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Betel Adultos – 2º Trimestre de 2017 – 14/05/2017 – Lição 7: A coragem de um profeta levantado por Deus

09/05/2017

Este post é assinado por: Cláudio Roberto

TEXTO ÁUREO

Jeremias 36:2
2 Toma o rolo de um livro e escreve nele todas as palavras que te tenho falado sobre Israel, e sobre Judá, e sobre todas as nações, desde o dia em que eu te falei a ti, desde os dias de Josias até hoje. (ARC)

TEXTO DE REFERÊNCIA

Jeremias 36:1-3
1 Sucedeu, pois, no ano quarto de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, que veio esta palavra do SENHOR a Jeremias, dizendo:
2 Toma o rolo de um livro e escreve nele todas as palavras que te tenho falado sobre Israel, e sobre Judá, e sobre todas as nações, desde o dia em que eu te falei a ti, desde os dias de Josias até hoje.
3 Ouvirão, talvez, os da casa de Judá todo o mal que eu intento fazer-lhes, para que cada qual se converta do seu mau caminho, e eu perdoe a sua maldade e o seu pecado. (ARC)

INTRODUÇÃO

Existem muitas formas de honrarmos a Deus. O honramos quando damos crédito a sua Palavra, observando-a (Sl 15.4); quando reconhecemos que Ele é o criador e mantenedor de tudo que existe, visível e invisível (Ap 5.13); quando admitimos que Ele é o único e verdadeiro Deus (I Tm1.17); Honramos a Deus até mesmo com os nossos bens (Pv 3.9-10).

A honra que proferimos com os lábios em reuniões de adoração ao Senhor é a mais simples delas. Ela não depende de circunstâncias e tão pouco de coragem.

O profeta Jeremias manifestou a sua honra ao Senhor de todas as formas citadas, porém honrar a Deus, mantendo-se fiel a sua mensagem diante da hostilidade do seu povo, exige coragem. Assim, o profeta prova uma maneira inusitada de engrandecer a Deus.

1 – CORAGEM PARA DECIDIR DE QUAL LADO FICAR

Jeremias foi um homem que depois de ter vencido a própria resistência quanto a sua chamada, a abraçou de corpo, alma e espírito (Jr 1.4-10), pois Deus, de forma singular pôs a sua Palavra nos seus lábios. Uma vez resoluto e envolvido na intimação de Deus para o chamado, nunca retrocedeu e quando as severas lutas o convidava para desistir, um incêndio provocado pelo Senhor em seu interior, não permitia. As chamas de sua vocação o encorajava a persistir (Jr 20.9).

1.1 – A loucura do rei Jeoaquim

O escritor austro-húngaro, nascido em Praga, filhos de judeus, Franz Kafka, não foi cristão, mas escreveu:
“Se o livro que estamos lendo não nos despertar, como se um martelo golpeasse o nosso crânio, então por que razão nós devemos lê-lo?”.

Eugene Peterson em seu livro “Corra com os cavalos”, afirma que um livro deve ser como uma machadinha para romper a espessa camada de gelo em nosso interior.

O próprio Jeremias afirmou que a Palavra do Senhor era como um martelo que esmiuçava a penha (Jr 23.29).

Houve dois livros com estas características na vida de Jeremias: o que ele leu e o que ele escreveu.

Não há dúvidas que o livro que Jeremias leu foi Deuteronômio (repetição das Leis do Senhor).
Este livro foi descoberto durante os trabalhos de restauração do templo (II Cr 34.14; II Re 22.8). Ele foi usado pelo rei Josias como uma espécie de manual para a sua reforma (II Cr 34 e 35; II Re 23.1-24).

Jeremias cresceu com este livro em mãos, ele meditou neste livro e ficou impregnado de suas palavras.

Eugene Peterson afirma que três elementos adquiriram papel de destaque enquanto Jeremias lia o livro de Deuteronômio:

1. Jeremias adquiriu uma memória nacionalista, pois este livro recapitulava, na totalidade, qual o significado de pertencer ao povo de Deus;

2. Jeremias adquiriu sólida base teológica. Ele aprendeu a pensar em Deus de uma forma relacional, abrangente e regular. Deus está em constante relacionamento de amor com as pessoas;

3. Jeremias tornou-se uma pessoa extremamente responsável em função da enorme quantidade de mandamentos presentes no livro. O mandamento é um convite a viver além do que compreendemos, sentimos ou desejamos. “O mandamento eleva as pessoas da animalidade para a humanidade”.

