ter negado o Senhor e não estava com os discípulos como de costume.
Precisamos agir como Jesus, que; mesmo sabendo que Pedro o trairia; o avisou, perdoou-lhe e confiou-lhe a nobre tarefa de pastorear seu rebanho (Jo 21.15-17).
Com discípulos de Cristo, precisamos agir da mesma forma, sabendo que TODOS somos passíveis de erros e que provavelmente erraremos em muitas coisas.
O Senhor o restaurou e ele foi extremamente útil para o Reino de Deus.
Existem milhares de pessoas que deixaram de ir à igreja por vergonha do pecado e nossa tarefa é ir atrás destes e auxiliá-los a voltar para a casa do Pai.
A visão do vale de ossos secos nos mostra que o Senhor é poderoso para trazer vida àquilo que já está morto há tempo.
Assim com o Senhor fez a Judá, pode fazer por cada um de nós.
O evangelista João escreveu um texto que nos mostra que o processo de restauração passa por alguns pontos básicos.
“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça”. (1 Jo 1.8,9 – ARC)
Observemos que João disse que é necessário nos conscientizarmos que somos seres pecadores e fica evidente que ele está falando sobre o pecado original e o pecado por nós praticado, por pensamento, ações e omissões.
Sabendo disto, precisamos nos achegar ao Senhor e confessarmos nossas falhas, pois, o processo de restauração deve conter o ato confessório.
Após nos reconhecermos que somos pecadores e nos arrependermos de tê-los praticado, devemos pedir perdão e após isto, receberemos o perdão de nossos pecados.
A nação de Judá não queria aceitar que haviam pecado e não acreditavam que o Senhor mandaria a nação babilônica como condenação para suas vidas, pois, estavam em uma posição privilegiada de povo de Deus e pelo simples fato de não terem se arrependido, foram levados em cativeiro.
A história de Adão e Eva demonstra a propensão dos seres humanos a não reconhecerem seus erros.
O texto de Gênesis 3 nos diz que quando o Senhor perguntou a Adão onde ele estava e se havia comido do fruto proibido, sua resposta foi lastimável.
“E chamou o SENHOR Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me. E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses? Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi. E disse o SENHOR Deus à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi”. (Gn 3.9-13 – ARC)
Chamamos este processo de “terceirização de pecados”.
A mulher que tu me deste, a serpente e por aí vai.
Os seres humanos têm a horrível tendência de não reconhecer seus próprios erros e isto atrasa o perdão de Deus para nossas vidas e consequentemente a restauração.
A Bíblia nos conta a história de um homem (único) que foi chamado pelo próprio Deus de “homem segundo meu coração”.
Este homem é Davi e muitas pessoas não conseguem imaginar como alguém que fez tantas coisas horrendas; como cometer adultério, mentira e assassinato; pôde receber este título do próprio Deus.
A resposta para esta pergunta esta no Salmo 51 que nos mostra 3 atitudes de Davi como um homem segundo o coração de Deus.
O que faltava para Adão, Eva, a nação de Judá e outros milhões de pessoas é exatamente isto.
Leia os primeiros 12 versos deste salmo em sala de aula e peça aos alunos para descobrirem porque Davi recebeu do Senhor este título. Você pode colocar esta tarefa para eles fazerem em casa, mas, não se esqueça de lembrá-los durante a semana.
A restauração vem após cumprirmos as fases do processo.
Um dos pontos mais importantes sobre o processo de restauração é que ele sempre parte de Deus, pois, somente quem tem poder de perdoar poderá restaurar.
Como estudamos, o Senhor sempre esteve interessado na restauração dos seres humanos e o ponto máximo disto é Jesus Cristo.
A restauração é baseada no amor e foi através dele que Deus enviou seu filho unigênito (Jo 3.16).
Outro ponto importante é que, enquanto houver vida, existe a possibilidade de restauração.
O livro de Jó nos traz um texto maravilhoso sobre este assunto.
