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Betel Adultos – 3º Trimestre de 2017 – 23/07/2017 – Lição 4: O perfil dos enviados de Cristo

19/07/2017

Este post é assinado por: Cláudio Roberto

TEXTO ÁUREO

Atos 22:21
21 E disse-me: Vai, porque hei de enviar-te aos gentios de longe. (ARC)

TEXTO DE REFERÊNCIA

Atos 20:17-21
17 De Mileto, mandou a Éfeso chamar os anciãos da igreja.
18 E, logo que chegaram junto dele, disse-lhes: Vós bem sabeis, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, como em todo esse tempo me portei no meio de vós,
19 servindo ao Senhor com toda a humildade e com muitas lágrimas e tentações que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram;
20 como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar e ensinar publicamente e pelas casas,
21 testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo. (ARC)

INTRODUÇÃO

A paz do Senhor nobres professores e vocacionados para a EBD!

Se fosse para classificar o que seria mais valioso na terra, selecionaria o Evangelho, a mensagem de Boas Novas, mais preciosa que o ouro ou pedras preciosas.

O Evangelho é a boa notícia de redenção e perdão por meio de Jesus. É o anúncio da maravilhosa liberdade proporcionada por Cristo. É o livramento de uma sentença de condenação concedido ao homem.

Deus nos chamou a beber esse cálice (Sl 116.13) e nos enviou a oferecê-lo a outros (Jo 20.21).

1 – O CARÁTER DE UM ENVIADO

Nesta lição (O perfil dos enviados), o Bispo Oides, comentarista deste trimestre, utiliza a vida do apóstolo Paulo, como modelo de caráter a ser observado e imitado por todos aqueles que anseiam por ganhar almas.
Uma das questões mais importantes quanto ao apostolado de Paulo, é exatamente o seu caráter e sua autoridade. Aqui, abordaremos o seu caráter.

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Pastor Eliel Goulart (comentarista deste blog), traz breve definição do que é caráter: “Como você age e como você reage, definem seu caráter. O seu caráter é expressão de sua conduta e de suas escolhas morais. Caráter é aquilo que você realmente é quando não há ninguém por perto”.

J. A. Kirk declara que “para Paulo, o apostolado é comprovado não por uma reivindicação exclusiva, mas pelos frutos dos que o exercem”.

Excetuando Jesus, o apóstolo Paulo é o nome mais importante da história da igreja primitiva. Foi ele o grande legislador do Novo Testamento e quem sistematizou os ensinos de Jesus, detalhando-os e explanando-os.

O Evangelista, Dr. Caramuru Afonso, cita que as palavras objetivas e concisas do doutor em teologia do Instituto Protestante de Teologia de Montpellier, Elian Cuvillier, por si só mostram a importância do apóstolo Paulo na história da Igreja, a ponto, mesmo, de muitos terem, inclusive, querido denominar o “cristianismo” de “paulinismo”, por entender que a base doutrinária da Igreja centra-se muito mais nos escritos paulinos do que, propriamente, nos ensinos registrados pelos evangelistas, o que é evidente exagero.

O fato é que tais estudiosos se esquecem que os escritos de Paulo foram, ao menos em parte, resultado de uma recepção direta do Senhor (I Co.11:23), o que faz com que seus escritos nada mais sejam do que desdobramentos dos ensinos de Cristo quando de Seu ministério terreno.

Antes de sua conversão (At 9), o apóstolo Paulo, se mostrou um homem de valores inegociáveis e depois dela, um caráter exemplar. Mesmo sob a suspeita do servo do Senhor, Ananias (At 9.13,14), Paulo, foi para Deus, um vaso escolhido para levar o nome de Jesus aos gentios, reis e os filhos de Israel (At 9.15).

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O grande destaque de sua vida, foi o caráter irrepreensível. Na história de qualquer homem, o caráter será a sua insígnia, seja para o bem, seja para o mal. Após a conversão, Paulo demonstrou um caráter incrivelmente ilibado.

Nesta lição, veremos algumas caraterísticas do apóstolo Paulo que deverão por nós ser imitadas sem qualquer restrição (I Co 11.1).

1.1 – Servo

Não foram os apóstolos de Jerusalém, mas sim Deus que “chamou” Paulo e lhe revelou “o seu Filho”, a fim de que ele o anunciasse “entre os gentios” (Gl 1.16), ou seja, Paulo não foi fruto do evangelismo de ninguém, mas o próprio Jesus foi ao seu encontro (At 9).

Paulo foi um feroz perseguidor da igreja. Foi a partir de sua anuência que a Bíblia registra a morte do primeiro mártir do cristianismo (Estevão – At 8.1). No entanto, quando na estrada de Damasco, marchava com cartas que lhe garantia a autorização para prender outros cristãos, ele tem um encontro inesperado com aquele a quem de fato perseguia – JESUS CRISTO (At 9.4-6). Tal encontro é rápido, decisivo e conclusivo. Paulo deixaria de ser perseguidor para ser perseguido (At 9.16). Paulo recostou a capa do farisaísmo para nunca mais retomá-la e assim, assumir o papel de servo do Senhor.