Jeremias então escreve também o seu rolo (livro) e assim como Deuteronômio, ele recapitula uma mensagem para um povo que estava à deriva, distante do porto ou propósito originais.

Charles Willians escreveu: “Não há outra instituição que sofra mais com o tempo do que a religião. No momento, quando é, remotamente, possível que toda uma geração tenha aprendido algo sobre a teoria e a prática, os estudiosos e seu saber foram levados pela morte, e a Igreja é confrontada com a necessidade de começar da estaca zero, novamente. Todo o esforço e trabalho de regeneração da humanidade tem de ser reiniciado a cada trinta anos ou pouco mais”.
Neste caso, o período foi de 17 anos.

Uma vez que o livro estava escrito, era a hora do rei ler.
Jeremias envia o seu amigo Baruque e assim apresentar a profecia escrita.
Era o mês de dezembro e fazia frio. O rei estava na casa de inverno, especialmente construída para este período.

Jeremias 36:22-23
22 (Estava, então, o rei assentado na casa de inverno, pelo nono mês; e estava diante dele um braseiro aceso.)
23 E sucedeu que, tendo Jeudi lido três ou quatro folhas, cortou-o o rei com um canivete de escrivão e lançou-o ao fogo que havia no braseiro, até que todo o rolo se consumiu no fogo que estava sobre o braseiro. (ARC)

A narrativa bíblica é clara e arrepiante, pois o rei Jeoaquim, portando um canivete, sequer permitiu a leitura completa do rolo, antes, o tomou e cortando-o, lançou no braseiro que o aquecia. Seus conselheiros e servos que estavam ao redor, o acompanharam naquele momento de insanidade e tolice.

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Quão diferentes foram as reações de Josias e do seu filho Jeoaquim, diante da mesma circunstância…

O primeiro, rasgou as suas vestes (II Cr 34.19), o segundo rasgou o Livro (Jr 36.23);
O primeiro revelou zelo, o segundo, desprezo;
O primeiro demonstrou entusiasmo, o segundo, indiferença.

Nos dias de hoje ainda nos deparamos com pessoas que a semelhança de Josias, demonstram total amor pelas Escrituras e outros como Jeoaquim, desdenham e desprezam a Palavra de Deus.

Provérbios 13:13
13 O que despreza a palavra perecerá, mas o que teme o mandamento será galardoado. (ARC)

O canivete de Jeoaquim (Jr 36.23) é a representação de todos aqueles que tentam “usar” a Escritura para fins pessoais, recortando-a; aqueles que procuram manter o domínio sobre ela, reduzindo-a a algo sob seu controle. No entanto, a Palavra de Deus não pode ser manipulada.
A própria Palavra sempre terá supremacia sobre qualquer interpretação pessoal e a única reação apropriada ante a advertência das Escrituras, é uma atitude de reverência, pois ela é sempre mais do que somos, sempre anterior e superior a qualquer um de nós ou daquilo que conhecemos.

A história ainda releva outros que a semelhança de Jeoaquim, desprezaram as Escrituras e de forma insana tentaram aniquilar a Palavra de Deus:

  1. O rei Antioco Epifânio, conhecido como um dos principais anticristos, com a intenção de difundir e implantar a cultura helenística (grega), saqueou o templo e tentou destruir os rolos da Lei;
  2. O imperador romano Diocleciano, foi quem imprimiu uma das mais sangrentas perseguições aos cristãos no terceiro século de existência da igreja. Os livros sagrados foram queimados!

Soma-se a estes, os tantos homens e mulheres no decorrer da história que tem “queimado” o Livro sagrado em seus corações endurecidos pelo pecado (Hb 3.13).

Jeremias 36:30
30 Portanto, assim diz o SENHOR acerca de Jeoaquim, rei de Judá: Não terá quem se assente sobre o trono de Davi, e será lançado o seu cadáver ao calor de dia e à geada de noite. (ARC)

A atitude desrespeitosa de Jeoaquim ante a Palavra de Deus, lhe valeu uma sentença de morte.
Sobre este juízo, Eugene Peterson menciona que “o calor irradiado pelo rolo (Palavra de Deus) ardendo na lareira não iria aquecê-lo por muito tempo – breve, ele seria um cadáver exposto a “geada da noite!””.

