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Betel Adultos – 1 Trimestre 2022 – 06-02-2022 – Lição 6 – As parábolas do livro de Ezequiel

04/02/2022

Este post é assinado por Cláudio Roberto de Souza

TEXTO ÁUREO

Ezequiel 16:62

62 Porque eu estabelecerei o meu concerto contigo, e saberás que eu sou o SENHOR; (ARC)

TEXTOS DE REFERÊNCIA

Ezequiel 15:2-3

2 Filho do homem, que mais é a madeira da videira que qualquer outro, o sarmento que está entre as árvores do bosque?

3 Toma-se dele madeira, para fazer alguma obra? Ou toma-se dele alguma estaca, para se pendurar algum traste? (ARC)

 

Ezequiel 16:15,60

15 Mas confiaste na tua formosura, e te corrompeste por causa da tua fama, e prostituías-te a todo o que passava, para seres sua.

60 Contudo, eu me lembrarei do meu concerto que contigo fiz nos dias da tua mocidade; e estabelecerei contigo um concerto eterno. (ARC)

OBJETIVOS DA LIÇÃO

  • Explicar a parábola da videira inútil. 
  • Mostrar Jerusalém como a esposa infiel da parábola. 
  • Destacar a alegoria da parábola das duas águias.

INTRODUÇÃO

Saudações em Cristo.

Em caráter de exceção, escrevo o esboço desta semana.

Aproveito a oportunidade para fazer-lhes lembrar que a mudança de um ano para outro denota o encerramento de um ciclo, mas também o início de outro. Deus criou este intervalo no tempo de 365 dias para que pudéssemos dar um “reset” naquilo que não funcionou no ano que se passou. Então, nós nos renovamos. Temos a oportunidade de recomeçar, de refazer os nossos propósitos, de zerar tudo e começar de novo; com nova vitalidade e reanimados para fazer do novo ano um marco de mudanças e transformações.

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Vamos a aula. Este ponto do estudo do livro de Ezequiel trata de três enigmas, ou histórias que chamamos de parábolas preditas por Deus ao profeta Ezequiel – A videira inútil, a esposa infiel e as duas águias.

Alguns acham estranho que no A.T. (Antigo Testamento) contenha parábolas, pois estas são muito mais comuns no N.T. (Novo Testamento), em específico, nos Evangelhos – cerca de 39 parábolas estão descritas neles (este número pode variar conforme a interpretação textual). Porém, o A.T. contém cerca de 11 parábolas (em semelhança ao que ocorre no N.T., este número também pode mudar). Vamos há um breve resumo destas parábolas, quem as contou e onde:

  1. Os moabitas e os israelitas. O narrador foi Balaão, no monte Fisga (Neemias 23.18-30; 24);
  2. As árvores que escolheram um rei. Foi contada por Jotão, no monte Gerizim (Juízes 9.7-15);
  3. A ovelha e o pobre. Foi narrada pelo profeta Natã, em Jerusalém (II Samuel 12.1-5);
  4. O conflito entre irmãos. Uma mulher de Tecoa contou-a em Jerusalém (II Samuel 14.9);
  5. O prisioneiro que escapou. Apresentada por um jovem profeta, perto de Samaria (I Reis 20.25-49);
  6. O espinheiro e o cedro. O rei Joás a contou, em Jerusalém (II Reis 14.9);
  7. A videira que deu uvas bravas. Isaías contou essa parábola, em Jerusalém (Isaías 5.1-7).

Parábolas do profeta Ezequiel, escritas na Babilônia, como segue:

  1. As águias e a vinha (Ez 17.3-10);
  2. Os filhotes de leão (Ez 19.2-9);
  3. O caldeirão fervente (Ez 24.3-5);
  4. Israel como o vinha perto da água (Ez 24.10-14).