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A expressão ‘servo do Senhor’, ocorre ao menos 20 vezes nas Escrituras e as primeiras 15 vezes que é mencionada, sempre se refere a Moisés (Dt 34.5; Js 1.1; 8.31; 11.12; 13.8; 14.7 e outros), no entanto iremos encontrar referências parecidas com o seu significado, implicando afirmar que todos os homens do passado que obedeceram ao Senhor, foram também considerados seus servos.
Até mesmo Jesus, foi assim chamado pelo profeta Isaías Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios” (Is 42:1) e em Isaías 53, Jesus é o Servo Sofredor e foi assim apresentado no Evangelho de Marcos (Mc 10.45).

Segundo o dicionário VINE, o termo ‘servo’ ou ‘escravo’ no Novo testamento, corresponde a palavra grega ‘doulos’ e indica frequentemente sujeição sem a ideia de escravidão.
Servo tem forte conotação com serviço e está associada a este. Somente exerce serviço a Deus quem é servo.

O cristão deixou de ser escravo do pecado em seus variados formatos e passou a ser servo do Senhor Jesus Cristo. Não se trata de uma escravidão opressora ou subjugadora, mas um servo que se alegra com o seu Senhor e tem prazer em servi-lo.

Cientes de que somos servos de Deus (At 27.23; Rm 1.1, 6.22; Fp 1.1), devemos servi-lo na tarefa principal pela qual Ele nos chamou – fazer discípulos!

1.2 – Santo

Santidade é um belo produto da graça de Deus que se revelou na dispensação passada (Lv 11.44), e se destacou na presente (I Pe 1.16).

Enquanto a palavra santidade significa “ser reservado, separado”, uma possível interpretação da raiz da palavra hebraica para santidade é: “ser resplandecente, limpo, novo ou fresco; imaculado”.

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A santidade produz separação do pecado, porém a simples separação do pecado não pode produzir santidade. Não é a ausência do pecado que produz a nossa santificação. A santidade vem da presença ou comunhão com Deus (I Co 1.30). Você pode evitar “tocar o que é impuro”, mas, se não estiver unido pelo amor à paternidade de Deus, jamais conhecerá a verdadeira santidade; tudo o que terá será religião. Cristo em nós é a nossa santidade, pois, quanto mais próximo for o nosso relacionamento com Ele, mas refletiremos a sua santidade.

Atos 20:18
18 E, logo que chegaram junto dele, disse-lhes: Vós bem sabeis, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, como em todo esse tempo me portei no meio de vós, (ARC)

No texto acima, o apóstolo Paulo, revela o seu cuidado em como se apresentar ou ser visto pelos gentios. Ele mantinha sempre uma imagem irretocável e um caráter imaculado diante dos homens.

Seguindo a orientação de Jesus, quando observou: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5:16).
Considerando que a luz de Deus em nós deve sempre resplandecer diante dos homens com o propósito de glorificar ao Pai, o apóstolo dos gentios afirmou aos irmãos de Coríntios que buscava zelar daquilo que era honesto, não somente diante do Senhor, mas também diante dos homens (II Co 8.21). Para o governador da Judeia, Felix, ele disse: E, por isso, procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens” (At 24.16).

Para Paulo, o seu nome, e sua reputação eram cartas evangelísticas abertas diante daqueles que se relacionavam ou ouviam falar dele (II Co 3.2). Após a sua conversão, ele se esforçou por manter uma vida transparente e sem manchas, visando sempre a glória de Deus na pregação do Evangelho.
Outrossim, o mesmo Paulo tinha consciência que se alguns o considerava de presença fraca ou palavra desprezível (II Co 10.10), ou ainda inferior aos outros apóstolos e rude de palavra (II Co 11.5,6), o servir e agradar a Deus era suficiente para aquele apóstolo (Gl 1.10).

Paulo havia sido fariseu e estes zelavam por uma reputação maquiada e que foi desmascarada pelo Senhor Jesus quando os chamou de hipócritas (Mt 23). Em sua nova vida, não havia máscaras, o farisaísmo e sua hipocrisia ficaram no passado, enquanto o presente era uma vida sincera e transparente, vivida na luz de Jesus (Rm 13.12; I Ts 5.5; II Tm 1.10).

2 Reis 4:9
9 E ela disse a seu marido: Eis que tenho observado que este que passa sempre por nós é um santo homem de Deus. (ARC)

Eliseu foi identificado pela sunamita como um santo homem de Deus e voluntariamente decidiu abençoá-lo.
Assim como Eliseu era observado, mesmo em momentos aparentemente descontraídos, como em uma mesa de refeição (II Re 4.8), o cristão ganhador de almas também o é.

Estejamos, pois, vigilantes a fim de sermos sempre apanhados como diligentes servos de Deus, santos e irrepreensíveis, separados pelo Senhor e considerados pelos homens como despenseiros dos mistérios de Deus (I Co 4.1).