“Porque há esperança para a árvore que, se for cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos. Se envelhecer na terra a sua raiz, e o seu tronco morrer no pó, ao cheiro das águas brotará, e dará ramos como uma planta. Porém, morto o homem, é consumido; sim, rendendo o homem o espírito, então onde está ele? Como as águas se retiram do mar, e o rio se esgota, e fica seco, Assim o homem se deita, e não se levanta; até que não haja mais céus, não acordará nem despertará de seu sono”. (Jó 14.7-12 – ARC)
Em outra tradução:
“Pelo menos para a árvore sempre há esperança. Derrube-a, e ainda terá uma chance ela brotará novamente. Mesmo que as raízes sejam velhas e retorcidas e seu tronco morra na terra, mal sente a água e ela torna à vida, brota e cresce como uma planta nova. Mas e o ser humano? Ele morre e não tem volta. Dá seu último suspiro e tudo se acaba. Como a água do lago evapora e o leito do rio seca. Assim o homem se deita e jamais se levantará. (BAM)
A história da Jó é diferente, pois, ainda que não exista um ser humano que não peque, a vida de Jó era integra, diferentemente dos judeus.
Porém, o perdão independe do tipo de situação que praticamos e existe perdão e restauração para qualquer pessoa que se arrependa e deseje viver na presença de Deus.
No caso da nação de Judá, o Senhor fez o que era possível para que eles se convertessem, porém, isto não aconteceu.
Se analisarmos a história da nação desde a separação das tribos, veremos que TODAS as vezes que um rei não servia ao Senhor a nação se desviava, pois, não tinham liderança, porém, o Senhor sempre levantava um profeta para trazê-los de volta, até que o cálice transbordar.
Existe um texto no livro de Eclesiastes que aborda este assunto.
“Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal’. (Ec 8.11 – ARC)
Este foi o caso de Judá e o profeta Jeremias traz um texto muito profundo sobre as várias tentativas do Senhor de restaurar seu povo.
“Porquanto não deram ouvidos às minhas palavras, diz o SENHOR, mandando-lhes eu os meus servos, os profetas, madrugando e enviando; mas vós não escutastes, diz o SENHOR”. (Jr 29.19 – ARC)
Fazendo um aplicação para nossos dias, será que temos ouvido a voz do Espírito Santo de Deus quando fala diretamente ao nosso coração ou através da leitura da Bíblia ou através de alguém?
É de suma importância fazer esta pergunta em sala de aula.
Como foi o Senhor quem nos criou, ele nos conhece de forma completa.
Sabe como nos portamos, sabe o que nos motiva, conhece nossos segredos mais escondidos e tem a melhor forma de se comunicar conosco para que tenhamos condições plenas de interpretar o que Ele nos fala.
O processo de comunicação SEMPRE envolve três partes.
Se alguma destas partes estiver com “problemas”, o processo não acontecerá.
No caso da visão que Ezequiel teve, o processo se deu da seguinte forma.
O emissor foi o Senhor. A mensagem foi enviada através de uma visão. O receptor; o profeta; conseguiu captar exatamente o que o Senhor quis comunicar, haja vista, Ele ter explicado claramente o que queria mostrar.
Muitas pessoas possuem dificuldades para se comunicar, porque não conhecem seus receptores ou porque não consegue transmitir a mensagem com clareza.
Os problemas mais comuns são os seguintes:
EMISSOR
MENSAGEM
RECEPTOR
Estamos preparando um curso extraordinário de comunicação e em breve disponibilizaremos no site da EBD Comentada.
O Senhor sabe como se comunicar, tem a mensagem clara e objetiva e conhece seus receptores.
Desta forma, durante todo o ministério do profeta Ezequiel, o Senhor tratou de mostrar qual era a verdadeira situação de seu povo, para que Ezequiel tivesse condições de ser um verdadeiro arauto e atalaia.
Existem pessoas que acreditam que o profeta é um fantoche nas mãos de Deus, perdendo totalmente suas faculdades mentais, porém, isto não é verdade.
Paulo aborda este tema em sua segunda carta aos coríntios.
“Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados. E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos”. (1 Co 14.31-33 – ARC)
Este texto nos mostra que o profeta (vaso) pode escolher entregar a profecia naquele momento, em outro ou até mesmo não entregar.
Concordamos plenamente com a posição de Champlim sobre este assunto.
