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19/03/2022
E levantou-me o Espírito e me levou ao átrio interior; e eis que a glória do SENHOR encheu o templo. (Ezequiel 43.5)
Ezequiel 11.22,23
22.Então, os querubins elevaram as suas asas, e as rodas as acompanhavam; e a glória do Deus de Israel estava no alto, sobre eles.
23.E a glória do SENHOR se alçou desde o meio da cidade e se pôs sobre o monte que está ao oriente da cidade.
Ezequiel 43.2,4,5
2.E eis que a glória do Deus de Israel vinha do caminho do oriente; e a sua voz era como a voz de muitas águas, e a terra resplandeceu por causa da sua glória.
4.E a glória do SENHOR entrou no templo pelo caminho da porta cuja face está para o lado do oriente.
5.E levantou-me o Espírito e me levou ao átrio interior; e eis que a glória do SENHOR encheu o templo.
Paz do Senhor.
Alguns profetas do A.T. vivenciaram algo sublime que é ver a glória de Deus.
Tanto Ezequiel como Isaías tiveram esta experiência, ainda que tenha sido em visões.
“Então, disse eu: ai de mim, que vou perecendo! Porque eu sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o SENHOR dos Exércitos!” (Is 6.5 – ARC)
O texto de Isaías é bem conhecido e utilizado como base para muitas pregações.
A glória de Deus representa a majestade do Senhor e em muitos casos sua presença.
Quando Moisés viu a sarça ardendo em fogo sem ser consumida ficou atônito, tratou de se virar, pois, acreditava que estava vendo uma manifestação sobrenatural, o que era verdade.
“E apareceu-lhe o Anjo do SENHOR em uma chama de fogo, no meio de uma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés disse: Agora me virarei para lá e verei esta grande visão, porque a sarça se não queima. E, vendo o SENHOR que se virava para lá a ver, bradou Deus a ele do meio da sarça e disse: Moisés! Moisés! E ele disse: Eis-me aqui”. (Ex 3.2-4 – ARC)
A visão era surreal e deixou o homem perplexo.
Em outra passagem, o Senhor o proibiu de vê-lo se manifestar e disse algo muito importante.
“Então, ele disse: Rogo-te que me mostres a tua glória. Porém ele disse: Eu farei passar toda a minha bondade por diante de ti e apregoarei o nome do SENHOR diante de ti; e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem me compadecer. E disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá. Disse mais o SENHOR: Eis aqui um lugar junto a mim; ali te porás sobre a penha. E acontecerá que, quando a minha glória passar, te porei numa fenda da penha e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado. E, havendo eu tirado a minha mão, me verás pelas costas; mas a minha face não se verá”. (Ex 33.18-23 – ARC)
Algumas pessoas que querem polemizar os textos bíblicos afirmam que Moisés já havia visto a glória de Deus com base em Ex 33.11, porém, a Bíblia nos mostra que ele conversava com Deus face a face e não que ele via a face de Deus.
Moisés foi um dos homens com maior intimidade com o Senhor em todo o A.T., sendo citado pelo próprio Deus como um exemplo de fidelidade (Jr 15.1).
Quando comparamos o texto do capítulo 3 do livro de Êxodo com o capítulo 33, aprendemos que Moisés desenvolveu um nível de comunhão com o Senhor como nenhum outro, porém, os versículos 18 a 23 nos mostram que existia um limite que nem mesmo Moisés poderia ultrapassar.
Esta questão é abordada pelo teólogo americano Norman Champlim de uma forma muito interessante.