1.3 – Virtuoso

Do latim virtus, o conceito de virtude faz referência a uma qualidade positiva que permite produzir certos efeitos. Existem diversos usos do termo relacionados com a força, o valor, o poder de fazer, a eficácia de uma coisa ou a integridade de espírito/alma.
Uma virtude é uma qualidade estável da pessoa, seja natural ou adquirida. Existem virtudes intelectuais (vinculadas à inteligência) e virtudes morais (relacionadas com o bem).
As virtudes teológicas, sobrenaturais ou infusas são aquelas que, de acordo com a doutrina cristã, Deus concede ao homem para que aja como seu Filho. Estas virtudes são a fé (crer em Deus e nas suas revelações), a esperança (aspirar à vida eterna) e a caridade (amar Deus e o próximo como a si mesmo).
http://conceito.de/virtude

Paulo, desenvolveu um ministério impar, pois se nota claramente um total desapego do conforto, segurança, materialismo, individualismo ou egocentrismo. O amor a Deus e ao Evangelho, levou Paulo por caminhos difíceis, no entanto, tais situações, revelou o caráter virtuoso deste apóstolo.

2 Pedro 1:5
5 e vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude, a ciência, (ARC)

Virtude no texto de II Pe 1.5 vem da palavra grega ‘arete’, denota tudo que obtém estimação preeminente por uma pessoa ou coisa: por conseguinte, bondade, moral, virtude e alude a Deus ( I Pe 2.9); aqui o sentido original e geral parece estar misturado com a impressão feita em outros, ou seja, renome, excelência ou louvor.

Deste modo, Paulo procurava não apenas ser um homem virtuoso, ou seja, de excelentes qualidades morais, mas principalmente se ocupava em demonstrar as virtudes de Deus, fundamentadas em seus feitos prodigiosos, mas principalmente aquelas que se destacam e se relacionam com o envio do seu Filho, sua morte, sua ressurreição e sua promessa de um dia retornar para buscar o seu povo.

Considerando o significado da palavra virtude (bondade, moral, excelência), o servo de Deus, necessariamente precisa evidenciar as mesmas em sua vida. Tais características se não facilitar a penetração da Palavra de Deus no coração do ouvinte, ao menos a presença delas não serão empecilhos.

2 – A MOTIVAÇÃO DE UM ENVIADO

A palavra motivação provém dos termos latins motus (“movido”) e motio (“movimento”). Para a psicologia e a filosofia, a motivação são aquelas coisas que incentivam uma pessoa a realizar determinadas ações e a persistir nelas até alcançar os seus objetivos. O conceito também se encontra associado à vontade e ao interesse. Por outras palavras, a motivação é a vontade para fazer um esforço e alcançar determinadas metas.
http://conceito.de/motivacao

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Talvez as palavras de um poeta anônimo possam conceituar a motivação de uma forma mais didática…“Perguntaram a um poeta: ‘Se a sua casa estivesse pegando fogo e você pudesse salvar somente uma coisa, o que você salvaria?’ O poeta respondeu: ‘Eu salvaria o fogo, pois sem ele não somos nada’.”

Apesar das barreiras existentes para anunciar o Evangelho, com destaque ao sofrimento sempre presente na vida deste apóstolo, ele sempre se apresentava milagrosamente motivado, ao ponto de na sua morte expressar que toda a aflição experimentada em sua carreira cristã, era na verdade um bom combate (II Tm 4.7). O fogo do Espírito jamais o permitiu parar ou relaxar em seu árduo trabalho de ganhar almas.

2.1 – Obediência a visão

Para George Barna, visão é uma imagem mental precisa de um futuro desejável concedida por Deus aos seus servos escolhidos, baseada numa compreensão correta de Deus, do ego e das circunstâncias.

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A visão não é para os de ânimo fraco. Pressupõe-se que todos nós tenhamos um desejo ardente de dedicar a vida em bendizer a Deus por meio de uma busca incansável de lhe satisfazer em tudo, principalmente em sua obra de anunciar o Evangelho. Tal tarefa exige ânimo pronto!

A vida e o ministério de Paulo estavam previstos desde a madre, assim como o meu e o seu (Jr 1.5). O Senhor o separou para anunciar a sua palavra entre os gentios, ou seja, uma tarefa diferente dos demais apóstolos que permaneceram em Jerusalém.

Obviamente que existe uma visão comum a todos os servos de Deus revelada em sua Palavra – que todos testemunhem Dele, o anuncie a quem quer que seja (Mc 16.15). No entanto, Deus pode ter planos específicos para os seus servos, como teve com Paulo e com tantos outros na história Bíblica e extra Bíblica.

Barna afirma que missão, visão e valores representam as perspectivas que você tem em relação ao ministério. Suas metas, estratégias e táticas fluem daquelas perspectivas e dão em resultado seus planos de ministério. Os elementos restantes – dons espirituais, talentos naturais e experiências de vida – representam a preparação provida por Deus para o seu ministério.