“Aqueles que provocavam o caos e a confusão em suas reuniões, por quererem exibir os seus dons espirituais, tão somente demonstravam que o Espírito do Senhor não controlava os seus espíritos. No caso dos oráculos divinos, as profetisas não exerciam qualquer controle sobre si mesmas, e continuavam a falar até se prostrarem de exaustão. Ora, Paulo não queria que as reuniões dos cristãos se assemelhassem aos oráculos pagãos. Deveria haver um controle capaz de impor a ordem em tudo. «Os sentimentos religiosos descontrolados não demoram a resultar em um mal». (Robertson e Plummer, in loc.).Essa palavra «espíritos», por igual modo, não significa as «emoções íntimas», as «inspirações», as «excitações», conforme alguns eruditos têm imaginado, apesar dessa palavra, no original grego, ocasionalmente indicar exatamente isso.«…estão sujeitos…» Isso não quer dizer que os «dons» de cada profeta estivessem sujeitos a outros profetas. Cada qual deve exercer o seu dom, de conformidade com a sua própria habilidade. Porém, a «maneira» de exercer o dom é «sujeitá-lo» aos outros profetas. Precisamos considerar os seguintes pontos: 1. Um profeta deve exercer seu dom de acordo com a ordem geral da congregação. 2. Um profeta não deve agir egoisticamente, visando a ostentação. 3. Cada profeta deve falar, por permissão dos demais profetas, porque Deus não é Deus de confusão, mas sim de paz. Como em todas as igrejas dos santos, a primeira meta deste versículo forma a conclusão geral da secção que versa sobre os abuso e sobre a ordem necessária para o exercício dos dons espirituais, particularmente as línguas e a profecia. Pois se mais de uma pessoa falasse ao mesmo tempo, isso só criaria a confusão. Por igual modo, as línguas serem faladas sem intérprete é causa de confusão. Os crentes coríntios podiam comprovar a «validade» de seus dons espirituais mostrando que sabiam controlar-se. Dons descontrolados levaram Paulo a pensar acerca dos cultos pagãos, onde a desordem e os sentimentos frenéticos eram reputados como grande sinal da possessão por parte dos deuses. Mas o apóstolo não queria que os cultos da igreja de Cristo se assemelhassem aos ritos frenéticos dos pagãos. Já que se instaurara tal semelhança, Paulo suspeitava que um espírito estranho qualquer é que produzia tal estado de coisas, e não o Espírito de Deus. Que acusação é isso contra muitas igrejas evangélicas modernas, que afirmam exercer os vários dons espirituais!«…confusão…» Palavra que indica «tumulto», «desordem», «baderna». (Ver Luc. 21:9; II Cor. 12:20 e Tia. 3:16). Pode significar qualquer forma de «desordem», «distúrbio», «desregramento», que não chegue a transformar-se em «levante». E certamente é nesse sentido mais suave do termo que Paulo usou aqui esse vocábulo. As Raízes Da Confusão 1. Quando os homens substituem a edificação espiritual pelos interesses próprios e pela ostentação, necessariamente passa a imperar a confusão espiritual, em resultado. Isso foi o que aconteceu em Corinto. 2. Um homem qualquer falava em línguas, profetizava e tomava o tempo restante com sermões longos e supostamente piedosos, não permitindo a participação de outros. Esse indivíduo estava servindo a si mesmo, procurando o louvor e o reconhecimento alheios, como se fora o ator de um teatro. Isso é confusão, e não edificação! 3. A simulação dos dons espirituais (pois quem diria que o Espírito Santo é quem inspirava o que aquelas pessoas faziam?) achava-se na raiz da confusão que imperava na igreja de Corinto.«…Deus… de paz…» Trata-se de uma expressão frequente nos escritos de Paulo. (Ver também Rom. 15:33; II Cor. 13:11; Fil. 4:9 e I Tes. 5:23). Ordinariamente se refere a circunstâncias relativas à salvação; mas neste caso se refere à ausência de contendas, dentro da própria igreja, bem como à ausência de ordem, que cria a confusão. Deus é um ser de natureza pacífica; por essa razão, estabelece ele a ordem na igreja, para que a mesma concorde com sua natureza. A confusão e a ordem são atitudes contrárias à própria natureza divina. Essa é uma forte afirmativa, feita pelo apóstolo, a fim de mostrar que a ordem e a tranquilidade devem predominar na igreja de Deus, porquanto, de outro modo, poderíamos perguntar se, de fato, estamos diante de uma verdadeira igreja de Deus, ou diante de um agrupamento dominado por algum poder estranho, cuja natureza seja cessão tácita da oportunidade. 4. Cada profeta está sujeito ao «juízo» ou «discernimento» dos outros profetas. 5. Existem alguns intérpretes que entendem essa declaração no sentido que cada profeta está «sujeito a si mesmo», isto é, sob o seu controle racional, de tal modo que pode pôr em ordem a expressão de seu próprio dom, não se deixando arrastar por um êxtase místico que destrua seu controle racional. E essa opinião mui provavelmente concorda com a verdade dos fatos, sendo talvez a mensagem central do que Paulo aqui queria dizer. Ele já dissera a mesma coisa quando limitara o uso das línguas e da profecia a apenas dois ou três participantes. O dom espiritual de um homem não o controla; ele é quem controla o seu dom; nenhum êxtase místico pode destruir o controle exercido pela vontade e pela razão de um crente, se ele estiver usando corretamente seu dom espiritual. Portanto, todo o crente poderá controlar-se o suficiente, por mais inspirado que seja, de modo a poder ceder a vez a outros, quando chegar sua vez de falar. Bons intérpretes têm interpretado dessa maneira essa asseveração de Paulo; contudo, existem outros que concordam com os pontos primeiro a quarto, mais acima alistados, no sentido que o espírito de cada profeta está sujeito ao espírito dos outros profetas, não podendo agir como entidade inteiramente independente. Isto é o que é ensinado nos versículos vigésimo sétimo, trigésimo e trigésimo primeiro”.