Todos os que hoje desprezam a revelação da salvação por meio de Jesus Cristo e seu Evangelho, terão um triste final – a sentença de morte eterna (Jo 5.24; Ap 21.8).

1.2 – Jeremias se esconde do rei

Segundo o saudoso pastor Emílio Conde, esconder significa ocultar, encobrir, guardar.

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Algumas vezes, no campo de batalha, recuar não é uma atitude de covardia, mas de estratégia.
Mesmo em outras ocasiões, Jeremias demonstrou grande coragem ao pregar a palavra do Senhor como a vez que se apresentou a porta do Templo e escancarou os pecados de Judá (Jr 7).
Agora, porém, Deus os tinha escondido da fúria de Jeoaquim.

Jeremias 36:26
26 antes, deu ordem o rei a Jerameel, filho de Hameleque, e a Seraías, filho de Azriel, e a Selemias, filho de Abdeel, que prendessem Baruque, o escrivão, e Jeremias, o profeta. Mas o SENHOR tinha-os escondido. (ARC).

Note que o próprio Deus o escondera momentaneamente, pois se naquele momento o rei o apanhasse, também o mataria e não era o tempo de sua morte.

Outras vezes, Deus usa pessoas para esconder outras. Obadias, homem temente a Deus e mordomo de Acabe, havia escondido 100 profetas em covas e os alimentava com pão e água (1 Re 18.3,4), pois o Rei de Israel estava furioso e deseja matar todos os profetas do Senhor.

Na Bíblia, há homens que tentaram se esconder ou fugir de Deus e há homens que foram escondidos ou fugiram por amor a Deus e a sua obra.

Exemplos negativos de homens que fugiram:

  1. Por causa do pecado, Adão e Eva “se esconderam” de Deus (Gn 3.8);
  2. Caim foi errante e fugitivo na terra por ter assassinado o seu irmão Abel (Gn 4.12-14);
  3. Por causa da desobediência à ordem de Deus, Jonas “se escondeu” de Deus no porão de uma embarcação (Jn 1.2).

Tais fugas, caracterizam o desvio dos princípios estabelecidos por Deus em sua relação com o homem. De alguma forma, o homem quebrou os mandamentos e decidiu esconder-se de Deus.

Exemplos positivos de homens que fugiram:

  1. Por tentar antecipar o plano de Deus em libertar Israel do julgo egípcio, Moisés fugiu para o deserto de Midiã e lá se escondeu (Ex 2.11-15);
  2. José fugiu da sedução da mulher de Potifar (Gn 39.7,12);
  3. Elias fugiu de Jezabel quando foi ameaçado de morte e se escondeu numa caverna (I Re 19.2,3);
  4. Davi fugiu do perseguidor Saul para poupar a sua vida e preservar a promessa de que seria rei – Se escondeu em cavernas (I Sm 19.11,12);
  5. José e Maria foram orientados pelo anjo do Senhor a fugirem para Egito a fim de que a vida do menino Jesus fosse poupada – O Egito foi o esconderijo providencial (Mt 2.13);
  6. O apóstolo Paulo foi posto em um cesto (escondido) durante a noite e descido pelo muro da cidade de Damasco, assim fugiu para preservar a sua vida (At 9.24,25).

Note que os primeiros exemplos de fuga, não houve uma causa nobre por trás das ações, enquanto que os outros exemplos, percebe-se claramente certa dignidade em fugir.

Não devemos nos esquecer que estamos sob forte proteção do Senhor. Habitamos a sombra do onipotente e estamos em seu esconderijo (Sl 91.1). Estamos refugiados nesta fortaleza intransponível (Sl 46.1). É neste lugar seguro, que Ele ministra em nosso coração as suas verdades mais singulares e nos fortalece para a sua obra.

O pecado pode fazer o homem esconder-se de Deus, mas a vontade de Deus pode nos levar a escondermos dos homens.

1.3 – Resiliência

Na bíblia ou na teologia, o termo resiliência não aparece, no entanto, o seu significado sim.

Tal palavra tem sua origem no campo de pesquisas e experiências físico/químico.
De acordo com o dicionário da língua portuguesa Priberan, resiliência é a propriedade de um corpo de recuperar a sua forma original após sofrer choque ou deformação.