Romanos 15:16-20
16 que eu seja ministro de Jesus Cristo entre os gentios, ministrando o evangelho de Deus, para que seja agradável a oferta dos gentios, santificada pelo Espírito Santo.
17 De sorte que tenho glória em Jesus Cristo nas coisas que pertencem a Deus.
18 Porque não ousaria dizer coisa alguma, que Cristo por mim não tenha feito, para obediência dos gentios, por palavra e por obras;
19 pelo poder dos sinais e prodígios, na virtude do Espírito de Deus; de maneira que, desde Jerusalém e arredores até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo.
20 E desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio; (ARC)

Gálatas 2:7-10
7 antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão
8 (porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios),
9 e conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que se me havia dado, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios e eles, à circuncisão;
10 recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência. (ARC)

Efésios 3:7-14
7 do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder.
8 A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo
9 e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que, desde os séculos, esteve oculto em Deus, que tudo criou;
10 para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus,
11 segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus, nosso Senhor,
12 no qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele.
13 Portanto, vos peço que não desfaleçais nas minhas tribulações por vós, que são a vossa glória.
14 Por causa disso, me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, (ARC)

Talvez os versículos acima contenham a visão de Deus para a vida de Paulo – Evangelizar, organizar e ensinar os gentios na fé cristã, iniciando novas igrejas de convertidos por todo o império romano, animando os novos crentes a se reproduzirem espiritualmente.

Uma coisa é essencial para qualquer servo de Deus assimilar uma visão particular de Deus – que esteja cheio do Espírito Santo. Sem este requisito, a visão não prosperará e o crente viverá sempre com uma sensação de frustração, portanto, estejamos sempre cheios do Espírito Santo para quando a visão se revelar, estejamos prontos!

2.2 – O amor pelos perdidos

O apóstolo Paulo possuía uma cultura multifacetada. Era de Tarso e lá fora educado na cultura e filosofia helenística (grega) e ainda gozava do direito de possuir a cidadania romana concedida a poucas cidades da época, desta forma, Paulo desfrutava de todas as garantias jurídicas do império romano. Antes de tudo, porém, Paulo era israelita, da tribo de Benjamin (Rm 11.1) e sua erudição o levaram certamente, a estudar a Lei com Gamaliel (At 22.3).

Professor Caramuru, afirma que deste modo, Deus permitiu que Paulo fosse formado nas letras judaicas, gregas e romanas, para que fosse um eficaz vaso na propagação do Evangelho entre os gentios. Tudo não passara de uma preparação para o ministério que Paulo iria desenvolver a partir de sua conversão. Tudo quanto aprendera seria utilizado no ministério, tanto que Paulo denomina a todo este conhecimento de “esterco” (Fp.3:8), ou seja, como fertilizante, como material que serve para fortalecer, corroborar o conhecimento que adquiriu de Cristo Jesus. Eis uma demonstração cabal de que o conhecimento secular não é obstáculo, mas um auxiliar poderoso no ministério de cada cristão e como não têm razão alguma os inimigos do estudo, os anti-intelectualistas, que, lamentavelmente, ainda existem aos milhares nas igrejas locais. Se o estudo secular fosse um mal, um entrave na obra do Senhor, por que Deus teria preparado durante décadas o apóstolo Paulo?

Mesmo com todo o conhecimento religioso e filosófico adquirido, ao ministrar, Paulo não se fundamentava em tais recursos, porém, antes apresentava a sua mensagem embasada no Espírito Santo e no poder de Deus (I Co 2.1-4, 13).

Embasado nas palavras que o Espirito Santo ensina (I Co 2.13), Paulo faz uma das mais profundas declarações sobre o amor em I Co 13.

1 Coríntios 13:1-8
1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
3 E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
4 O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece,
5 não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
6 não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
7 tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8 O amor nunca falha; mas, havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; (ARC)

É maravilhoso saber que o amor que o Espírito derrama no coração dos crentes (Rm 5.5) não é abstrato, mas é o mesmo amor descrito por Paulo no texto acima, quase em termos pessoais, como se o caráter de Cristo estivesse sendo retratado.

Paulo fez uso da sua erudição filosófica quando em atitude de amor, pregou aos Atenienses sobre o Deus Desconhecido (At 17.23). O relato bíblico de que Paulo estava com o espírito comovido pela idolatria daquele povo (At 17.16) nos faz pensar sobre a indiferença de muitos com relação aos pecados dos seus semelhantes…

Estamos vivendo tempo de forte fanatismo religioso. Devemos fugir desse comportamento, pois isto nada mais é que falta de conversão, falta de novo nascimento, como vemos na vida de Paulo (Gl 2.20). O fanatismo nada mais é que ódio e onde há ódio, não há amor e quem não ama não é nascido de Deus (I Jo.4:7).

O verdadeiro cristão, ama e quem ama, se comove pelo estado pecaminoso de alguém, e quem se comove, é compungido a falar de Cristo… O princípio que desencadeia o anúncio de Jesus Cristo ao perdido deverá ser sempre o amor.

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Este amor tudo suporta (I Co 13.7). O amor pelas almas deve prevalecer mesmo quando estamos em situações desconfortáveis como Jesus que mesmo na cruz, ignorou a agonia da morte e ofereceu salvação ao ladrão arrependido (Lc 23.34), ou mesmo Paulo e Silas, feridos e aprisionados, adoraram a Deus e mesmo após as cadeias caírem, permaneceram no cárcere, oferecendo também a salvação através de Jesus Cristo (At 16.22-31).