Como já estudamos em outras lições, o profeta no A.T. era a voz de Deus neste mundo, trazendo Deus aos seres humanos, assim como os sacerdotes levava-os a Deus.
A carta aos hebreus deixa isto bem claro.
“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho” . (Hb 1.1‑2 – ARC)
No Antigo Testamento, um profeta era alguém chamado por Deus para cumprir uma tarefa ou várias tarefas, especialmente a de entregar uma mensagem Dele. A grande característica da mensagem do profeta eram as palavras: “Assim diz o Senhor”. Deus chamou homens comuns, como você e eu, com personalidades diferentes, em situações bem diferentes, para fazer e dizer coisas diferentes.
Muitos nos dias de hoje utilizam esta expressão para dar crédito ao que estão falando, porém, precisamos tomar muito cuidado com alguns destes, pois, existem três tipos de vozes; a de Deus, a do homem e a do diabo.
Mesmo sabendo que os seres humanos pecariam, o Senhor nos criou e nos dotou de dons e talentos maravilhosos e ele utiliza cada um de nós de acordo com o que temos para oferecer.
O teólogo e escritor John D. Barnett traz um comentário interessante sobre as características dos profetas do A.T.
1 – Chamada específica
O profeta recebia uma chamada específica. Notamos que a iniciativa da chamada para o ofício de profeta vinha de Deus:
a. Moisés (Êx 3.1-4);
b. Isaías (Is 6.1-10);
c. Jeremias ( Jr 1.4-19);
d. Ezequiel (Ez 1 a 3);
e. Oseias (Os 1.2);
f. Amós (Am 7.14-15).
O objetivo da chamada era levar o profeta à presença de Deus. Em outras palavras, o profeta apresentava-se perante os homens na qualidade de um homem que se apresentara perante Deus (1Rs 17.1; 18.15).
2 – Consciência da história
O profeta tinha perfeita consciência da história. O Senhor enviou Moisés ao Egito já de posse de informações necessárias para interpretar os grandes acontecimentos que haveriam de ter lugar. O profeta tinha a capacidade de interpretar os acontecimentos históricos. Os profetas concordam que Deus é o Deus da história e está presente nos acontecimentos do dia a dia. É Ele quem controla o Universo, e, por isso, Sua palavra é de confiança absoluta.
3 – Preocupação ética e social
O profeta tinha uma preocupação ética e social. Notamos como os profetas sempre denunciavam as injustiças e violências cometidas contra o povo. Havia essa grande preocupação com o bem-estar social. Veja a orientação dos profetas: Moisés (Dt 24.19-22; Lv 19.9-18) e Amós (Am 2.6-8; 5.11).
4 – Aconselhamento e confrontação
O profeta tinha que aconselhar e, muitas vezes, confrontar reis. Muitas vezes o profeta tinha que desempenhar um papel ativo, próprio de estadista, nos negócios nacionais.
Sabemos que após o surgimento do Cristo e do derramamento do Espírito Santo no dia do Pentecostes, não temos a atuação deste tipo específico de profetas, porém, temos o dom ministerial e o dom espiritual de profeta.
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Equipe EBD Comentada
Postado por ebd-comentada
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