“Moisés estava sempre pronto para fazer outra petição audaciosa. Visto que Yahweh tinha prometido a Sua presença e orientação, Moisés agora anelou por ver alguma manifestação especial de Deus. E pediu uma poderosíssima experiência mística. Moisés desejava que Deus se manifestasse de modo totalmente franco a ele. Então Moisés entenderia o caráter e o poder de Deus de uma maneira que não tinha sucedido ainda até ali. Yahweh satisfaria esse pedido, embora com limitações (vs. 23), pois uma revelação completa de Deus só aconteceria na eternidade, e como uma questão de progresso espiritual eterno, não podendo ser dado como um único acontecimento. Moisés estava pedindo demais, mas é melhor pedir demais, com sinceridade, do que não ser um inquiridor. É melhor pedir demais do que pedir a menos. É melhor crer demais do que crer a menos. Moisés anelava pela chamada visão beatífica (ver sobre isso na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia).Mas essa visão é uma questão de glorificação eterna, e não de um único acontecimento dentro do tempo. Essa experiência inclui a participação na natureza divina, de um filho com seu Pai celeste. As expectações de Moisés eram demasiadas para este lado da vida, mas seu zelo obteve para ele experiências tremendas, embora não tudo quanto ele esperava. Ademais, o que ele havia esperado estava muito acima do escopo da experiência humana mortal. Algo visível e glorioso haveria de ser dado, mas Moisés não veria a essência mesma da deidade, e, sim, alguma manifestação de Deus. “Talvez esse tenha sido o mais alto favor que já foi concedido a um ser humano, antes da encarnação de nosso Senhor’ (John Gill, in loc.).“Embora os homens não pudessem ver a Deus, eles puderam contemplar a glória que indicava a Sua presença (Êxo. 40.34; Núm. 14.10,22; 16.19; Eze.11.23”) (Oxford Annotated Bible, sobre Êxo. 16.7”.
Tanto a visão de Ezequiel como a de Isaías demonstravam que eles também haviam alcançado um alto nível de comunhão com o Senhor e que existia um propósito muito específico associado a tais visões.
Em Isaías, o Senhor demonstrou ao profeta que ele poderia ter acessado a Ele, pois, lhe havia sido permitido (uma tenaz tocou meus lábios) e, em Ezequiel, a glória manifesta no Templo tinha como propósito demonstrar que o Senhor estava naquele lugar.
Para os judeus que estavam no cativeiro isto era de fundamental importância, pois, eles acreditavam que o Senhor os havia abandonado pelo fato do Templo estar destruído e eles estarem em cativeiro.
A visão do capítulo 43 mostraria ao profeta Ezequiel que realmente a glória do Senhor havia se afastado do Templo, ou seja, que Ele havia se retirado, pois, aquele lugar havia deixado de ser uma casa de Deus, porém, o Senhor deixou claro para o profeta que sua glória voltaria para o lugar de outrora.
Após o derramamento do Espírito Santo em At 2, os cristãos tornaram-se templos do Espírito Santo (1 Co 3.16) e o próprio Deus passou a habitar em nós, sendo o Emanuel.
Existe um assunto de fundamental importância que precisa ser ensinado em sala de aula, que é o fato da presença de Deus não sair do crente.
Muitos afirmam que quando algum crente peca, o Espírito Santo sai de sua vida, voltando após o arrependimento e confissão, porém, isto é um ensinamento errôneo e deve ser combatido.
Tais pessoas utilizam a passagem descrita no Evangelho segundo Mateus 12.43-45, para exemplificar sua teoria, porém, além do texto não estar associado a este assunto, NÃO devemos utilizar passagens isoladas para comprovar uma teoria.
Se o Espírito Santo nos deixar, não teremos condições de permanecer fiéis ao Senhor, pois, é Ele quem intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26), nos convencendo do pecado (Jo 16.8).
O salmista Davi, que viveu em outra dispensação; onde o Espírito Santo se manifestava de uma forma diferente; orou ao Senhor para que não lhe retirasse o Espírito Santo, pois, sabia que sua situação seria terrível.
“Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto. Não me lances fora da tua presença e não retires de mim o teu Espírito Santo. Torna a dar-me a alegria da tua salvação e sustém-me com um espírito voluntário”. (Sl 51.10-12 – ARC)
Definir o que exatamente é a glória de Deus é uma tarefa dificílima para qualquer ser humano se estiver desassociada de Jesus, haja vista, o apóstolo João ter dito que quando Jesus manifestou-se em carne, a glória de Deus foi vista pelos homens.
“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”.(Jo 1.14 – ARC)
A glória de Deus no A.T. era percebida por poucos, porém, quando o Tabernáculo foi construído e o Senhor começou a se manifestar no meio dos hebreus, estes compreenderam minimamente o que era a glória de Deus.
Isto também aconteceu com a inauguração do Templo construído por Salomão, conforme estudado em lições passadas.