2.3 – Senso de urgência

Atos 17:16-17
16 E, enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria.
17 De sorte que disputava na sinagoga com os judeus e religiosos e, todos os dias, na praça, com os que se apresentavam. (ARC)

Atenas era o grande centro cultural da antiguidade, mundialmente renomada por sua filosofia, arquitetura e arte. Das três grandes cidades universitárias (Atenas, Tarso e Alexandria), Atenas era a mais famosa. Nos dias do apóstolo Paulo, Corinto havia ultrapassado Atenas em importância política e comercial.

Champlin relata que por essa altura da história do mundo, a cidade de Atenas não era mais importante, nem política e nem comercialmente. Contudo, continuava sendo a sede de uma famosa universidade, e ainda era a “meca” intelectual do mundo. Apesar do fato de que os seus habitantes eram altamente religiosos e estavam sempre inclinados a ouvirem alguma nova doutrina, algum sofista ambulante ou as últimas noções filosóficas, parece que assim agiam por uma curiosidade puramente acadêmica, e não motivados por qualquer desejo real de descobrirem a verdade, por amor à verdade.

Pausânias diz-nos que a cidade de Atenas contava com mais imagens de escultura do que todas as demais cidades gregas, juntamente consideradas.

Plínio asseverou que, ao tempo de Nero, Atenas estava ornamentada por mais de trinta mil estátuas públicas, além de imensa multidão de esculturas particulares, nas casas dos cidadãos.

Petrônio disse que era mais fácil encontrar um deus em Atenas do que um homem. Cada templo, cada portão, cada pórtico, cada edifício, tinha suas divindades protetoras.

Xenofonte disse acerca dessa cidade: “O lugar inteiro é um altar, e a cidade inteira é um sacrifício e uma oferta aos deuses”.

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Isso bastou para que o espírito de Paulo, tanto se comovesse dentro dele… O significado da palavra ‘se comovia’ é ‘paroxuno’ no grego, cujo significado também é “afiar”, “estimular”, “irritar”. A versão portuguesa Revista e Corrigida, uso o termo ‘se revoltava’.

Paulo sentia-se agitado no seu íntimo a tal ponto que não podia ficar indiferente a tamanha idolatria ateniense. Tal sensação o obrigou a mover-se e fazer alguma coisa a respeito. A motivação que levou Paulo a se compungir interiormente não o permitiu ficar inerte. A urgência missionária é proporcional ao grau de pecaminosidade de um povo, ou seja, onde houver maior foco de pecado, maior urgência esse povo tem de conhecer a Deus.

Algumas vezes nos sentimos sensibilizados por uma situação de pecaminosidade, porém nada fazemos para alterar o quadro. A diferença está na atitude, está no senso de urgência que uns tem e outros não.
Quem tem, presencia e faz algo a respeito – Paulo pregou aos atenienses; quem não tem, nada faz, e segundo as escrituras, se podemos e sabemos fazer o bem e não fazemos, pecamos por omissão (Tg 4.17).

3 – RESPONSABILIDADES E RECOMPENSAS

“O galardão das boas obras é tê-las feito. Por isso, não pode haver melhor prêmio.” Sêneca

Da mesma forma que um trabalhador é recompensado ao final de sua jornada de atividades, anunciar Cristo aos perdidos também tem grandes recompensas. O final da jornada não está no encerramento de um expediente ou de um período de trabalho, mas com Deus no porvir. Isaías tinha plena consciência dessa verdade ao escrever: “Mas eu disse: “Tenho me afadigado sem qualquer propósito; tenho gasto minha força em vão e para nada. Contudo, o que me é devido está na mão do Senhor, e a minha recompensa está com o meu Deus” (NVI).

Deus a ninguém deve, mas a todos recompensará. Ocupar-se em sua seara é o único trabalho, cujo investimento é 100% certo! (Mt 19.29; 25.21).

3.1 – Um coração zeloso como de um pai

Paulo foi de fato um grande apóstolo. Sua vida e obra apontam para esta realidade.
Sua espiritualidade, amor pelos irmãos e os perdidos, disposição constante, zelo pela obra e seus obreiros, dedicação a Deus, escritos, e tantas outras virtudes o destacou dentre os demais.

Gálatas 4:19
19 Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós; (ARC)

Champlin afirma que a expressão “dores de parto…” é tradução do vocábulo grego “ordino”, empregado aqui e em Ap. 12:2. Expressa grande angústia e esforço, como também, segundo Paulo mostra aqui, aquele esforço imenso, aquela angústia de alma por que ele passava, na expectação dos crentes gálatas serem definitivamente conduzidos aos pés de Cristo, a fim de que experimentassem o novo nascimento.

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Existe um dito popular judaico que afirma: “Se alguém ensinar a lei ao filho de seu vizinho, as Escrituras consideram isso como se ele o tivesse gerado”. Paulo, pois, agonizava desejando o nascimento espiritual deles – Paulo se comparava como alguém que estava gerando filhos para Deus (Gl 4.19).