Mas o que é uma parábola? De forma simples, uma parábola consiste em uma narrativa que se utiliza de alegorias para demonstrar uma verdade ou realidade de algo que se deseja expor. Tais narrativas podem ser ou não factíveis, mas suas lições são sempre verdadeiras. Elas têm o propósito principal de levar os seus ouvintes a reflexão, de facilitar o ensino e a compreensão de uma verdade que se deseja apresentar. Elas evocam a comparação com outras realidades e são um recurso bastante usados pelos hebreus rabinos. Estes as utilizam até os dias de hoje como um vantajoso método de ensino. Elas fazem parte da literatura judaica, pois os hebreus são grandes contadores de histórias e Jesus se destacou como um dos maiores contadores de parábolas!

As parábolas não é uma exclusividade dos judeus, pois, como dito, elas são um recurso poderoso para a assimilação e fixação de um ensinamento, portanto, útil no meio acadêmico e pedagógico.

O profeta Ezequiel recebeu as três parábolas do próprio Deus. Leiamos:

Ezequiel 15:1-2
​1 E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
2 Filho do homem, que mais é a madeira da videira que qualquer outro, o sarmento que está entre as árvores do bosque? (ARC)
 

Ezequiel 16:1-2
​1 E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
2 Filho do homem, faze conhecer a Jerusalém as suas abominações. (ARC)
 

Ezequiel 17:1-2
​1 E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
2 Filho do homem, propõe uma parábola e usa de uma comparação para com a casa de Israel. (ARC)

Seu propósito era expor o estado espiritual deplorável que o povo se encontrava, a rígida sentença que viria sobre eles e principalmente, o compromisso do Senhor com aquela nação que envolvia uma promessa de renovação.

Perceba que as parábolas seguem um rigoroso padrão utilizado por Deus para atrair o seu povo para si novamente: A exposição do pecado, a condenação ou o seu juízo sobre este povo e por último, o exercício do seu amor e misericórdia em benefício da restauração deste povo.

1 – A PARÁBOLA DA VIDEIRA INÚTIL

Ezequiel narra a primeira parábola comparando os moradores de Jerusalém com uma árvore bastante cultivada naquela região – a vinha.

Interessante pensarmos que as árvores (além dos homens), são citadas mais do que qualquer outra criação na Bíblia. Lemos sobre Deus as criando no capítulo primeiro e de uma árvore em especial no capítulo dois do livro de Gênesis (Gn 1.11,29; 2.8) e na última página da Bíblia (Ap 22.2).

Há pelo menos três árvores na Bíblia que merecem destaque:

1 – Oliveira – Unção: responsável por produzir azeitonas e delas o azeite. Na Bíblia encontramos que o azeite era utilizado para ungir reis e profetas (1Re 19.15,16); além de lugares e objetos consagrados especificamente para o culto a Deus (Ex 30.22-29); ungir os enfermos para serem curados (Tg 5.14). O azeite simboliza a unção do Espírito Santo. Frutificar semelhante à oliveira significa ter uma vida cheia de unção do Espírito Santo.

2 – Figueira – Prosperidade e alegria: responsável por produzir figos, um dos doces mais deliciosos. A figueira simboliza a alegria, pois sua doçura traz prazer a quem experimenta. O profeta Isaías mandou o rei Ezequias colocar uma pasta de figos sobre a úlcera em sua barriga (2 Reis 20.7). Provavelmente este era um remédio usado para trazer alívio às dores. O profeta Habacuque expressa que se a figueira não floresce as pessoas ficavam tristes, mesmo assim buscava satisfação em Deus (Hb 3.17). O próprio Jesus mostrou insatisfação quando encontrou uma figueira sem frutos (Mc 11.13,14). Frutificar semelhante à figueira significa ter uma vida cheia da alegria que é fruto do Espírito Santo (Gl 5.22). Devemos “servi ao Senhor com alegria” (Sl 100.2) e regozijarmos sempre no Senhor, isto é, sermos sempre alegres em Deus, independentemente das circunstâncias (Fl 4.4).

3 – Videira – Comunhão e alegria: responsável por produzir uvas e delas o vinho. A videira simboliza a comunhão que “agrada a Deus e aos homens (Jz 9.13). Uma das características do vinho é sua durabilidade, tornando-se cada vez melhor com o passar do tempo. Além disso, é muito saudável e sacia a sede, podendo ser levada em viagens pelo deserto sem perder seu valor nutritivo. Frutificar como a videira é viver uma vida de alegria e comunhão com Deus e com os irmãos.