“E, acabando Salomão de orar, desceu fogo do céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios; e a glória do SENHOR encheu a casa”. (2 Cr 7.1 – ARC)
Fica evidente que a glória era percebida como presença de Deus, tanto no Tabernáculo como no Templo.
Em se tratando de Jesus, o Cristo, a glória de Deus foi vista neste mundo.
O pastor John Piper; em seu sermão “A ele seja a glória pelos séculos dos séculos”, pregado em 17 de dezembro de 2006; nos dá uma noção a respeito de como podemos interpretar a glória de Deus.
“Eu digo que é impossível definir a glória de Deus porque ela é mais parecida com a palavra “beleza” do que com a expressão “bola de basquete”. Se alguém diz que nunca ouviu falar do jogo de basquete — ou seja, não sabem o que uma bola de basquete significa —, essa pessoa vai pedir que você defina o que é uma bola de basquete, e você não teria dificuldade alguma nisso. Você usaria suas mãos e diria: “Bem, é uma coisa redonda, feita de couro ou de borracha, que tem uns 25 centímetros de diâmetro. Você deve encher essa bola com ar, fazendo ela inflar. Depois você bate contra o chão usando as mãos. Você pode jogar para outra pessoa ou pode correr fazendo ela quicar no chão. Depois você precisa arremessar e fazer com que ela passe por dentro de um aro com uma rede. Isso é uma bola de basquete.” A pessoa teria uma boa ideia. Ela seria capaz de diferenciar de uma bola de futebol ou de vôlei, caso veja uma por aí. Mas você não consegue fazer isso com a palavra “beleza”. Existem algumas palavras que usamos para nos comunicarmos não porque podemos defini-las, mas porque podemos vê-las. Podemos apontá-las. Se tivermos a oportunidade de ver coisas belas, poderemos apontar dizendo “Aí está! Aí está!”, e poderemos ter um senso comum de beleza. Mas quando tentamos definir a palavra “beleza” com palavras, é muito difícil”.
Piper continua o sermão abordando o assunto santidade e deixa claro que esta palavra significa algo que somente o Senhor é.
“O mesmo acontece com a palavra “glória”. Então, o que fazer? Devemos tentar, pois não podemos simplesmente deixar que as pessoas definam por si próprias. Então vou fazer o seguinte: vou pegar a palavra “glória” e vou comparar com a palavra “santo”, e vou perguntar: “Qual é a diferença entre a santidade de Deus e a glória de Deus?”. Ao fazer isso, creio que vamos começar a entender a natureza desse termo, a glória de Deus. É assim que vou prosseguir. Eu creio que a santidade de Deus é o fato de seu ser estar separado em sua perfeição, em sua grandeza e em seu valor. Sua perfeição, sua grandeza e seu poder estão em uma categoria tão distinta e separada, que ele está sozinho em um patamar elevado. Nós vimos que “santo” significa “separado”. Ele possui perfeição, grandeza e valor infinitos. Sua santidade é o que ele é como Deus. Ninguém é como ele. Esta é a qualidade de sua perfeição: ela nunca poderá ser melhorada e nunca poderá ser imitada; ela é incomparável, ela determina tudo o que ele é e ela não é determinada por algo externo a ele. Sua santidade significa o valor infinito a ele intrínseco”.
Desta forma, quando João escreve que o Verbo se manifestou e que eles viram a glória de Deus, literalmente ele está dizendo que aquela glória que outrora não podia ser contemplada em sua totalidade por qualquer ser humano, em Jesus pôde ocorrer. Aleluia.
Existe um ilustração interessante que pode ser utilizada em sala de aula.
Pergunte aos alunos se eles se consideram importantes e veja a resposta.
É provável que alguns digam que não, pois, aprenderam (erroneamente) que não podemos dizer que somos importantes, porém, mostre a eles que somos tão importantes para Deus que Ele decidiu habitar em nós, ou seja, a glória de Deus habita na vida de TODOS os crentes em Cristo Jesus.
Esta ilustração pode ser utilizada para diversos propósitos, sendo que o que mais se destaca é demonstrar para os alunos que precisamos dar mais valor à nossa vida, pois, somos Templos do Espírito do Senhor.
Você sabia que a palavra “shekinah”, muito valorizada e utilizada em pregações pentecostais não existe na Bíblia?
Não se sabe ao certo de onde veio esta palavra, porém, ela não tem base bíblica.