O Reverendo Hernandes Dias Lopes expõe que depois de tratar os crentes da Galácia de irmãos e filhos, Paulo se apresenta a eles como quem está em agonia de parto para dar à luz. Quatro verdades são expostas por ele acerca deste texto:

1. Um pastor que aprofunda relacionamentos: “Meus filhos…” (4.19a). Como apóstolo e pai na fé dos crentes da Galácia, Paulo demonstrou várias vezes seu profundo desgosto pela atitude imatura deles ao abandonar tão depressa o evangelho verdadeiro por um falso evangelho (1.6,7). Chamou-os de insensatos (3.1). Chega a dizer que pensou ter trabalhado em vão entre eles (4.11). Agora, porém, Paulo, num tom pastoral, cheio de ternura, os chama de “irmãos” (4.12), “filhos” (4.19) e apresenta-se a eles como alguém dorido de parto (4.19);

2. Um pastor que gera filhos espirituais: “… por quem, de novo, sofro as dores de parto…” (4.19b). Paulo não era um teólogo de gabinete. Não era apenas um mestre doutrinador, mas, sobretudo, um evangelista, um ganhador de almas. O apóstolo não foi apenas pai espiritual daqueles crentes, mas também uma mãe que os deu à luz e por eles sofreu as dores do parto;

3. Um pastor que busca a maturidade dos crentes: “… até ser Cristo formado em vós” (4.19c). Paulo não se satisfaz em que Cristo habite neles; anseia ver Cristo formado neles e vê-los transformados à imagem de Cristo. A palavra grega morfothe deixa claro que a forma significa a forma essencial, e não a aparência exterior. A ideia, portanto, é de caráter realmente semelhante a Cristo.
Os crentes da Galácia que estavam voltando à escravidão do judaísmo, abandonando sua liberdade em Cristo, eram como abortos, filhos que não chegaram a nascer e desenvolver. Paulo, porém, não desistiu deles, mas sofria novamente por eles, como que uma segunda gestação, a fim de que nascessem saudáveis para a maturidade. Não basta nascer, é preciso crescer rumo à maturidade. Portanto, qualquer sistema religioso que não produza o caráter de Cristo na vida de seus adeptos não é totalmente cristão;

4. um pastor que fica perplexo com a imaturidade de seus filhos: “Pudera eu estar presente, agora, convosco e falar-vos em outro tom de voz; porque me vejo perplexo a vosso respeito” (4.20). Paulo está boquiaberto e perplexo com a inconstância dos gálatas. A palavra grega aporeomai, traduzida por “perplexo”, significa literalmente estar sem caminho, de maneira que não se sabe ir nem para a frente nem para trás, dependendo, constrangido, de ajuda.
A despeito de estar perplexo e desnorteado, Paulo lastima ter de usar um tom tão firme e agressivo; ele anseia por vê-los face a face, pois confia em que irão cooperar e, portanto, poderá mudar o tom de voz. Seu forte desejo é mostrar-lhes o calor do seu coração.

Nas palavras de Calvino, os gálatas precisavam ser outra vez nutridos no ventre, como se ainda não estivessem plenamente formados. Ser Cristo formado em nós é o mesmo que sermos formados em Cristo. Ele nasce em nós para que vivamos sua vida. Visto que a genuína imagem de Cristo foi deformada por meio das superstições introduzidas pelos falsos apóstolos, Paulo se esforça para restaurá-la em toda a sua perfeição e esplendor. Isto é feito pelos ministros do evangelho, quando eles dão leite às crianças e alimento sólido aos adultos (Hb 5.13,14).

Se os ministros do evangelho querem fazer alguma coisa, devem esforçar-se para formar a Cristo, e não eles próprios, em seus ouvintes.

John Stott também afirma que o que deveria importar ao povo não é a aparência do pastor, mas se Cristo está falando por intermédio dele. E o que deveria importar ao pastor não é a boa vontade das pessoas, mas se Cristo está sendo formado nelas. A igreja precisa de gente que, ouvindo o pastor, ouça a mensagem de Cristo, e de pastores que, trabalhando entre as pessoas, busquem a imagem de Cristo. Apenas quando o pastor e a congregação mantiverem assim os olhos em Cristo, só então o seu relacionamento mútuo vai se manter sadio, proveitoso e agradável ao Deus Todo-poderoso.

Paulo reuniu em si mesmo as melhores prerrogativas que a igreja mais exigente poderia requerer. Paulo correspondia aos requisitos mais nobres e ao mesmo tempo as exigências mais complexas que um líder, um pastor poderia possuir.
A preocupação do apóstolo em conduzir o rebanho sempre saudável era constante. Suas viagens, suas cartas e mesmo o envio de obreiros de sua confiança as igrejas estabelecidas por ele, apontam para essa verdade.

Paulo compreendia muito bem que existiam os imaturos na fé, porém, não admitia que os mesmos ficassem nesta condição para sempre (I Co 3.1-3). Paulo exigia o crescimento, alimentando-os com a Palavra de Deus com perseverança e nunca desistindo de suas vidas, mesmo aqueles (como os gálatas) que se inclinavam ao judaísmo, após experimentarem a salvação em Jesus Cristo. Foi como se Paulo sofresse um “aborto” e agora estava gerando-os novamente para Cristo. O ponto de destaque aqui foi o zelo perseverante deste apóstolo em preparar aquela igreja para ser apresentada a Cristo como uma virgem pura ao seu esposo (II Co 11.2).