A Bíblia também, em diversas passagens compara os homens a árvores. No livro de Daniel, o rei Nabucodonosor sonhou com uma árvore tão alta que tocou o céu. Era frondosa e frutificava em abundância, de modo que os e seus frutos alimentava a todos. Ela estava no centro da terra e todos podiam vê-la, mas no sonho, um anjo gritou: Derribai a árvore, e cortai-lhe os ramos, e sacudi as suas folhas, e espalhai o seu fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela e as aves dos seus ramos.” (Dn 4:14). O profeta Daniel foi o único capaz de interpretar esse sonho. Ele disse: “A árvore que viste, és tu, ó rei” (Dn 4.22). 

No livro de Judas também encontramos um texto que faz uma comparação entre a árvore e o ser humano:

Judas 1:12
12 Estes [HOMENS] são manchas em vossas festas de fraternidade, banqueteando-se convosco e apascentando-se a si mesmos sem temor; são nuvens sem água, levadas pelos ventos de uma para outra parte; são como árvores murchas, infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas; (ARC – Acréscimo e negrito meus)

Judas comparou os falsos mestres às árvores de outono (que normalmente são secas neste período, sem folhas e não oferecem sombras), ele estava dizendo que eles prometiam descanso, e ofereciam cansaço. Eles prometiam a vida, mas estavam produzindo a morte, no sentido espiritual.

João Batista também fez este tipo de comparação. Leiamos:

Mateus 3:10
10 E também, agora, está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo. (ARC) 

Enquanto João Batista batizava as pessoas no rio Jordão, ele pregava essa mensagem aos seus ouvintes. O profeta dizia que as pessoas deveriam se arrepender de seus pecados, então ele comparava o arrependimento a um fruto. Nesse paralelo, o ser humano é uma árvore que deve produzir o “fruto do arrependimento”.

Por último, Jesus também comparou os homens a árvores, quando ensinou sobre a importância de sermos frutíferos:

Mateus 7:16-20
16 Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?
17 Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz frutos maus.
18 Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons.
19 Toda árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo.
20 Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. (ARC)

Ezequiel em sua parábola, compara os moradores de Jerusalém a uma videira. Porém esta vide é improdutiva, não tendo utilidade alguma. O povo de Deus, antes chamados florescer e produzir frutos, tornou-se infecundo, estéril por causa dos seus delitos contra a Lei do Senhor.

Ponto de reflexão em sala de aula
Quantos não tiveram um bom início em sua carreira cristã, produziram abundantemente no reino de Deus, mas com o passar do tempo, enveredaram-se por uma vida de pecados ou mesmo esfriaram ao ponto de levar uma vida medíocre na presença do Senhor? Que possamos estar atentos e sempre vigilantes ao menor sinal de esterilidade espiritual em nossas vidas!

1.1 – Videira, uma árvore símbolo da frutificação

Os judeus produziam o vinho. Muitos deles viam essa bebida como uma dádiva de Deus. Alguns rabinos criam que o próprio Deus havia ensinado a Noé o segredo de como fabricá-lo.

De fato, segundo o reverendo A. R. Buckland a primeira vinha de que se tem notícia acha-se em conexão com o monte Ararate, talvez o seu primitivo habitat, onde Noé a plantou (Gn 9.20). As vinhas eram conhecidas no Egito, como se pode compreender do sonho do copeiro-mor do Faraó (Gn 40.9-11), e da sua destruição pela saraiva (Sl 78.47). A extensão e a importância da cultura das vinhas mostram-se abundantemente nos monumentos onde se acha representado pela pintura e escultura todo o processo de tratar as videiras (usualmente sobre varas, sustentadas por colunas), de colher o fruto, e convertê-lo em vinho.