O significado de shekinah transmite a ideia de “habitação”. Esse é um termo hebraico geralmente aplicado para falar da manifestação da presença de Deus habitando entre o Seu povo, sobretudo de uma forma visível.
A origem da palavra shekinah é muito debatida. Inclusive, há muita controvérsia sobre isso normalmente fundamentada em especulações que jamais foram provadas. Tudo indica que essa palavra passou a ser utilizada pelos judeus apenas num período posterior ao tempo em que o texto hebraico do Antigo Testamento foi escrito.
A palavra shekinah é citada muitas vezes na literatura rabínica. Parece que a origem do uso dessa palavra se deu com os escritores dos Targuns que começaram a utilizá-la de modo a indicar a glória de Deus manifestada aos homens. Aqui vale saber que a palavra shekinah vem da raiz shkn, que em sua forma verbal significa “habitar”, “residir”.
Nas Escrituras, a palavra mais comum para se referir à glória de Deus é o hebraico kavod, conforme veremos.
Devemos tomar muito cuidado ao utilizar palavras e expressões que não conhecemos, pois, poderemos incorrer em erros grotescos.
No meio pentecostal existem alguns irmãos que se intitulam judeus e estes utilizam expressões que são assimiladas como se fossem revelações de Deus, porém, em grande parte dos casos, isto não é verdade.
O escritor e teólogo brasileiro Daniel Conegero nos presenteia com um rico estudo a respeito da palavra mencionada.
“Em primeiro lugar, de fato há muita especulação envolvendo a palavra shekinah. Isso acontece, principalmente, porque escritos de ramos místicos do Judaísmo, como a Cabala, empregam com frequência essa palavra. Então no meio de uma série de conceitos esotéricos judaicos surgiram algumas ideias acerca do significado de shekinah. Uns dizem que shekinah refere-se a um aspecto feminino da presença de Deus. Outros defendem que Shekinah seria o nome de uma antiga deusa pagã. Há ainda alguns que tentam relacionar a palavra shekinah com figuras malignas que aparecem em antigas lendas judaicas. Mas a verdade é que embora os judeus esotéricos tenham usado essa palavra de forma estranha às Escrituras, isso não significa que a palavra shekinah sempre foi usada assim no Judaísmo. Literaturas rabínicas anteriores aos escritos cabalísticos mostram que a princípio essa palavra foi usada por exegetas judeus com a intenção de se referir simplesmente à presença gloriosa de Deus, sem lançar mão do uso de expressões antropomórficas ou antropopáticas. Para tanto, eles recorreram à raiz do verbo shakhan, que significa “habitar”. Esse verbo aparece em diversas passagens bíblicas que falam sobre a manifestação visível da presença de Deus habitando no meio do seu povo; sobretudo na nuvem de glória no Santuário (cf. Êxodo 40:35). Algumas vezes esses exegetas judeus usaram a palavra shekinah ao falar da presença divina como que “abraçando” o povo escolhido. Talvez daí tenha surgido a ideia de um cuidado “materno”, fazendo alusão a uma mãe que cuida de seus filhos. Em segundo lugar, o fato de uma palavra especifica não ser usada no texto original das Escrituras não significa que ela deva ser totalmente rejeitada. A palavra Trindade também não está na Bíblia; mas ela se refere a um conceito claramente bíblico. Se for usada apenas como uma referência pura sobre a presença gloriosa de Deus habitando com seus filhos, então nesse sentido a palavra shekinah expressa uma verdade bíblica. Por isso muitos teólogos reformados nunca tiveram qualquer problema em usar a palavra shekinah em suas obras. Em terceiro lugar, também há alguns estudantes de hebraico que questionam a própria etimologia e construção da palavra shekinah. Geralmente eles alegam que gramaticalmente é um erro o uso do termo shekinah. Mas aqui é importante se lembrar que essa palavra foi cunhada por eruditos judeus. Então não faz muito sentido alguém que nem mesmo é nativo da língua hebraica pensar ser mais qualificado do que os próprios linguistas judeus. Em quarto lugar, precisamos admitir que muita gente enxerga as palavras de origem hebraica de uma forma completamente equivocada. Essas pessoas usam as palavras hebraicas como um tipo de mantra; como se essas palavras estivessem envolvidas em uma atmosfera mística e fossem mais impactantes, espirituais, significativas e poderosas do que as palavras de outros idiomas. Usar a palavra shekinah dessa maneira e com essa intenção está errado! Isso serve para outras palavras, como: shalom, kavod, qadosh, Yeshua etc. Se temos em nosso idioma nativo expressões com significados equivalentes a esses termos hebraicos, então não faz sentido usá-los. Em quinto lugar, se a palavra shekinah fala da manifestação visível da presença gloriosa de Deus habitando com seu povo, então seu verdadeiro cumprimento final se dá em Cristo. O apóstolo Paulo diz que Cristo é a imagem do Deus invisível; e que nele “habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Colossenses 1:15; 2:9). O apóstolo João escreve que Jesus é o Verbo que se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória (João 1:14). Hoje, em Cristo, a Igreja é o templo onde a presença de Deus habita através do Espírito Santo (1 Coríntios 3:16)”.