Adaptando para o sentido figurado, trata-se da capacidade do homem de superar, de recuperar-se de adversidades.
Logo, diz de uma pessoa altamente resiliente, aquela que se recupera de uma tragédia, infortúnio ou catástrofe rapidamente. Ela simplesmente se refaz e continua a sua caminhada e seus objetivos não são alterados.

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O resiliente ainda é aquele que tem boa reação sob pressão, ou seja, a pressão não altera os seus valores ou características.

Jeremias 36:32
32 Tomou, pois, Jeremias outro rolo e o deu a Baruque, filho de Nerias, o escrivão, o qual escreveu nele, da boca de Jeremias, todas as palavras do livro que Jeoaquim, rei de Judá, tinha queimado; e ainda se acrescentaram a elas muitas palavras semelhantes. (ARC)

Ante a postura do rei em queimar o rolo que continham as advertências de Deus ao povo de Judá, Jeremias demonstra forte natureza resiliente, ao simplesmente ignorar aquela atitude desonrosa de Jeoaquim e se prontificar em imediatamente refazer tudo de novo.

O exercício da obra de Deus exige de seus obreiros a qualidade de resilientes.
As decepções, as frustrações, os desencantos e até desilusões neste trabalho são bastante frequentes e precisamos ser resilientes, flexíveis, resistentes e maleáveis para tudo suportar sem chegar no final da jornada amargurados ou mesmo céticos.

2 – A IMPORTÂNCIA DA COOPERAÇÃO

Considerando que cooperar significa operar simultaneamente ou coletivamente ou ainda colaborar; entendemos que Deus ao criar o homem lhe dotou da capacidade de cooperação, não somente um com os outros, mas com cooperar com o próprio Deus.

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1 Coríntios 3:9
9 Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. (ARC)

2 Coríntios 6:1
1 E nós, cooperando também com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão (ARC)

2 Coríntios 5:20
20 De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus. (ARC)

Ele permitiu por exemplo, que Adão desse nome aos animais criados (Gn 2.19, 20); Noé da mesma forma cooperou com Deus, trabalhando na construção de uma arca para navegar nas águas do dilúvio, quando Deus decidiu destruir a terra (Gn 6; 7; 8; 9); Moisés também foi cooperador de Deus no resgate do seu povo das mãos dos egípcios (Ex 3); os apóstolos foram escolhidos para dar continuidade a evangelização por meio da Igreja e tantos outros personagens que de uma forma ou outra colaboraram com Deus e seu plano nesta terra.

Israel, foi a nação escolhida pelo Senhor para estabelecer o seu nome e fazer-se conhecido entre os povos. A relação de “casamento” entre Deus (marido) e Israel (esposa), estremeceu quando deixaram ao Senhor e se envolveram com outros deuses, semelhante ao que faz uma meretriz quando trai o seu marido (Jr 2.25; 4.30). O adultério praticado por Israel culminou na separação, Deus não podia simplesmente perdoá-los… “Como vendo isso, te perdoaria?…” (Jr 5.7) sem antes puni-los pelo seu pecado de adultério espiritual.

2.1 – O sucesso de Jeremias estava na sua atitude

Gosto da frase: “A minoria com Deus é maioria”.

A correnteza social e religiosa de Judá estava contra Jeremias. De encontro a Jeremias, vinha a sua própria família desacreditando-o, os falsos profetas e sacerdotes mentindo e o repreendendo, além do próprio rei de Judá se opondo a todas as suas palavras. Muitos em situações como essa, cederia a força imposta pelos mais fortes e poderosos, exceto Jeremias.

Sua atitude diante de tal situação é digna de nota, pois ele se posicionou ao lado da verdade, da Palavra de Deus, da justiça, da fidelidade, do amor que tudo suporta.

Jeremias é o caso típico de alguém determinado a ir até as últimas consequências por amor a Deus e convicções pessoais. A sua conduta foi irredutível, mesmo sob fortes aflições.