Em linguagem profética, o próprio povo de Israel era uma vinha trazida do Egito. Leiamos:

Salmos 80:8
8 Trouxeste uma vinha do Egito; lançaste fora as nações e a plantaste. (ARC)

D. A. Carson explica que, no Antigo Testamento, a videira é um símbolo comum para Israel, o povo da aliança de Deus (SI 80.9-16; Is 5.1-7; 27.2ss.; Jr 2.21; 12.10ss.; Ez 15.1-8; 17.1-21; 19.10-14; Is 10.1,2). Mais notável ainda é o fato de que, sempre que o Israel histórico é referido sob essa figura, enfatiza-se o fracasso da videira em produzir bom fruto, junto com a correspondente ameaça do julgamento de Deus sobre a nação. Nesse momento, em contraste com tal fracasso, Jesus declara: “Eu sou a videira verdadeira”, isto é, aquela para quem Israel apontava, aquela que produz bom fruto.

Portanto, mesmo no N.T., a comparação do povo de Deus a uma videira é válida, pois Jesus é a videira verdadeira e nós, somos os ramos ou as varas ligadas a Ele. Leiamos:

João 15:1-2,5
​1 Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.
2 Toda vara em mim que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.
5 Eu sou a videira, vós, as varas; quem está em mim, e eu nele, este dá muito fruto, porque sem mim nada podereis fazer. (ARC)

Charles Swindoll diz que, no capítulo 15 de João, Jesus destaca três relacionamentos vitais do cristão:

1) Jo 15.1-11 – O relacionamento do crente com Cristo. O termo chave é “permanecer”, usado 10 vezes em 11 versículos. A ênfase é união.

2) Jo 15.12-17 – O relacionamento do crente com os demais crentes. O termo chave é “amor”, usado 4 vezes em 6 versículos. A ênfase é comunhão.

3) Jo 15.18-27 – O relacionamento do crente com o mundo. O termo chave é “odiar”, usado 7 vezes em 10 versículos. A ênfase é perseguição. 

Em todo o Antigo Testamento, Israel é apresentado como a videira, a vinha do Senhor. Deus a plantou e a cercou com cuidados, mas Israel produziu uvas bravas. Diante do fracasso de Israel em simbolizar a videira, então, agora, Jesus diz: “Eu sou a videira verdadeira” (Jo 15.1).

Hernandes Dias Lopes diz que Jesus como a videira verdadeira, é o tronco no qual o galho precisa buscar sua seiva para frutificar. Quanto maior a conexão do ramo com o tronco, maior é a capacidade de produção desse ramo. A vida, a força, o vigor, a beleza e a fertilidade do ramo estão na sua permanência no tronco. Em nós mesmos, não temos vida, nem força, nem poder espiritual. Tudo o que somos, sentimos e fazemos vem de Cristo. Ele é a fonte. Sozinho, um ramo é frágil, infrutífero e imprestável, servindo apenas para ser queimado (Ez 15.1-8). O ramo não é capaz de gerar a própria vida; antes, deve retirá-la da videira. De igual forma, é nossa união vital com Cristo que nos permite dar frutos. Por isso Jesus disse: “[…] sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15.5).

Hernandes afirma que o trabalho do agricultor é cuidar da videira, a fim de que seus ramos produzam muitos frutos. Para isso, o agricultor levanta, limpa e poda os ramos. O agricultor poda os ramos de duas maneiras: a primeira é limpando e podando os ramos para que sejam renovados; a segunda, é removendo os ramos secos e sem vida para lançá-los fora e queimá-los.

William Hendriksen destaca os cinco elementos de punição para o homem que não está ligado a Cristo:

1) Ele é lançado fora como um ramo (Jo 15.6);

2) Ele seca (Jo 15.6). Embora essa pessoa possa ter uma vida prolongada, ela não tem paz (Is 48.22) nem alegria (Jl 1.12). Ele é “[…] como árvores sem folhas nem fruto, duplamente mortas, cujas raízes foram arrancadas” (Jd 12);

3) Seus ramos são apanhados (Mt 13.30; Ap 14.18);

4) Ele é lançado no fogo (Mt 13.41,42);

5) Ele é queimado (Mt 25.46; Jo 15.6).

Permanecer em Cristo é vital para produzir fruto (Jo 15.4,5). Jesus disse: “[…] O ramo não pode dar fruto por si mesmo […] porque sem mim nada podeis fazer”. Fora da videira, o ramo é estéril e inútil. Contudo, quando o ramo está ligado à videira, sendo podado na hora certa, ele produz muito fruto.