Assim como na língua portuguesa a palavra glória tem vários significados, no hebraico e no grego também ocorre a mesma coisa.
O Dicionário Priberam da Língua Portuguesa define a palavra “glória” das seguintes formas:
Champlim nos mostra um aspecto interessante a respeito desta palavra.
“A glória consiste em honra exaltada, em louvor ou reputação, ou em algum a coisa que ocasiona o louvor ou é o objeto desse louvor. O termo pode ser sinônimo de «adoração» ou de «louvor adorador». Também pode significar esplendor, magnificência ou bem-aventurança, em sentido terrestre ou celestial. Outrossim pode referir-se a resplendor ou brilho, às emanações de luz, ao halo imaginado em torno de figuras santificadas, ou ao esplendor e brilho do Ser divino. A própria presença de Deus pode ser chamada de glória, por causa de seu estado exaltado”.
No hebraico, o vocábulo mais com um é “kavod”, que se deriva de “kabed”, «ser pesado», dando a ideia de algum a coisa importante. Por extensão metafórica vem a indicar valor, dignidade, esplendor, algo revestido de substância espiritual. A palavra era usada para aludir à estatura ou ao peso físico de uma pessoa, ou então às riquezas ou à posição social de alguém.
No grego, existem duas palavras utilizadas, a primeira é “kléos” que está em 1 Pe 2.20 e traz a ideia de “renome” e não tem importância para nosso estudo e a segunda, que ocorre por 60 vezes de Mateus a Apocalipse é “daksázo” ou o substantivo que deriva dela “dóksa” que aparece por 165 vezes no N.T. que significa «pensar», «considerar», «parecer», «ser influente». O substantivo dóksa envolve os conceitos de brilho, resplendor, conforme se vêem em Atos 22:1; II Tes. 1:9; II Ped. 1:17; Apo. 15:8; 19:1; 21:11,13; II Cor. 3:7 ss, etc.
Em se tratando da manifestação da glória de Deus para com os seres humanos, que são templos de Deus, Champlim nos presenteia com um rico comentário.
“O homem é o reflexo ou imagem de Deus, bem como a sua glória (I Cor. 1 1 :7 ). Em Cristo, pois, isso terá cabal cumprimento no estado eterno. Os remidos estão sendo transformados segundo a imagem de Cristo (Rom. 8:29), passando por muitos estágios de glória (II Cor. 3:18), até que venham a com partilhar da plenitude de Deus (Efe. 3:19) participando da natureza divina, a exemplo de Cristo posto que de maneira finita (Col. 2:10; II Ped. 1:4). Chegaremos, pois, a compartilhar do corpo glorioso de Jesus Cristo ressuscitado. Em outras palavras, receberem os corpos novos, imateriais, espirituais, que servirão de veículo apropriado para a alma remida, nos lugares celestiais. Compartilharemos também da gloriosa herança de Cristo (Efé. 1:18), e as riquezas de sua glória haverão de transparecer em nós e através de nós (Rom. 9:23). Então é que Cristo será glorificado em seus santos (II Tes. 1:10). Haverá a coroa da glória, que importará na participação das perfeições e atributos divinos (II Tim. 4:8). O próprio estado eterno, celestial, é chamado de «glória», por motivo de sua indescritível magnificência e resplendor (Col. 3:4). A parousia de Cristo manifestar-se-á de maneira gloriosa (Mat. 16:27; Mar. 8:38). Jesus voltará ao mundo em poder e grande glória (Mat. 24:30). Sentar-se-á em um trono de glória (Mat. 19:28; 25:31). Uma vez no céu, haveremos de contemplar a sua glória (I Ped. 4:13; Tlto 2:13). Popularmente, o próprio céu é chamado de «glória». E isso tem alguma base nas Escrituras. Ver Sal. 73:24 e João 17:24. A glória de Deus pode ser vista em Jesus Cristo, sendo refletida pela Igreja (II Cor. 4:3-6). Cristo estabeleceu conosco uma nova aliança (II Cor. 3:7-11), que é desfrutada tanto agora como no estado eterno, na glória celestial (II Ped. 4:14 e Rom. 8:18).”