Nossa sociedade atual tem sido cruel com a Palavra de Deus. As vezes penso que não se trata de seres humanos que solapam a mensagem do Evangelho. Ridicularizam não somente a mensagem da cruz, mas todos aqueles que creem nela. Muitos por se acharem constrangidos, cedem, dissimulam, recuam, calam-se, voltam atrás, desistem e se afastam do Senhor.
Tal atitude é covarde e demonstra frouxidão de caráter. Precisamos de homens e mulheres como Jeremias, que não se intimidam em tais circunstâncias, mas antes demonstram uma conduta firme e inabalável diante de tais afrontas, nunca perdendo de vista a verdade de que aqui, tudo é temporal, mas a Palavra do Senhor sempre subsistirá; “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” Mt 24.35.

É inteligente e sábio permanecer ao lado Daquele que é Eterno e que também possuí uma eternidade gloriosa reservada para os que mantém sua fé Nele (Jo 3.36; 4.14; I Jo 2.25).

2.2 – Deus sempre coloca pessoas para nos ajudar

É errado pensar que iremos fazer a obra do Senhor sozinhos.
O próprio Jesus, ao iniciar o seu ministério, separou 12 homens para o auxiliar (Mc 3.13-19).

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Êxodo 18:14
14 Vendo, pois, o sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao povo, disse: Que é isto que tu fazes ao povo? Por que te assentas só, e todo o povo está em pé diante de ti, desde a manhã até à tarde? (ARC)

Moisés foi aconselhado por seu sogro Jetro a separar homens capazes, tementes a Deus, verdadeiros e que aborrecessem a avareza, a fim de lhes colocar como cabeças do povo e ajudá-lo nas resoluções entre eles (Ex 18.21).
Elias, pensou que estava só na empreitada de enfrentar o rei de Israel, Acabe, no entanto, o Senhor revelou a ele que ainda haviam sete mil judeus que não havia se dobrado (I Re 19.18). Davi, teve a fiel companhia de Jônatas quando Saul o perseguia (I Sm 18.3), bem como dos seus valentes (II Sm 23.8-39). Daniel, exilado, teve a companhia de seus três amigos que o ajudou a orar e desvendar o sonho do rei (Dn 2.16-19). Paulo, sempre fazia menção de seus auxiliadores na obra do Senhor, tendo constantemente a consciência de que tal trabalho tinha a cooperação de outras pessoas e que ele sozinho não poderia realizá-lo (Rm 16).

Todos nós, no exercício da obra do Senhor, temos também a cooperação ilustre e distintiva do nosso Deus… “Eu sou a videira, vós, as varas; quem está em mim, e eu nele, este dá muito fruto, porque sem mim nada podereis fazer. João 15:5 (grifo nosso).

Jeremias, também tinha a cooperação do próprio Deus em seu ministério (Jr 1.17-19). Proibido de entrar no Templo e estar na presença do rei, Baruque é a providência auxiliadora de Deus a Jeremias.

Norman Champlin, afirma que sem dúvida, Jeremias era capaz de escrever e possuía ampla educação, mas Baruque era escriba profissional e faria um trabalho de escrita mais rápido e mais bem ordenado.
Ele ainda afirma que Baruque já havia sido empregado por Jeremias para ajudar na questão da compra de um campo. Foi ele quem preparou os documentos. Ver Jer. 32.12 e seu contexto. Portanto, Baruque era conhecido por Jeremias dentro de um contexto profissional. Todavia, é provável que Baruque fosse um discípulo do profeta. Jeremias não teria lançado mão de um homem que não estivesse espiritualmente qualificado para tão importante tarefa.

Baruque ainda se destaca por seu zelo e coragem. Este amigo, tinha extremo cuidado em registrar cada palavra ditada pelo profeta Jeremias e posteriormente demonstra bastante coragem para se apresentar aos principais no Templo e diante do rei com uma mensagem que ele sabia que já havia custado muitos prejuízos a Jeremias.

Baruque nos deixa um legado impressionante de que nossos dons e talentos devem ser aplicados na obra de Deus e na expansão do seu reino. Podemos iniciar cooperando com coisas que aparentemente não sejam importantes, executando até mesmo trabalhos de cunho burocrático e simples como certa feita mencionou o pastor Claudionor de Andrade em seu comentário do livro de Jeremias (CPAD – 2° trimestre de 2010), no entanto, é na execução das pequenas coisas que somos preparados para as grandes (Zc 4.10; Lc 16.10).

1 Coríntios 15:58
58 Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor. (ARC)

Portanto, estejamos sempre prontos para que voluntariamente possamos abundar na obra do Senhor, exercitando-nos naquilo que Deus nos concedeu e cooperando uns com os outros.