Hernandes pondera: “Mas levanta-se aqui uma questão: Qual é a natureza desse fruto? Obediência, novos convertidos, amor, caráter cristão? O propósito dos ramos é produzir muito fruto (Jo 15.5), porém o contexto nos mostra que esse fruto é consequência da oração, em nome de Jesus, e é para a glória do Pai (Jo 15.7,8,16).”

D. A. Carson diz que o fruto na metáfora da videira representa tudo o que é produto de oração efetiva em nome de Jesus, incluindo a obediência aos mandamentos (Jo 15.10), a experiência da alegria (Jo 15.11), a paz (Jo 14.27), o amor de uns pelos outros (Jo 15.12) e o testemunho diante do mundo (Jo 15.16,27). Esse fruto não é nada menos que o resultado da perseverante dependência que o ramo tem da videira.

William Hendriksen afirma: “Esperar que o homem frutifique sem que permaneça em Cristo é ainda mais estulto do que esperar que um ramo que foi cortado da videira produza uvas!”

A vinha representada por Jerusalém nos tempos do profeta Ezequiel tornara-se estéril. Sem frutos não tem mais qualquer utilidade, senão o fogo.

Normal Russell Champlin explica que há estudiosos que afirmam que a videira brava seria uma muda inútil da videira ordinária, a qual, como é claro, se parecia muito com uma videira cultivada, mas que produzia frutos imprestáveis. Trata-se do mesmo «pau da videira» de que fala Ezequiel, no décimo quinto capítulo de seu livro, e que, no dizer do profeta, servia apenas para ser “lançado no fogo, para ser consumido” (Ez 15.6).

1.2 – A videira, mesmo frágil, pode se destacar pela sua boa produção

O Dicionário de Wycliffe detalha que a vinha (em hebraico kerem, e em grego ampeion) era geralmente plantada em uma encosta (Is 5,1; J1 3.18), muitas vezes em forma de terraços e cercada por um muro de proteção feito de pedras ou arbustos (Nm 22.24; Is 5.5; Sl 80.8-13; Ct 2.15). Uma torre de pedra era construída onde o vigia cuidava das uvas maduras durante a estação da colheita (Mt 21.33).

Champlin explica: “o profeta Ezequiel, em vez de falar sobre o fruto da videira, ele fala sobre a qualidade de sua madeira. Naturalmente, essa qualidade está subentendida na provável produção das uvas, podendo ser boa ou má. Caso a madeira não seja boa e saudável, se houver qualquer produção, as uvas serão azedas. 

A madeira da videira, se ruim, não serve nem como combustível. É pior do que uma árvore podre que faria bom combustível. Talvez alguém usasse a madeira da videira como combustível. Se isto ocorresse, logo descobriria que se queima rápida e totalmente. As extremidades e a parte central são consumidas ao mesmo tempo. Ela fornece pouco calor e some completamente. Cf. os vss. 4-5 com Jer. 24.10. Jerusalém, que não prestava para nada, mesmo assim serviria de combustível para o exército babilónico. Os homens cortam quase todo o tipo de árvore para esse propósito, mas a madeira da videira produz tão pouca quantidade, que nem é utilizada como combustível (vs. 6). Em outras palavras, a madeira ruim da videira é realmente inútil. 

A madeira da videira é inútil para fabricar móveis, ou até para fazer uma simples prateleira onde sejam colocados utensílios. A parábola não menciona a função da videira de produzir uvas, mas explora outros usos possíveis, considerando-se que essa videira fosse inútil para os propósitos agrícolas. Jerusalém era madeira inútil. Não produzia frutos, era estéril, servia somente como combustível para o fogo divino. Plínio menciona itens ornamentais feitos da madeira da videira (Nat. Hist. 1.14.C.1). Nosso autor não tinha conhecimento desses usos, ou não os mencionou para não enfraquecer a parábola. De modo geral, podemos afirmar que essa madeira é torta, áspera, fraca, inútil para fabricar instrumentos, móveis ou quaisquer outros objetos de valor. “Essa madeira é mole, quebradiça, e nunca de grande quantidade” (Fausset, in loc.). Portanto, se a videira não produz boas uvas, não lhe sobra nenhuma utilidade. Por outro lado, a videira que produz boas uvas é mais útil do que a grande maioria das árvores da floresta.