Assim como estudamos, a glória de Deus está associada ao que Ele é e não somente ao que faz.
A grandeza, a santidade, o poder e tudo o que conhecemos como manifestações de Deus, são; na verdade; aspectos inerentes a Deus.
O apóstolo Paulo; falando sobre o fato de não haver desculpas para aqueles que transgridem os mandamentos de Deus dizendo que a verdade de não existe; nos fala sobre estes atributos de Deus e sua manifestação na natureza.
“Portanto, a ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça humana, pois o que de Deus se pode conhecer é evidente entre eles, porque o próprio Deus lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido observados claramente, podendo ser compreendidos por intermédio de tudo o que foi criado, de maneira que tais pessoas são indesculpáveis; porquanto, mesmo havendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças; ao contrário, seus pensamentos passaram a ser levianos, imprudentes, e o coração insensato deles tornou-se em trevas”. (Rm 1.18-21 – KJA)
A natureza de Deus, ou seja, sua essência pode ser observada na conservação do mundo e na maneira como ele funciona.
A maior criação dos seres humanos não pode ser comparada a nada que Deus criou, pois, tudo funciona perfeitamente.
A distância entre o sol e a Terra foi perfeitamente calculada, sendo que se fosse um pouco mais próxima, não existiria vida na Terra e o mesmo acontece com a distância entre a Lua e a Terra.
O movimento de rotação e translação são perfeitos e fazem com que o planeta Terra consiga se manter em equilíbrio, assim como mantém em equilíbrio tudo o que habita nele.
É o poder de Deus que faz com que isto tudo aconteça e isto nos demonstra a glória que existe Nele.
Ele é a essência da bondade e de tudo o que é perfeito.
O teólogo e reformador francês João Calvino escreve sobre este texto de forma sublime em seu comentário sobre a carta de Paulo aos romanos.
“Paulo assim designa qual a propriedade ou expediente para adquirirmos conhecimento acerca de Deus, e indica tudo o que se presta para anunciar a glória do Senhor, ou – o que é a mesma coisa – tudo quanto deve induzir-nos ou incitar-nos a glorificar a Deus. Isso subentende que não podemos compreender plenamente a Deus, em toda sua grandeza, mas que há certos limites dentro dos quais os homens devem manter-se, embora Deus acomode à nossa tacanha capacidade [ad modulum nostrum attemperat] toda declaração que ele faz de si próprio. Portanto, somente os estultos é que buscam conhecer a essência de Deus. O Espírito, o Preceptor da sabedoria plenária, não sem razão chama nossa atenção para o que pode ser conhecido, τό γνωστόν, e o apóstolo logo em seguida explicará como isso pode ser apreendido. A força da passagem é intensificada pela preposição in [in ipsis, em vez do simples ipsis]. Conquanto na fraseologia hebraica, a qual o apóstolo frequentemente usa, a partícula in [em] é às vezes redundante, tudo indica que ele, nesta instância, pretendia indicar uma manifestação do caráter de Deus que é por demais forte para permitir que os homens dela escapem, visto que, indubitavelmente, cada um de nós a sente esculpida em seu próprio coração. Ao dizer: Deus lhos manifestou, sua intenção é que o homem foi criado para ser um espectador do mundo criado, e que ele foi dotado com olhos com o propósito de ser guiado por Deus mesmo, o Autor do mundo, para a contemplação de tão magnificente imagem. Deus, em si mesmo, é invisível, porém, uma vez que sua majestade resplandece em todas suas obras e em todas suas criaturas, os homens devem reconhecê-lo nelas, porquanto elas são uma viva demonstração de seu Criador. Por esta razão o apóstolo, em sua Epístola aos Hebreus, chama o mundo de espelho ou representação [specula seu spectacula] das coisas invisíveis [Hb 11.3]. Ele não apresenta detalhadamente todos os atributos que podem ser considerados pertencentes a Deus, porém nos diz como chegar ao conhecimento de seu eterno poder e divindade. Aquele que é o Autor de todas as coisas deve necessariamente ser sem princípio e incriado. Ao fazermos tal descoberta sobre Deus, sua divindade se descortina diante de nós, e esta divindade só existe quando acompanhada de todos os atributos divinos, visto que todos eles se acham incluídos nesta divindade”.