2.3 – Baruque: um amigo na alegria e na dor

O tema amizade, inspirou poetas, escritores, compositores, filósofos e todos mais. O tema é bonito e singelo, mas raro como uma pedra preciosíssima. A verdade é que uma verdadeira amizade é difícil de encontrar.

Provérbios 19:4
4 As riquezas granjeiam muitos amigos, mas ao pobre o seu próprio amigo o deixa. (ARC)

A maioria das amizades estão fundamentadas em interesses espúrios. São amizades dependentes daquilo que o outro pode dar em troca.
Salomão revela que a riqueza pode atrair muitos “amigos”, mas o estar pobre, até os “amigos” o deixará.

Confúcio escreveu um provérbio interessante: “Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade”.
https://pensador.uol.com.br/amigos/

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Muitos de nós já experimentamos o que Salomão escreveu…. Quando estávamos bem, vivíamos rodeados de pessoas que nos bajulavam e demonstravam amizade sincera, porém, a nossa ruína revelou quem genuinamente eram e então se afastaram uma a uma silenciosamente.
As adversidades selecionam nossos amigos implacavelmente. Permanecem aqueles que verdadeiramente foram e são, os demais, não passaram pelo crivo da nossa provação e se auto excluíram do hall de nossos relacionamentos.

Jeremias, havia perdido praticamente todos os seus relacionamentos por causa da sua mensagem (entende-se mensagem de Deus), no entanto, Baruque atesta que mesmo nos períodos mais sombrios que atravessamos, o Senhor preservará bons relacionamentos que serão uteis em nossa jornada, servirão como muletas amigas que nos sustentarão e serão sempre confiáveis.

Provérbios 17:17
17 Em todo o tempo ama o amigo; e na angústia nasce o irmão. (ARC)

Provérbios 18:24
24 O homem que tem muitos amigos pode congratular-se, mas há amigo mais chegado do que um irmão. (ARC)

Baruque foi a muleta de Jeremias; foi o amigo fiel nas horas mais improváveis.
Filho de Nerias, era homem pertencente a nobreza de Judá, letrado e lógico, amigo de Jeremias.

Mesmo conhecendo os riscos de permanecer ao lado de um homem que era perseguido e ameaçado de morte, Baruque não hesitou nem por um momento, mas conservou-se fiel a Jeremias e a mensagem de Deus. Tanto que o próprio, se viu envolvido nas mesmas angustias do profeta a ponto de desafogar a sua agonia a Deus em oração…

Jeremias 45:3
3 Disseste: Ai de mim agora, porque me acrescentou o SENHOR tristeza à minha dor! Estou cansado do meu gemido e não acho descanso. (ARC)

A situação é severa! Impressiona como Baruque participou dos detalhes da vida de Jeremias, culminando até mesmo no sofrimento da alma. Será que estamos mesmo preparados a sentir as dores dos nossos amigos ou colocamos determinadas barreiras, onde pode-se chegar até este limite?
Recordo-me da palavra compaixão na Bíblia e seu significado. Sua forma mais simples quer dizer: “sofrer com”. Significa ter o mesmo sentimento e sentir a mesma dor.
Jesus, ao encontrar com a viúva de Naim que saia da cidade para enterrar o seu único filho sentiu íntima compaixão (Lc 7.13), isto é, sentiu o mesmo pesar que ela, sentiu o desespero daquela mulher em seu próprio ser.

Baruque prestou nobre serviço a Deus e a Jeremias, lendo o livro (escritos proféticos de Jeremias) em duas ocasiões, sendo a primeira no átrio do Templo para uma grande multidão e depois na casa de inverno do rei para a liderança Judaica.

Bom é termos amigos, cumplices na obra do Senhor e fieis a causa que nos faz sofrer juntos.

3 – CUMPRINDO A MISSÃO EM TEMPOS DIFÍCEIS

Apesar de Jeremias em determinado momento de suas aflições ter acusado a Deus de vendedor de ilusões (Jr 20.7), o Senhor desde o princípio, sempre deixou bastante claro o quanto este homem haveria de sofrer.