Quando a madeira da videira está intacta, antes de ser queimada, não presta para nada (vss. 2-3); muito menos prestará, uma vez queimada e reduzida a cinzas. Se houvesse algum valor “antes”, estaria perdido no fogo. O autor fala da Judá Jerusalém que já era inútil quando promovia sua idolatria-adultério-apostasia. Sendo atacada e consumida pelo fogo babilónico, perderia qualquer valor que pudesse ter tido antes. Sua inutilidade total é assim comprovada. O profeta fez uma péssima avaliação do valor espiritual da cidade apóstata.”

No entanto, a videira, mesmo sendo uma planta muito delicada, quando bem cuidada, ela produz em abundância.

Hernandes Dias Lopes declara que o propósito de uma videira não é produzir madeira nobre, lenha ou sombra, como algumas outras árvores. Tampouco a videira é uma planta ornamental. O único propósito da videira é produzir frutos.

Após o plantio, uma vinha demora cerca de 3 a 5 anos para produzir os seus frutos. Neste interim, o agricultor toma as devidas providências para que a vinha se mantenha saudável, eliminando as pragas, controlando a temperatura, efetuando as podas, irrigando e controlando a intensidade de luz.

O agricultor responsável por sua vinha é o próprio Deus, conforme lemos em Jo 15.1. Ele dispõe de todos os recursos necessários para que a sua vinha produza abundantemente. Ele forneceu ao seu povo tudo o que precisavam para despontarem como sendo uma nação fiel e justa dentre todas as outras e somente uma imensa perversão poderia anular esse potencial e isso aconteceu. Israel fracassou.

1.3 – Que mais pode ser feito?

Isaías 5:4
4 Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? E como, esperando eu que desse uvas boas, veio a produzir uvas bravas? (ARC)

O título deste tópico contém a pergunta feita pelo profeta Isaías acerca de um grave problema. O agricultor havia plantado uma vinha e esperava ansioso pela colheita, mas quando colheu, o resultado não era o esperado. Ao invés da vinha ter produzido uvas boas, ela produziu uvas bravas!

Tudo o que o agricultor (Deus) podia fazer, Ele fez (Is 5.4). O espaço era fértil (Is 5.1); cercou o lugar lhe garantindo proteção, limpou o terreno retirando as pedras e plantou mudas de vide qualidade excelente (Is 5.2).

Champlin detalha: “Todos os passos imagináveis foram tomados para assegurar que haveria uma vinha de primeira classe, com uma produção de primeira classe de uvas da mais alta qualidade. As pedras (e o mato daninho) foram removidas a fim de preparar tudo para o plantio; somente foram plantadas parreiras da melhor qualidade. A palavra hebraica para “vides” significa “ser vermelho”, e assim estão em pauta ou as uvas vermelhas ou as uvas de Sorck, um vale no sopé das montanhas de Jerusalém. A região era conhecida pelos vinhedos de excelente qualidade (cf. Jz. 14.5). Muralhas de proteção ou mesmo cercas eram erguidas; uma torre de vigia era construída para adicionar certa medida de proteção contra predadores animais ou humanos. Então era preparado um lagar apropriado para processar as uvas e extrair-lhes o suco. Tendo feito todas as coisas possíveis, o vinhateiro vigiava diariamente e esperava obter uma boa safra. 

Todavia, a despeito dos esforços e das expectações do vinhateiro, a vinha produzia somente uvas bravas, literalmente, “fruto fedorento”. “Fruto fétido da vinha brava, em vez de uvas escolhidas, talvez falando da venenosa espécie acônito, que os árabes chamam de uvas de lobo (ver Dt 32.32,33; I Reis 4.39-41 – Fausset, in loc)”. “Bagas venenosas, as beushim, inúteis, sem proveito, de odor repelente” (Adam Clarke, in loc).” 

O Targum explica a situação:Recomendei que eles praticassem boas obras defronte de mim, mas eles praticaram obras más.”