Os pastores modernos, tem tido muitas dificuldades em lidar com os meninos espirituais. Ora, em uma casa haverá sempre meninos, mas eles crescem e vem outros (netos). O importante é a instrução que desenvolverá o intelecto e lhe dará o crescimento espiritual. O menino deixa de ser menino e vira homem, no entanto, outros virão e também crescerão e assim o ciclo continua… (I Co 13.11).

Olhar para a vida de Paulo pode ser inspirador para qualquer líder, pastor ou mesmo crente. Ser zeloso na obra de Deus é ser como Paulo que ganhava as almas para Cristo, e dedicava o seu tempo em aperfeiçoa-los para que se desenvolvessem em Deus. O cuidado não se apartava do coração do apóstolo dedicado.

3.2 – Um compromisso com a vinda do Senhor

Como vivemos a nossa vida? Vivemos sob a perspectiva terrena ou eterna?

1 Coríntios 15:19-20
19 Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.
20 Mas, agora, Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem. (ARC)

Aqueles que não compreenderam a plenitude do Evangelho de Cristo, se limitam a apresentá-lo numa perspectiva somente terrena. Assim tem feito muitas lideranças e denominações, principalmente os adeptos da última onda pentecostal chamada de Neo Pentecostalismo, no entanto, o Evangelho em sua inteireza, não se limita a esta perspectiva humana e terrena; o Evangelho de Jesus Cristo aponta para o céu (At 1.11).
Por isso Paulo afirmou que é mais miserável entre todos os homens, aqueles que restringem a sua esperança em Cristo, somente nesta vida.

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Paulo tinha o compromisso de anunciar o Evangelho de Jesus em sua forma completa e com a preocupação de fazê-lo a qualquer tempo, tendo em vista que a vinda do Senhor se aproxima. Ao seu filho na fé, Timóteo, ele disse: “Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu Reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina” (2 Tm 4:1-2).

O verbo grego ‘diamartyromai’ que corresponde a palavra ‘conjuro-te’ tem conotações legais e pode significar ‘testificar sob juramento’ numa corte de justiça ou ‘dar testemunho solene’.

Hernandes Dias Lopes afirma que o momento de Paulo é sério, não porque estava prestes a enfrentar a morte, mas principalmente, porque tanto Paulo quanto Timóteo serão julgados no dia em que Cristo vier.

John N. D. Kelly diz que a referência ao julgamento é especialmente apropriada, pois é Cristo quem, na segunda vinda, julgará até que ponto Timóteo, e qualquer outro ministro do Evangelho, desempenhou suas obrigações momentosas.

Cada um de nós devemos remir o nosso tempo, entendo a vontade do Senhor (Ef 5.16-17) e anunciando o Evangelho de Jesus Cristo, porque Ele prometeu voltar e há fortes evidências acerca da brevidade deste acontecimento (Mt 24; Hb 10.37).

3.3 – A recompensa dos enviados

Pensar na vida dos primeiros irmãos da igreja primitiva é associá-los as mais duras provações de amor a Deus e a sua mensagem. Lutas, perseguições, abatimentos, aflições, decepções e tantas outras intempéries, eram ingredientes do cálice da vida daqueles irmãos que não recusaram bebê-lo. Muitos morreram a fio da espada, outros foram feitos espetáculos para o povo romano em suas arenas abarrotadas de pessoas perversas, outros foram crucificados, degolados, apedrejados e toda sorte de morte cruel, contudo, nunca negaram a fé e principalmente a responsabilidade de anunciar a Cristo. Pelo serviço e até pela morte, cada um será recompensado.

Este exercício não passa despercebido aos olhos do Criador. Todos teremos galardão quando “nos gastamos e nos deixamos gastar pelas almas na obra do Senhor” (II Co 12.15).

Mateus 19:27
27 Então, Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo e te seguimos; que receberemos? (ARC)

Pedro pareceu preocupado quando teve que deixar o seu trabalho de pescador para seguir a Jesus, tanto que em sua transparente sinceridade perguntou ao Senhor, o que receberia por ter renunciado a tudo. Conforme podemos ver abaixo, a resposta de Jesus não é uma repreensão:

Mateus 19:28-29
28 E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.
29 E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto e herdará a vida eterna. (ARC)

Ele a aceita como pergunta válida. Ele promete recompensa escatológica no fato de os apóstolos se sentarem futuramente em doze tronos e julgarem as doze tribos, mas essa resposta não interessa a nós neste momento e sim aquela que está no versículo 29 em destaque.
A expressão “cem vezes tanto” não deve ser reduzida a mera forma de competição espiritual com um pagamento de cem por um. Jesus quer dizer que eles serão grandemente abençoados. As recompensas serão terrenas e eternas.