Jeremias 1:17-19
17 Tu, pois, cinge os teus lombos, e levanta-te, e dize-lhes tudo quanto eu te mandar; não desanimes diante deles, porque eu farei com que não temas na sua presença.
18 Porque eis que te ponho hoje por cidade forte, e por coluna de ferro, e por muros de bronze, contra toda a terra, e contra os reis de Judá, e contra os seus príncipes, e contra os seus sacerdotes, e contra o povo da terra.
19 E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo, diz o SENHOR, para te livrar. (ARC).

Perceba que Deus colocou Jeremias como opositor (a palavra CONTRA aparece 5 vezes no versículo 18) de tudo e de todos em Judá, logo, seria natural que viesse a padecer tanto.

3.1 – Convicção da chamada de Deus

Aqueles que não foram chamados por Deus não irão muito longe e de igual modo, aqueles que não possuem convicção de sua chamada também não. Tal consciência é vital para triunfar sobre os diversos levantes que surgirão.

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Consciente de sua chamada e da mensagem dada por Deus, Jeremias adotou uma postura firme e resoluta que mais tarde viria a desagradar o seu povo. O pastor Claudionor de Andrade, afirma que Jeremias nada poderia fazer naquele momento, pois não tinha alternativas: se agradasse aos poderosos de Judá, viria a desagradar ao Todo Poderoso de Israel.

Ter certeza da chamada é de suma importância. Pastor Levy Ferreira de Souza, presidente da AD em Limeira, afirma em seu livro “E a vara de Arão floresceu” que a falta da convicção na chamada ministerial é certamente a causa de muitos companheiros largar o arado, olhar para trás, retroceder na jornada e desistir da chamada.

Se formos observar a vida de homens que foram chamados por Deus para desempenhar determinadas missões, constataremos que se não tivessem convicção de sua chamada, não teriam suportado tantas lutas.

  1. Abraão não teria suportado esperar tanto tempo pela promessa (Hb 11.8);
  2. Moisés, não teria energia suficiente para suportar um povo tão obstinado e desistiria da terra prometida (Ex 33.3);
  3. Paulo, não conseguiria suportar tantas adversidades senão tivesse convicção que fora chamado por Deus (At 9.16).

O que fizera esses homens avançarem sem recuar, foi sem dúvida alguma o ideal de suas chamadas. Eles tinham a plena certeza de que estavam no centro da vontade e determinação de Deus para as suas vidas.

Há muitos desistindo, se cansando e parando pelo caminho, pois nunca tiveram a devida segurança na chamada de Deus para as suas vidas. Nos embates que são peculiares a vida ministerial, foram mortalmente feridos e por não possuírem convicção suficiente de que fora Deus quem os vocacionou, abandonam tudo. “São mortos no bom combate, perdem a fé a saem na carreira” (trocadilho de I Tm 4.7).

Jeremias 31:16
16 Assim diz o SENHOR: Reprime a voz de choro, e as lágrimas de teus olhos, porque há galardão para o teu trabalho, diz o SENHOR; pois eles voltarão da terra do inimigo. (ARC)

Por isso, tenhamos convicção para não sermos vencidos pelos possíveis fracassos e frustrações da obra e tal qual Jeremias, concluirmos a nossa chamada por completo, crendo que o Senhor tem galardão a oferecer pelo nosso trabalho.

3.2 – Crer na Palavra de Deus

Quando tudo nos faltar, teremos a Palavra de Deus em nosso coração.

Salmos 119:105
105 Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz, para o meu caminho. (ARC)

O Salmos 119 é uma exaltação a Palavra do Senhor. Nele encontramos diversas menções onde a Palavra de Deus é posta no lugar e onde todos nós deveríamos mantê-la.

Certa feita alguém disse sobre a leitura da Bíblia: “Já li muitos livros na vida, mas esse livro me lê”.
As Escrituras é o único compêndio na história que tem como autor o próprio Deus. Seus 66 livros divididos em duas partes (Velho e Novo Testamentos), possuí o bom conteúdo que elucida o homem quanto ao caminho que conduz a Deus. Este é o único livro que não omite as falhas e fraquezas dos homens e nos apresenta como miseráveis necessitados da graça de Deus (Rm 7.24; Ap 3.17).

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Jeremias se apegou a Palavra do Senhor desde cedo, quando encontraram o livro de Deuteronômio e então fez desta literatura o seu livro de cabeceira.
Ele fez dela a sua regra de conduta, ela moldou o seu caráter e ele nunca desacreditou de sua veracidade, pois Jeremias tinha certeza absoluta que a Palavra de Deus era a única verdade (Jo 17.17).