A situação precisa de um posicionamento divino, isto é, precisava ser julgada. O efeito negativo da produção era responsabilidade do proprietário da vinha ou das uvas que simplesmente eram más?

Devemos compreender, que as uvas simbolizadas por Judá, de alguma maneira tinham conseguido corromper a si mesmas, tornando-se bravas e venenosas, a despeito dos muitos esforços do divino vinhateiro. Deus condena os pecadores com base em suas próprias palavras (Dt 32.6; Jó 15.6; Lc 19.22; Rm 3.4).

“Aqueles a quem se aplicava a parábola foram convidados (como Davi foi convidado por Nata) a julgar a si mesmos (Ellicott, in loc)”. 

Isaías 5:4
4 Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? […] (ARC) 

Não houve economia de cuidado ou empenho. Champlin explica que este versículo se refere novamente aos elaborados preparativos do vs. 2. Alguma coisa, porventura, fora deixada por fazer? O Vinhateiro divino lança uma pergunta a que os apóstatas não podiam responder com um “sim”. O “não” necessário significa que aqueles pecadores estavam autocondenados.

Devemos entender que a lei mosaica tinha sido habitualmente violada, porque essa era a conduta padronizada de Judá. As uvas azedaram devido à desobediência. Toda a nação de Judá foi sendo gradualmente paganizada (Is 2.6). Ao paganizar-se,

Judá perdeu sua distinção como nação, porquanto o que a distinguia era a guarda da lei, que foi dada para ser obedecida pelo povo em aliança com Deus (Dt 4.4-8).

Champlin conclui: “Que faria o divino Vinhateiro? A vinha de uvas azedas tinha perdido a razão de existir. Não mereciam continuar ocupando a terra. Todas as obras protetoras seriam removidas: as cercas (e/ou as muralhas) seriam deitadas abaixo. Dessa maneira, qualquer saqueador animal ou humano facilmente atacaria a propriedade, e os babilônios cuidariam para que isso acontecesse (Cf. Sl 80.12,13. Ajustiça seria servida. Judá precisava cair. O exílio era iminente. Nenhuma força terrena poderia impedi-lo, e nenhuma força divina queria impedi-lo.”

O Targum interpreta como segue: “Agora declararei a vós o que farei a meu povo. Farei minha glória shekinah ser removida deles. Eles se tornarão um despojo. Derrubarei a casa do santuário deles. Eles serão pisados aos pés.”

Somos a feitura de Deus para produzirmos frutos que demonstrem o nosso arrependimento das obras más e que glorifiquem ao Senhor do céu. Ele organiza e dispõe de todo o necessário para que possamos produzir tais frutos e para isso, Ele nos escolheu e nos nomeou, conforme se lê:

João 15:16a
16 Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça (ARC) 

Do mesmo modo que Jerusalém não pode responder a pergunta feita pelo profeta Isaías em nome de Deus sobre o fato de como a vinha produziu uvas brabas ao invés de uvas boas, ninguém poderá se justificar perante Deus por sua infertilidade.

Todos recebemos do Senhor a mesma seiva nutricional, o mesmo cuidado e preocupação para que tenhamos o melhor meio para produzirmos com abundância, portanto não há pretextos, justificativas ou considerações razoáveis de argumentação diante do nosso Criador.

Tenhamos consciência de que fomos escolhidos por Jesus e esta escolha é fruto da graça de Deus e não se fundamenta em méritos humanos.

Precisamos nos aproximar com humildade diante daquele que, inexplicavelmente, nos amou primeiro e nos separou por sua graça para sermos sua propriedade exclusiva, a fim de que frutifiquemos para a sua glória.

Não esqueçamos que o Agricultor observa constantemente a sua vinha a procura de frutos. Ele nos dá bastante tempo para nos arrependermos de maus comportamentos, mas que esse tempo não dura para sempre.

Ponto de reflexão em sala de aula
Que tal exemplo sirva como um aviso, onde temos todos os expedientes para produzirmos abundantemente no exercício da vida cristã!

2 – A PARÁBOLA DA ESPOSA INFIEL

Evangelista Cláudio Roberto de Souza

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Equipe EBD Comentada

Postado por ebd-comentada


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