1 Coríntios 15:57-58
57 Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.
58 Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor. (ARC)

Paulo, no capítulo 15 de I Coríntios fala acerca da ressurreição de Cristo e termina com a promessa da ressurreição dos salvos em Jesus. No penúltimo versículo o apóstolo fala da vitória do cristão, pois Jesus venceu a morte e nós através Dele, também já conquistamos esta vitória; a vitória se estende no fato de que não seremos condenados com o mundo, mas antes seremos poupados da ira de Deus e transportados ao céu para gozarmos da vida eterna. Mas o último versículo contempla o serviço do cristão que será posteriormente galardoado pelo próprio Deus.

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Sobre esse ponto, Champlin nos diz que a promessa do cristianismo, na “vitória” que foi para nós obtida em Cristo, é que a vida humana é o “grande contínuo”, e que todas as suas atividades, contanto que estejam centralizadas em Cristo, têm certo valor e propósito que se estendem para além dos limites da morte, ou mesmo da vida eterna.

Adam Clarke afirma que “Aquele que não ‘trabalha’ visando a glória de Deus e o bem dos homens, não é reconhecido como um servo de Cristo; e se ele não é um servo, também não é um ‘filho’ e, se não é um filho, então também não é um ‘herdeiro’. E cumpre-lhe não somente ‘trabalhar’, mas também mostrar-se abundante no seu trabalho, sempre ultrapassando suas anteriores realizações; e isso não apenas por algum tempo, e, sim, ‘para sempre’, começando, continuando e terminando cada ação da vida para a glória de Deus e para o bem-estar de seus semelhantes”.

Dentre as recompensas que o cristão receberá do Senhor, apontamos cinco coroas que estão prometidas a todos os salvos e os pastores da instituição AMAI explicam cada uma delas:

1. Coroa Incorruptível – Esta coroa é recebida por aqueles que terminaram com disciplina a corrida da carreira cristã. É dada aqueles que não se distraíram com coisas banais e não se perderam na caminhada, nem ficaram caídos e prostrados de desanimo no meio do caminho – (I Co 9.25);

2. Coroa de Glória – Esta coroa é concedida àqueles que edificam a igreja. Não é pequeno o privilégio de pastorear, apascentar, nutrir e velar pelo rebanho de Deus. Esta coroa é dada aqueles que exercem este ministério com espontaneidade, com boa vontade, com diligencia, e como modelo para o rebanho – (I Ts 2.19; I Pe 5.4);

3. Coroa da Justiça – Esta coroa é concedida àqueles que pelejam com galhardia até o fim, anunciam com desassombro a fidelidade do Evangelho, cumprindo assim com todo o propósito de Deus em suas vidas. Esta coroa é dada àqueles que não amaram o presente século, mas viveram em função do reino, aguardando com expectativa sua plenitude na segunda vinda de Cristo – (II Tm 4.8);

4. Coroa da Vida – Esta coroa é dada aqueles que perseveram na tribulação, ao ponto de morrerem por Cristo para viverem com Ele para sempre. Esta coroa é destinada àqueles que não se intimidaram, não se misturaram com o mundo e não cederam às pressões do presente século – (Tg 1.12; Ap 2.10);

5. Coroa da Alegria – Esta coroa é dada aqueles que ganham almas para Jesus. Não há alegria maior do que conduzir uma vida aos pés de Cristo. Não há júbilo mais intenso do que gerar filhos espirituais. Há festa no céu por um pecador que se arrepende. Há uma coroa de alegria para aqueles que conduzem os perdidos a Cristo – (I Ts 2.19).

CONCLUSÃO

Deus exige o mais nobre caráter de seus enviados e que a despeito de toda a sorte de aflição, este seja encontrado sempre em movimento na obra do Senhor, buscando as almas perdidas.

Sejamos como Paulo que não se contentava que os conquistados para Cristo vivessem um Evangelho superficial, ou tivessem uma vida espiritualmente rasa no Senhor, mas antes se esforçava por conduzi-los a mesma excelência espiritual que ele mesmo experimentara em Jesus Cristo.
Concluo esta lição com um provérbio chinês que diz assim:

“Se sua visão é para um ano, plante trigo. Se sua visão é para uma década, plante árvores. Se sua visão é para toda a vida, plante pessoas”

Que cada discípulo de Jesus Cristo esteja pronto e apto a plantar pessoas no Reino de Deus durante a sua peregrinação nesta terra.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Bíblia Eletrônica Olive Tree – Versão Revista e Corrigida / Revista e Atualizada / NVI;
Dicionário da língua portuguesa;
Dicionário Vine – E. W. Vine – CPAD;
O desafio da santidade – Francis Frangipane – Editora Vida;
Transformando a visão em ação – George Barna – Editora Cristã Unida;
Comentário NT – Norman Champlin – Editora Hagnos;
Gálatas – Comentário Expositivo – Hernandes Dias Lopes – Editora Hagnos;
Comentário Gálatas – Série Cultura Bíblica – J.N.D. Kelly – Editora Vida Nova;
Site da internet mencionado quando citado no texto;
Todos os direitos de imagens são de seus respectivos proprietários;

Por Cláudio Roberto

Postado por ebd-comentada


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