Jeremias cria na Palavra do Senhor e por isso a pregava sem intervalos. Tal mensagem estava entremeada a sua própria vida e espírito (Jr 2.1).

A Bíblia aberta até pode ser considerada por muitos um livro qualquer (particularmente não penso assim), mas quando passamos a meditar e crer naquilo que nela está escrito, passamos a ter vida em Deus (Js 1.8; Sl 119.11; Pv 30.5; Mt 4.4; Jo 15.3; Hb 4,12)

João 6:63
63 O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida. (ARC)

1 Tessalonicenses 2:13
13 Pelo que também damos, sem cessar, graças a Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade) como palavra de Deus, a qual também opera em vós, os que crestes. (ARC)

3.3 – Perseverança

Praticamente tudo que decidimos executar, exigirá de nós perseverança.

Orlando Boyer nos dá um breve resumo do que significa perseverar: Firmeza, constância na fé e nas virtudes; persistir, conservar-se firme e constante.

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Ante a tantas provocações, fracassos, frustrações, perseguições e sofrimentos, Jeremias nunca deixou, ainda que momentaneamente, de anunciar a Palavra de Deus. Nenhum tipo de dor ou angustia que tanto o seu corpo físico e a sua alma padeceram foram capazes de parar aquele profeta. Isso indica que Jeremias possuía uma vida altamente perseverante.

Muitos fazem pouco e ao notarem que não houve progresso, desistem e deixam um vácuo na obra de Deus. Outros estão orando e buscando a face do Senhor em favor de alguém, ou benção que necessitam, mas ao perceber a delonga na resposta ou mesmo no receber, abandonam a oração e sucumbem a derrota.

Tiago 1:2-4
2 Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações,
3 sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança.
4 Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes. (RA)

Hernandes Dias Lopes em seu comentário da carta de Tiago, diz que a perseverança visa nos levar à maturidade. Paulo diz em Romanos 5.3-5 que as tribulações são pedagógicas, levam-nos à maturidade. A palavra “hupomone” significa paciência com as circunstâncias, ou seja, coragem e perseverança em face do sofrimento e das dificuldades.
Os crentes imaturos são sempre impacientes. A impaciência pode acarretar graves consequências: Abraão coabitou com Agar, Moisés matou o egípcio, Sansão contou seu segredo para Dalila e Pedro quase matou Malco. Maturidade não se alcança apenas lendo um livro, é preciso passar pelas provas!

CONCLUSÃO

A igreja do Senhor Jesus Cristo hoje, cambaleia presa as cordas de um ringue. Não que ela sofrerá uma derrota, pois existe uma promessa de triunfo concedida a ela a medida que atravessa a história (Mt 16.18), no entanto, não podemos negar que ela vive dias sombrios, tais como Judá que também era povo de Deus no passado, viviam.

Mais do que nunca, urge neste tempo que homens e mulheres, revestidos do poder e da graça do alto, se posicionem firmes contra essa avalanche de heresias, modismos, costumes, filosofias gnósticas, hipnose e até a volta do judaísmo que estão inundando nossas igrejas, púlpitos e seminários teológicos.

2 Coríntios 13:8
Porque nada podemos contra a verdade, senão em favor da própria verdade (RA)

O verdadeiro servo do Senhor tem um lado definido e não é político ou aquele que tem maior domínio ou influência, o lado é o da verdade revelada de Deus.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Bíblia Eletrônica Olive Tree – Versão Revista e Corrigida / Revista e Atualizada;
Dicionário da língua portuguesa;
Corra com os cavalos – Eugene Peterson – Editora Ultimato;
Tesouro de Conhecimentos Bíblicos – Emílio Conde – CPAD;
Comentário VT – Jeremias – Norman Champlin – Editora Hagnos;
Revista EBD – 2º Trimestre 2010 – Lição 11 – Claudionor de Andrade – CPAD;
Pequena Enciclopédia Bíblica – Orlando S. Boyer – Editora Vida;
Comentário Expositivo Hagnos – Tiago – Hernandes Dias Lopes – Editora Hagnos;
Site da internet mencionado quando citado no texto;

Por: Irmão Cláudio Roberto

Postado por ebd-comentada


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