O texto que mencionamos de João 1.14 traz a melhor expressão sobre a manifestação da glória de Deus aos seres humanos.
Em outras traduções temos o seguinte:
“Cristo tornou-Se um ser humano, e morou aqui na terra entre nós, e era cheio de perdão amoroso e da verdade. E alguns de nós vimos a glória dEle – a glória do Filho único do Pai celeste!” (BV)
“Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade”. (NVI)
Palavra tornou-se carne e sangue, e veio viver perto de nós. Nós vimos a glória com nossos olhos, uma glória única: o Filho é como o Pai, Sempre generoso, autêntico do início ao fim. (BAM)
A palavra grega utilizada para habitou é “eskenosen” que significa tabernaculou ou fez morada, fazendo menção à manifestação da glória de Deus no Tabernáculo e no Templo, conforme estudamos.
O Tabernáculo foi erguido para ser um lugar onde Deus pudesse habitar no meio de seu povo (Ex 25.8) e a encarnação de Deus em carne, foi a maneira do texto de Isaías 7.14 se cumprir na íntegra, ou seja, o Emanuel se materializou em Jesus.
O teólogo inglês F.F. Bruce nos traz uma rica contribuição sobre este assunto.
“Entre os judeus de fala grega, o substantivo skene e suas palavras cognatas, como o verbo skenoo, que é usado nesta frase, comumente eram associados ao verbo hebraico shãkan (“morar”) e seus derivados, como o mishkãn (“tabernáculo”) da Bíblia e a sheknah pós-bíblica, uma palavra que literalmente significa “residência”, porém era usada mais especificamente para a gloriosa presença de Deus que residia no tabernáculo de Moisés e no templo de Salomão. Quando o tabernáculo foi concluído, “a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do Senhor encheu o tabernáculo” (Ex 40.34). De modo semelhante, quando o templo de Salomão foi dedicado, “uma nuvem encheu a casa do Senhor… porque a glória do Senhor enchera a casa do Senhor” (1 Rs 8.1 Os.). Portanto, quando o Verbo se fez carne, a presença gloriosa de Deus corporificou-se nele, porque ele é a verdadeira shekínãh. A glória que brilhou no tabernáculo e no templo, coberta pela nuvem misteriosa, não passou de um lampejo da glória excelente que brilhou no Verbo encarnado, escondida dos que não estavam dispostos a vir à luz, mas evidente à fé. O evangelista olha para trás e vê como toda a história terrena do Verbo encarnado, especialmente o ponto culminante desta história, o sacrifício na cruz, revelara a glória de Deus”.
É muito importante que você deixe claro que, apesar de muitos utilizarem o Tabernáculo e o Templo como exemplos da manifestação de Deus, Jesus Cristo é a SUBLIME manifestação da glória de Deus.
Pergunte a seus alunos se eles já haviam pensado nisto e leve-os a perceber a importância que Jesus tem como o Deus que se manifestou em forma corpórea.
O teólogo suíço Philip Schaff distingue quatro estágios nessa glória de Cristo:
Como professores de EBD, temos a obrigação de ensinar aos alunos que nada que existe no A.T. tem tanta importância como Jesus, nem tampouco podem ser comparados a Ele.
Tenho observado inúmeras pregações a respeito da glória de Deus sem mencionar Jesus e isto precisa ser ensinado em sala de aula para que deixe de acontecer.
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Equipe EBD Comentada
Postado por ebd-comentada
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